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luciene felix lamy EM ATO!

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24 de fev. de 2020

CRÍTICA FILME PARASITA - disparidade de moradias

Clicando sobre as imagens, elas ampliam.

Sem dúvida, PARASITA, o filme vencedor do Oscar 2020, dirigido pelo sul coreano Bong Joon-Ho, suscita inúmeros olhares, permitindo alguns recortes interessantes.

Há muitas críticas inteligentes referentes a película, sobretudo no que diz respeito a parte, digamos que, mais técnica: roteiro, direção, fotografia, elenco, etc.


Na presente análise, ponderamos o quanto o ambiente (espaço físico) das moradias influencia na psique, pois a discrepância das casas das duas famílias retratadas no filme é um dos vieses que mais chama a atenção.

Sábio, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche afirmou que para viver bem é preciso saber escolher onde morar, o que comer e com quem se relacionar. Sem dúvida, morar bem é fundamental, mas há quem não tenha opção de escolha.


Desde os primórdios, ainda no tempo das cavernas, após cumprir a função de garantir segurança e privacidade, a moradia evoluiu e se aprimorou cada vez mais, passando a proporcionar conforto e demarcar status social, balizado, sobretudo por localização, metragem, projeto arquitetônico e materiais de acabamento.


A residência talvez seja o mais explícito símbolo de posição numa estratificação social. E, se o que classificamos como sendo moradia de uma classe baixa é passível de divergência, o conceito de como é a habitação de pessoas de alto poder aquisitivo - independente do lugar no mundo - não deixa margem para muitas dúvidas.


Por nos trazer dois exemplos extremos – em termos socioeconômicos –, em PARASITA, a questão da moradia salta aos olhos. Aliás, diríamos que, mais que mero “pano de fundo”, ambas moradias são também protagonistas da trama.

Àquilo que o florentino Nicolau Maquiavel, considerado “Pai” da ciência política moderna, ponderou como sendo a Fortuna, quando evidenciada pelo CEP, não é – graças à Virtù – necessariamente, destino. Ainda mais se atentarmos ao democrático papel da Internet no mundo contemporâneo.


Astúcia e acesso à Internet. Em PARASITA, vemos como os membros da família desfavorecida utiliza desses expedientes – de forma nem sempre ética – para ascender socialmente. 

Graças ao Wi-Fi roubado, aprende-se a dobrar caixas de pizzas, arteterapia, falsificar certificados, mecanismo de direção de um carro Mercedes, etc.

Mas não é sobre a licitude ou não desses atos que versamos, em nosso horizonte está a questão da disparidade das moradias de ambas famílias, algo que, infelizmente, testemunhamos haver em praticamente todo o mundo.

Para compreender que essa diferença é antiga e, infelizmente, eterna, convido o leitor a apreciar o artigo que redigi sobre a teoria tríplice da Alma, onde Platão esclarece AQUI de forma absolutamente clara, lógica, coerente e lúcida porque é uma utopia almejar que sejamos todos iguais. Não, não somos. Jamais seremos. Mas talvez haja algo a ser feito. Prossigamos.

Atentemos ao fato de que, basicamente, o que caracteriza recursos (riqueza/poros) é o ter. Já a pobreza é a falta (penia, daí penúria). Como nos ensina Platão, n’ “O Banquete”, Eros, é fruto de ambos (poros e penia), une, amalgamando àquele que dispõe ao qual falta.


PARASITA expõe o modus vivendi, e, consequentemente, modus operandis evidenciando a relação de interdependência que há entre abastados e desafortunados, o que nos lembra o papel de Eros: um elo a unir o que têm ao qual falta.


Há todo um portentoso extrato social sem acesso à educação que se beneficia da aversão e/ou inépcia dos abastados aos serviços braçais, domésticos.

Esta é uma realidade evidente, sobretudo em países subdesenvolvidos e/ou em desenvolvimento como o nosso Brasil, onde os investimentos governamentais em educação são perfidamente negligenciados.


