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11 de jan. de 2008

Descartes: o método cartesiano


“Conhecer é perfeição maior do que duvidar”. René Descartes

O Filósofo francês René Descartes (1596-1650), considerado “Pai do Racionalismo”, empreendeu significativa revolução na epistemologia que, nada mais é que o conjunto de conhecimentos que têm por objeto o conhecimento científico, visando a explicar os seus condicionamentos, sistematizar suas relações, esclarecer os seus vínculos, e avaliar os seus resultados e aplicações. A Filosofia busca o “discurso universal”, abandona o reino da doxa (opinião) para chegar ao lógos (razão), pois o discurso racional é próprio da Filosofia.

Alguns conceitos são relevantes nesta nossa empreitada: o processo dedutivo, estudado por Aristóteles na Antigüidade, foi retomado por Descartes e pelo racionalistas do século XVII como a única fonte de conhecimento segura. O processo cognitivo dedutivo consiste em, partindo de premissas ou postulados iniciais, chegar a conclusões lógicas verdadeiras. Obviamente, para que a conclusão seja verdadeira, é obrigatório que as premissas sejam válidas.

Nos primórdios da revolução científica, a necessidade de formular um método geral de pensamento científico foi arduamente perseguida, pois era necessário explicar a natureza da inteligência e da criatividade. Estamos nos referindo a ambiciosa empreitada de especificar com exatidão as etapas necessárias para se chegar a um método cognitivo correto.

Descartes debruçou-se sobre a questão de elaborar um “método científico” de pesquisa que garantisse a legitimidade dos resultados, pois Método refere-se a um conjunto de regras capazes de evitar erros e garantir a validade dos resultados. Erigir as bases da epistemé: eis a hercúlea tarefa de Descartes!

Dentre as principais obras de Descartes destacamos: “Meditações Metafísicas” e o “Discurso sobre o Método”, que visa a bem conduzir a própria razão e buscar a verdade das ciências. Os quatro preceitos do Método empreendido por Descartes são: 1º) Clareza e distinção (“nunca aceitar algo como verdadeiro que eu não conhecesse claramente como tal; ou seja, de evitar cuidadosamente a pressa e a prevenção, e de nada fazer constar de meus juízos que não se apresentasse tão clara e distintamente a meu espírito que eu não tivesse motivo algum para duvidar dele”; 2º) Análise (“repartir cada uma das dificuldades que eu analisasse em tantas parcelas quantas fossem possíveis e necessárias a fim de melhor solucioná-las”, chegando aos elementos mais simples); 3º) Ordem (“o de conduzir por ordem meus pensamentos, iniciando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para elevar-me, pouco a pouco, como galgando degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e presumindo até mesmo uma ordem entre os que não precedem naturalmente uns aos outros”. Defende a dedução como forma de ampliar o saber, do mais simples ao mais composto) e 4º) Enumeração (“efetuar em toda parte relações metódicas tão completas e revisões tão gerais nas quais eu tivesse a certeza de nada omitir”. Para que todos os elementos sejam considerados e para verificar se a visão total está de acordo como as regras que foram aplicadas).

Os pressupostos de Descartes revelam-se em sua célebre frase: cogito, ergo sum, penso (duvido), logo existo, sintetiza sua brilhante conclusão de que o pensamento é uma realidade em si mesmo, uma substância, distinta e diferente da matéria. Há duas substâncias finitas (res cogitas e res extensa) e uma finita (Deus). Substância (res) adquiriu um conceito fundamental no século XVII: de natureza simples, absoluta, concreta (realidade intelectual) e completa. Somos portanto uma substância (res) pensante (cogito) e também uma substância (res) que possui corpo, matéria (extensa).

Este dualismo cartesiano evidencia que cada indivíduo reconhece a própria existência enquanto sujeito pensante: nossa essência é a razão, o ser humano é racional. O cogito é a consciência de que sou capaz de produzir pensamentos, é um meio pragmático de dar início ao conhecimento. Estamos afirmando, portanto, uma verdade existencial. Há uma coincidência entre meu pensamento e minha existência. Existencial (cogito) é intelectual, para pensar é preciso Ser. A certeza da minha incerteza é infinitamente superior à certeza da matemática. As idéias matemáticas possuem referências necessárias a conteúdos (formas), já o cogito é capaz de fazer abstração de todo conteúdo.