Em termos de moradia, o rico dispõe de segurança, privacidade, luz, espaço, beleza, ordem, limpeza e conforto. Já ao pobre, falta tudo isso e mais um pouco.

O quanto e até que ponto, o “TER” influência o que somos, o famoso “SER”?

Há uma cena no filme que deixa entrever a resposta, quando o pai da família pobre afirma: “Eles são ricos, mas são legais”, ao que a mulher corrige: “São legais porque são ricos”.

Trata-se de um círculo vicioso, que se retroalimenta. Esse mecanismo pode ser observado também na esfera da miséria, onde paira a angustiante atmosfera de limitações que, coroada pela imundice, eventualmente contribui para a eclosão da impaciência ou até mesmo da violência, além de ser porta larga para saídas ditas mais “fáceis”.


Enquanto que a moradia da família abastada é arquitetonicamente planejada, numa edificação que prioriza a luz, a amplitude dos espaços e o minimalismo, a moradia da família pobre é improvisada, escura, suja e com notório acúmulo de objetos.


Transitar em meio à beleza, a ordem e o frescor, influencia nossas emoções. Seja na casa, seja no corpo, todos nós nos sentimos muito melhor asseados e perfumados. Aliás, a questão do aroma também é basilar em PARASITA.

Causa um profundo (e, às vezes, indizível) mal-estar na psique viver inserido no caos, pois a desordem exterior suscita e também promove certa desordem interior.

Diferente da riqueza, quase sempre clean, iluminada e asséptica, a pobreza convive com indesejáveis insetos, maus odores, tralhas, enfim, inutilidades.


Cabe ressaltar que, ao menos em PARASITA, a união familiar é algo que salta aos olhos em ambas famílias, talvez até mais naquela desfavorecida. Ali são, um por todos e todos por um. 

Não há riqueza maior que contar com o esteio dessa coesão consanguínea. A cumplicidade que permeia toda a família é notória, convivem na pobreza, de ordem material, não de afeto.

Os ricos de hoje diferem dos de outrora (vide a época vitoriana), quando o minimalismo não era a diretriz, algo a se almejar.

Representando a atualidade, oportuna e apropriadamente, o chefe da casa da família abastada trabalha em área tecnológica. A nova elite é vanguardista e seu habitat explicita isso.

Em PARASITA, a mobília (exceto talvez, pelos quartos dos filhos) é composta do mínimo necessário, em contraponto à moradia dos desfavorecidos, visivelmente acumuladores, incluindo os fracassos em suas empreitadas profissionais.


Observamos também que, folgados e espaçosos, quando os pobres têm uma oportunidade de desfrutar do ambiente e das iguarias dos ricos, são bagunceiros, trazendo a anarquia já impressa na alma. E relutam a reconhecer e ajudar seus homóis (iguais).

A contemplação da beleza presente na natureza, como um jardim, são elementos concretos que nos envolvem numa aura benfazeja, impactando beneficamente a nossa vida como um todo.

Embora saibamos que residir numa ampla mansão minimalista não é condição sine-qua-non nem passaporte para a felicidade, é inegável que lutar para morar com dignidade deve ser um ideal almejado, e, claro, alcançado por todos nós.

Como no frontispício do deus grego da saúde e da harmonia, Apolo, no templo de Delfos, aqui também vale o “Nada em excesso”

A justa medida, o métron grego revela-se viável, algo a nos pautar.

Nem 8 nem 80: entre a exuberante residência dos Park e a humilhante moradia da família Kim, entre o preto e o branco, há toda uma gama de nuances perfeitamente dignas, aconchegantes e habitáveis. 

Como a nossa casa, por exemplo, de onde podemos planejar ações que exijam dos políticos - ELEITOS POR NÓS! -, que atentem ao bom uso dos recursos que entregamos sob suas responsabilidades, minimizando tais disparidades. 


Os inteligentes jovens acima merecem isso, todo nosso respeito, atenção e empenho.

Luciene Felix Lamy
Whats (13) 98137-5711




AQUI, o ANTES e o DEPOIS de uma moradia de uma família em Guaianases (Zona Leste de SP) que encontrei através do Facebook.

Abaixo, o prestimoso trabalho de Luciana e Siomara, duas amigas que se dedicam a organizar e deixar sua casa impecável. 



24 de set. de 2019

ABOUT o envelhecer...

Julie Andrews (1935) interpretando a deusa Tétis, mãe do herói Aquiles, no filme Tróia. 
CLIQUE SOBRE A IMAGEM PARA LER MELHOR.


Minha área é Filosofia que, em seus primórdios, entrelaça-se com a mitologia grega.

Quando me debrucei sobre “O Banquete (sobre o Amor)”, de Platão (AQUI), ressaltei: “não é um só”, objeta Pausânias (um dos convidados) que, cingindo a unidade do Amor, subdivide-o (não os excluindo) e hierarquiza-os imediatamente (sim, o lógos hierarquiza!):

Afrodite não é só uma, há a mais velha, Urânia (Celestial) e a Pandêmia (pan = todos e demos = povos). Nesta última [os homens], amam mais o corpo que a alma.

Inevitavelmente, a mais poderosa divindade, Afrodite Pandêmia (a popular, a vulgar) é vencida pelo tempo (Chronos/Saturno), seu temido, invencível e fiel inimigo, obviamente, perde seu poder: 

“Com efeito, ao mesmo tempo em que cessa o viço do corpo, que era o que ele amava “alça ele o seu voo” (aqui é Platão citando o aedo/poeta Homero), sem respeito a muitas palavras e promessas feitas.

Bom é o amante do caráter, que é constante por toda a vida, porque se fundiu com o que é constante”.

Pausânias revela, então, duas formas da deusa do amor e da beleza: Afrodite Urânia, associada ao eterno, imortal e Afrodite Pandêmia ao transitório, mortal

Ambas são necessárias, embora sucumbir, dando ênfase à Pandêmia (corpórea, sensível, carnal), desvirtue a pólis (cidade).

Essa Paidéia (pedagogia) tinha no horizonte o desencadeamento da mais famosas das guerras, a de Tróia.

Postulando sobre a questão da velhice, especificamente no que tange às Afrodites na faixa dos 50+ (outrora mais pandêmias, hoje, infelizmente, nem sempre Urânias) a abrangência que essa questão suscita é vasta, pois há o viés filosófico, mitológico, biológico, psíquico (psicanalítico), econômico, cultural, estético, literário, antropológico, midiático, etc. Eis aqui, nosso breve recorte.

Mas, antes, uma piada:


Como não envelhecer? Esquece, pede outra coisa. Aceita que dói menos. Bem, na verdade vai doer de qualquer forma.

Envelhecer é vislumbrar o crepúsculo, é ir despedindo-se da vida. Daí o medo, a paúra em testemunhar a decrepitude do corpo. Mas nosso “canto do cisne”, único, pessoal, intransferível pode ser belíssimo!

Das sujeitas à alteração de Chronos (o deus do Tempo, na mitologia grega; Saturno, na romana), ou seja, TODAS NÓS, MORTAIS, a perda de PODER (cujo objeto simbólico é o “falo”) é causa das maiores angústias.

Psicanaliticamente falando, mulher no lugar da “falta” e homem no lugar da “potência” (dynamis).

Não é de hoje que o prêmio (poder) se dá através do homem (força, afirmação, virilidade), e o processo de envelhecimento exige um realocamento dessa fonte de poder

Atentar a esse mecanismo liberta de nos sentirmos reféns do índice de desejabilidade, nos elevando a outro patamar, ao não menos poderoso terreno da serenidade e da suprema sabedoria: ao de Afrodite Urânia.