O primeiro conceito de Descartes, portanto, denomina-se “dualismo cartesiano”, admitindo a existência de duas realidade: alma (res cogitans) e corpo (res extensa). A independência entre alma e corpo conduzirá a uma nova separação: sujeito e objeto. O segundo conceito de Descartes refere-se ao “idealismo”: o conhecimento é possível à partir das idéias: sujeito => idéia (representação mental na presença ou não do) => objeto.

Voltando ao método, a lição mais preciosa de Descartes é a de começar duvidando absolutamente de tudo, a não confiar nos sentidos e exemplifica como eles podem nos enganar. Quantas vezes, acordamos espantados por termos sonhado e este sonho nos ter parecido tão real? Ao observamos um galho submergido n'água, nossos olhos vêem que ele fica torto após tocar a água, mas sabemos que isso é uma ilusão: o galho permanece reto, mas nossos olhos nos dizem que não.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muitíssimo bom o seu texto falando sobre rene descartes, mais o que eu queria saber e a sua representação cartesiana...
bjoss,

Hanna

Anônimo disse...

Texto bem interesante sobre o método cartesiano de Descartes.

Elielza Silva

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Eis que a Sabedoria reina, mas não governa, por isso, quem pensa (no todo) precisa voltar para a caverna, alertar aos amigos. Nós vamos achar que estais louco, mas sabes que cegos estamos nós, prisioneiros acorrentados à escuridão da caverna.

Abordo "O mito da caverna", de Platão - Livro VII da República.

Eis o télos (do grego: propósito, objetivo) da Filosofia e do filósofo. Agir na cidade. Ação política. Phrônesis na Pólis.

Curso de Mitologia Grega

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As exposições mitológicas explicitam arquétipos (do grego, arché + typein = princípio que serve de modelo) atemporais e universais.

Desse modo, ao antropomorficizarem os deuses, ou seja, dar-lhes características genuinamente humanas, os antigos revelaram os princípios (arché) de sentimentos e conflitos que são inerentes a todo e qualquer mortal.

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O simples fato de conhecermos e atentarmos para as potências (dýnamis) envolvidas na fomentação desses sentimentos, torna-nos mais aptos a deliberar e poder tomar a decisão mais sensata (virtude da prudencia aristotélica) a fim de conduzir nossas vidas, tanto em nossos relacionamentos pessoais como indivíduos, quanto profissionais e sociais, coletivos.

AGIMOS COM MUITO MAIS PRUDÊNCIA E SABEDORIA.

E era justamente isso que os sábios buscavam ensinar, a harmonia para que os seres humanos pudessem se orientar em suas escolhas no mundo, visando atingir a ordem presente nos ideais platônicos de Beleza, Bondade e Justiça.

Estou certa de que a disseminação de conhecimentos tão construtivos contribuirá para a felicidade (eudaimonia) dos amigos, leitores e ouvintes.

Não há dúvida quanto a responsabilidade do Estado, das empresas, de seus dirigentes, bem como da mídia e de cada um de nós, no papel educativo de nosso semelhante.

Ao investir em educação, aprimoramos nossa cultura, contribuimos significativamente para que nossa sociedade se torne mais justa, bondosa e bela. Numa palavra: MAIS HUMANA.

Bem-vindos ao Olimpo amigos!

Escolha: Senhor ou Escravo das Vontades.

A Justiça na Grécia Antiga

A Justiça na Grécia Antiga

Transição do matriarcado para o patriarcado

A Justiça nos primórdios do pensamento ocidental - Grécia Antiga (Arcaica, Clássica e Helenística).

Nessa imagem de Bouguereau, Orestes (Membro da amaldiçoada Família dos Atridas: Tântalo, Pélops, Agamêmnon, Menelau, Clitemnestra, Ifigênia, Helena etc) é perseguido pelas Erínias: Vingança que nasce do sangue dos órgãos genitais de Ouranós (Céu) ceifado por Chronos (o Tempo) a pedido de Gaia (a Terra).

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Versa sobre as origens de Thêmis (A Justiça Divina), Diké (A Justiça dos Homens), Zeus (Ordenador do Cosmos), Métis (Deusa da presciência), Palas Athena (Deusa da Sabedoria e Justiça), Niké (Vitória), Erínias (Vingança), Éris (Discórdia) e outras divindades ligadas a JUSTIÇA.

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