Inegavelmente, somos todos escravos da beleza, tanto que, à revelia, o belo atrai, o belo catalisa, é magnético, é quem “manda” em nosso olhar. 

Seja o belo concreto de uma mulher, um cavalo ou uma panela (lembrando Sócrates) e/ou o belo de um ideal (que por métexis, participam a mulher, o cavalo e a panela), o belo de um sentimento ou de uma atitude.

O belo, sobretudo a beleza da juventude, traz em seu bojo, além da “promessa de felicidade” proustiana, o claro indício da capacidade natural (e sobrenatural!) de criar novas vidas, portanto, é notório o poder oriundo da potencial fertilidade feminina. Utilitaristas que somos, o que não gera é inerte.

No entanto, voltando ao Banquete, recordemos as palavras da sábia sacerdotisa Diotima da Mantinéia: há geração nos corpos e geração nas almas!

São diversos os arquétipos (comandos principiais que servem de modelo) primordiais: a Terra (Gaia), a Grande Mãe, a Sábia, a Desbravadora, a Sedutora, a Guardiã do fogo sagrado, etc.

O empoderamento feminino, seja por conta da beleza, da astúcia (ou de ambos) é antigo: Eva, Nefertiti, Helena, Cleópatra, as bíblicas Maria Madalena, Judite e Salomé, as estadistas Golda Meir, Margareth Thatcher e Ângela Merkel, além das mitológicas Afrodite (Vênus), Athena (Minerva) e Hera (Juno), soberana do Olimpo.

Enquanto viventes, estamos atreladas ao nosso corpo, mortal, sujeito à corrupção de Chronos (o Tempo devora tudo o que cria) e ele, o corpo, é também condição “sine qua non” para que nos manifestemos.

É dos argumentos a favor da aceitação (que pode ou não ser precedida por negação, raiva e barganha) dos efeitos da decrepitude neste corpo que ponderamos.

Pois bem, considerando que este corpo é veículo perecível e que após meio século de vida (tenho no horizonte a expectativa de vida em torno de 80 anos) os sinais de Geres (a velhice) vão se intensificando e se impondo, cabe a nós, fazendo uso da “ratio” (razão), ponderarmos sobre a ressignificação que a manifestação deste corpo – no tempo, no espaço – requer, que pode vir a ter.

Sim, analógicas e digitais, além de vivenciarmos o que foi "cair a ficha" nos orelhões das esquinas da vida, temos Instagram, um armário abarrotado, além dessas décadas "extra"! 

Talvez ainda não estejamos sabendo lidar muito bem com isso. "Nada em excesso", roga o frontispício do Oráculo do deus Apolo, em Delfos.

É mais comum uma jovem de trinta anos achar-se “velha” (coisas do 1º Regresso de Saturno) que uma senhora de 50+ aceitar interditos à sua faixa etária.


Ageless é o nome da nova onda que, se não estiver sob o escrutínio do bom senso revelará algo de forçosamente hipócrita ou fake.

Convém discernimento para separar o joio do trigo: ageless é grande conquista para o emprego de todo esse gás (Nietzsche denominou de “vontade de potência”) que ainda dispomos, para adotarmos o confortável (jamais desleixado) estilo normcore (código de vestir “normal”), atentar ao mindfulness e se reinventar desbravando novos mundos, na medida do possível.

Como todo e qualquer pharmakón, ageless é um bom paliativo (bora dropar essa onda!), uma vez que Thánatos não tem cura.

No mundo pós-moderno, nossas ações não se resumem mais às questões de cunho moral binário, no sentido “certo X errado”, mas de sentir se aquilo que Homero denominou os “phrenas” manifesta-se ou não em nosso íntimo; é um mundo favorável a nos tornarmos “patetikós”.

Sim, já vivenciamos o ápice do vigor de nossa juventude, de nossos vinte, trinta anos!

Corremos, focamos, nos dedicamos e cumprimos inúmeras tarefas, trabalhamos muito. Vivenciamos anseios, dúvidas, angústias, enfrentamos desafios, superamos provações.

Carregamos a árdua e imperativa tarefa de escolher – com mais ou menos liberdade – nosso destino em várias esferas da vida: do ponto de vista profissional e também amoroso, afetivo. Provavelmente até mais de uma vez.

Optamos por gerar ou não nossos filhos. Por cultivar ou não afetos, por priorizar ou não galgar elevadas posições, obter destaque na sociedade. 

Isso às quais coube tal escolha, pois sabemos que, infelizmente, a muitas mulheres a natureza biológica ou a limitação socioeconômica vetou tais liberdades.

Para nós, na faixa 50+, talvez as duas últimas décadas talvez tenham sido mesmo as de maior empenho de nossa parte pelo “Outro”, quando estivemos absortas, fazendo o que podíamos por nossa carreira e pela família, tanto a que originamos quanto àquela que nos originou.

Foram muitos os encontros e desencontros, todos edificando nosso caráter, nos jantares, nas festinhas, batizados, aniversários e ceias natalinas. Ah, os afetos alinhavados enquanto estávamos entretidas na criação de nossa prole. “Velhos tempos; belos dias! ”.

E fizemos! Meu Deus, como fizemos!

Mas eis que chega esse momento de reavaliação das principais ações, que nos ocupou e preocupou por décadas, essa faixa, a dos 50+ na qual nos flagramos prostradas diante de nós mesmas, inquirindo perplexas:

“Então, fiz, agi como conforme meu meio social, minha época, a cultura e os valores vigentes pautavam. Mas.... É só isso? Agora é afogar no mar do vazio, da opacidade, da ausência de desejos e, pior, coroando todas essas angustiantes indagações, velar a decrepitude do corpo, resignar-me? ”.

Toda essa avalanche de questionamentos (o que elenquei acima foi somente um exemplo dos que podem vir a surgir), acompanhados da sensação de inutilidade, é fruto do que realmente?

De não determos mais o poder de gerar?

Mas já geramos. Ou optamos por não gerar, antes mesmo que o aplicativo do interdito biológico (menopausa) se instalasse.

Da expectativa de levarmos a cabo (e bem) a tarefa de educar, preparando a prole para a vida?

Mas já os encaminhamos!

De não saber o que mais fazer? Ah, desejante homo-faber!

Bem, de praxe, equiparamos o Ser ao fazer. “O que você faz? ” Culturalmente é com a resposta a esta pergunta que definimos a nós mesmas e aos demais.

E sequer havia necessidade de algo reconhecidamente brilhante ou extraordinário para uma resposta legitimamente satisfatória, que nos definisse, bastava um simples “cuido da casa; zelo pela família, os filhos, o marido, o lar. ”

Há algo mais distinto e moralmente positivo do que responder assim, com toda honra e toda glória?

Eis que a guardiã do fogo dos antepassados, do lar, a deusa Héstia (Vesta, para os romanos) nos empodera, meninas!

Claro, muitas de nós conquistaram um papel de inegável destaque no seio social: Mãe de Família! Há título mais respeitoso?

Tão virtuoso que eclipsa até o de uma cientista que se dedique à cura do câncer, por exemplo. Para cada dez mães de família, uma cientista bastaria. O contrário, talvez não.

Porque, vamos combinar de falar a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade, por conta do que o Pai da Psicanálise, Sigmund Freud denominou “desamparo estrutural”, a maternidade – apropriadamente – reivindica para si a maior glória do mundo. Sem [boas] Mães não há sequer seres humanos. Ponto.

No entanto, contudo, todavia, à medida em que o Tempo passa (Oh, Chronos impiedoso!), a capacidade (leia-se PODER) de gerar se extingue, os filhos gerados crescem, saem de casa, vão eles próprios buscar seus caminhos e, vem a angústia, a síndrome do “ninho vazio” (no vídeo abaixo o psicanalista Paulo Gaudêncio chama de "síndrome das mães desempregadas").

Também pode haver a cama vazia, o bolso vazio e, talvez, ainda mais danoso: a cabeça vazia.

Amor. Desejo. Voltemos ao início, à deusa da beleza e do amor, Afrodite (Vênus), a potestade com a qual iniciamos essa prosa.

Amar/desejar SEMPRE dá um sentido para a vida, um propósito para o viver.

Amar a si mesma. Amar aos filhos. Amar o que se faz. Quanto aos demais, compreender talvez já seja o suficiente.

Pois bem, compreender aos pais, aos irmãos, aos amigos, àqueles que – à revelia ou não – o acaso colocou em nosso caminho.

O filósofo grego pré-socrático Heráclito de Éfesos dizia: “O tempo é criança brincando, de criança o reinado.”. Entreter! Entretemo-nos e enriqueçamo-nos com as mundanidades que agradam aos nossos olhos, que edificam e enobrecem a nossa alma!

Temos Dante, Victor Hugo, Dostoievski, Shakespeare, Guimarães Rosa e Machado de Assis (temos as séries no NetFlix!); temos a beleza das flores e da decoração dos ambientes, os bons odores, as artes, as viagens, as amizades, a solidariedade, o curso de idioma, de danças de salão, as atividades tão prosaicas, cotidianas e por isso mesmo, tão salutares; as sofisticações gastronômicas, os carteados semanais, a caminhadinha diária.

Temos toda uma desfavorecida e, portanto, necessitada humanidade à nossa volta para olhar e fazer, homo faber!

Mas tal qual a birrenta imatura que se recusa a passar o bastão, o cedro, ansiando por uma irrealizável imortalidade, não nos enxergamos em todas as dimensões, pomos em relevo as rugas, a flacidez e o prateado dos cabelos. Nós mesmas nos limitamos a isso, míopes à grandiosidade do Cosmos, à Afrodite Urânia em nós.


É tão feio assim, envelhecer? Contemple a enfermeira polonesa Irena Sendler (imagem acima) e veja o quão bela – no corpo e na alma! – uma mulher bondosa e sábia pode ser.

Como boa e prática chronida que sou (Capricórnio), francamente, rebelar-se contra o invencível Chronos é pura perda de (e para o) tempo. Mire lá em cima, no alto, a plateia agora é outra, capisce?

Desfrutar profunda e serenamente o crepúsculo que já se avizinha, usufruir destas preciosas últimas décadas de vida (Oh, dádiva!) com lucidez, gratidão e sobretudo com ALTIVEZ é, sim, uma belíssima saída possível.

Saída. Foi o que escrevi, pois sairemos. Que seja de forma digna e honrada, como convém aos sábios. 


luciene felix lamy
Whats (13) 98137-5711




Acima, esclarecendo sobre "Afrodite Urânia e Pandêmia", do renascentista veneziano Tiziano Vecellio, na Galleria Borghese, em Roma. TURMAS ANUAIS, http://cursodemitologiaemroma.blogspot.com/


No vídeo abaixo, minha singela homenagem à Sabia que tive a honra de conhecer: a psicanalista Anna Verônica Mautner (1935-2019). Confira mais vídeos dela no YouTube. 





1 de nov. de 2018

Sêneca - Da tranquilidade da Alma (Parte II)


“Eu não imaginava que isto me aconteceria! E porque não? Onde está, pois, a riqueza, que a miséria não pode alcançar? Onde está a onipotência, que não é ameaçada pela destruição? ” Sêneca

Prosseguindo com Sêneca em seus conselhos ao amigo Aneu Sereno, eis que o sábio pondera sobre os inesperados revezes da vida: “Eis que tombaste em qualquer situação difícil, sem que hajas feito nada para isso (...). Lembra-te de que encontrarás – em qualquer situação –  divertimentos, descansos e prazeres, SE te esforçares para julgar teus males leves, antes de considerá-los intoleráveis. Vê-se claramente que o filósofo põe em relevo uma postura que convém aos de bom senso, a de cultivar o otimismo.

É inegável que estamos todos ligados à Fortuna (boa ou má): “As honras prendem este, a riqueza aquele outro; este leva o peso de sua nobreza, aquele o de sua obscuridade, enfim, toda a vida é uma escravidão. É preciso, pois, acostumar-se à sua condição, queixando-se o menos possível e não deixando escapar nenhuma das vantagens que ela [a boa Fortuna] possa oferecer. ” E conclui que nenhum destino é tão insuportável que uma alma razoável não encontre nenhuma coisa para consolo.

Para vencer os obstáculos, diz ele, apela à razão! Renunciando ao que é impossível ou difícil demais para realizar, apeguemo-nos ao que, estando mais próximo, anima nossa esperança.

Não invejemos as situações elevadas, despojemo-nos do orgulho natural. Nada nos preservará melhor das inquietudes do que fixarmos sempre um limite para nossas ambições. Somos nossos grilhões, sem dúvida.

Segundo Sêneca, o sábio possui uma fé em si mesmo tão grande que não hesita em se dirigir ao encontro da Fortuna. Porque é sua pessoa que conta no número dos bens revogáveis, visto que ele vive com a ideia de que seu ser lhe é somente emprestado e está pronto para devolvê-lo de boa vontade.

Diante da morte iminente, em vez de voltar-se contra o destino, dirá: “Dou-te graças pelos bens que colocaste e deixaste em meu poder (...) como tu ordenas, devolvo, restituo tudo”.

Que a natureza, que é nossa primeira credora, nos reclame sua dívida; a ela também diremos: “Retoma esta alma, melhor do que ma deste. Retornar para o lugar de onde se vem: que há de cruel nisto? Quem não souber morrer bem terá vivido mal. ”

Doença, desemprego, falência, tragédia, nada disto é inesperado, sabemos do caos que a natureza condena a viver. Por que nos admirar pelos perigos que jamais cessaram de nos rodear?


Sêneca recorda que o poeta Publílio Siro, disse: “Aquilo que pode ferir um pode ferir todos os outros” e roga: “Persuade-te, pois, de que toda situação está sujeita a mudanças e de que tudo o que cai sobre os outros pode igualmente cair sobre tu. ”

Geralmente – e em vão –, nos revoltamos: “Eu não imaginava que isto me aconteceria! ”. E porque não? Onde está, pois, a riqueza, que a miséria não pode alcançar? Onde está a magistratura, cuja pretexta, o bastão augural e o calçado nobre não são acompanhados de acusações humilhantes, da crítica do censor, de mil infâmias e do desprezo da multidão? Onde está a onipotência, que não é ameaçada pela destruição? No espaço de uma hora passa-se do trono aos pés do vencedor, afirma com lucidez.

Também evitemos desperdiçar nosso esforço de maneira inútil: imaginar ambições irrealizáveis OU nos esforçarmos sem proveito.

Sêneca pondera sobre as pessoas que vagam ao acaso, inúteis, que fazem lembrar as idas e vindas das formigas, ou seja, para nada. Quantas pessoas levam uma existência semelhante, que se chamaria muito justamente preguiça agitada, pergunta ele.


E, impossível não associar ao nosso comportamento atual na web: “Por que saudar qualquer personagem, que sequer responde ao cumprimento (...) e encerrar o dia moídos por uma fadiga inútil (...) e, no dia seguinte recomeçar a mesma série de marchas [acessos] desordenadas? ”

Propõe que todo esforço tenha um alvo preciso e seja apropriado para um resultado: “Inquietos, os desocupados buscam quimeras, se iludem com as aparências, porque seu espírito alucinado não lhes permite distinguir a realidade. ”

O filósofo nos alerta que a esta doença se prende um vício horrível: este, de se informar de tudo, de estar à espreita de todas as novidades, tanto secretas como públicas, carregando um balaio de idiotices na cachola.

Recorda Demócrito dizendo que quem quiser viver com a alma tranquila não deve ter muitas ocupações inúteis, nem de ordem pública nem particular: “Quando nenhum dever imperioso nos ordena, devemos saber reprimir nossa atividade. ” Não sejamos escravos demais, diz Sêneca, das resoluções que tomamos e não temamos mudar.

Excessos são sempre funestos à tranquilidade da alma. Para quem julga as coisas de um ponto de vista mais superior, uma alma mostra-se mais forte abandonando-se ao riso do que cedendo às lágrimas.

O hábito de se sujeitar à opinião de outrem é um mal. Pessoalmente, considero escravizante. Um outro gênero de inquietude nasce do cuidado que o homem emprega em fingir: é o caso de muitas pessoas, cuja vida só é hipocrisia e comédia.

Que tormento, esta permanente vigilância sobre si mesmo! Que segurança pode oferecer uma existência inteira passada sob uma máscara, indaga o sábio.

Do contrário, agindo com autenticidade, que encanto, na espontânea simplicidade de um caráter, que desconhece os ornamentos artificiais e que despreza disfarçar-se! Todavia, alerta, não excedamos à medida: pois, há muita diferença entre a sinceridade e a falta de modéstia.

É preciso frequentemente recolhermo-nos em nós mesmos: pois a relação com pessoas diferentes demais de nós perturba nosso equilíbrio, irrita, desperta nossas paixões.

Alternemos a solidão e o mundo: “A solidão nos fará desejar a sociedade e esta [a ebulição da vida social] nos reconduzirá novamente a nós mesmos; elas serão antídotas, uma à outra: a solidão, curando nosso horror à multidão, e a multidão, curando nossa aversão à solidão. ”

Nem mesmo é bom ter sempre o espírito igualmente ocupado, é preciso saber distraí-lo com divertimentos: brincar, beber, dançar, prosear descompromissadamente, por exemplo.

É preciso saber recrear o espírito: “Ele se mostrará, depois de um repouso, mais resoluto e mais vivo. (...) um instante de repouso e de distração lhe devolverá sua energia. Aliás, os homens não se inclinariam tanto aos divertimentos e aos jogos, se o prazer que sentem não satisfizesse a um desejo. ”

É preciso, portanto, governar nosso espírito e conceder-lhe de tempos em tempos um descanso. É preciso ir passear em pleno campo, a céu aberto, ar puro, atmosferas que avivam a inteligência; uma viagem, uma mudança de horizontes, assim como uma boa refeição com um pouco mais de bebida darão novo vigor, orienta-nos Sêneca.

E, concluindo seus sábios conselhos ao amigo Aneu Sereno, finaliza sua carta dizendo: “Eis, mui querido Sereno, os meios de conservar a tranquilidade da alma e de não sucumbir à pérfida insinuação dos vícios. ”

Cultivemos a mais ativa e a mais zelosa vigilância sobre nossa alma, sempre pronta a se deixar desviar, roga o romano que, embora nascido no ano quatro antes de Cristo, é atualíssimo, pois Sabedoria jamais é obsoleta.

Luciene Felix Lamy
Profª de Filosofia e Mitologia Greco-romana
Instagram: lufelixlamy
WhatsApp: (13)98137-5711



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1 de out. de 2018

Sêneca - Da tranquilidade da Alma (Parte I)

"É preciso privar-se da agitação desregrada, à qual se entrega a maioria dos homens e da mania de se intrometer nos negócios dos outros. " Sêneca

Lucius Annaeus Sêneca (4 a.C. – 65 d.C), filósofo, advogado, escritor e orador romano, dentre suas obras, legou um tratado moral onde versa sobre como obter maior qualidade de vida empregando melhor nosso bem mais precioso: o tempo.
Aneu Sereno, amigo de Sêneca, confidencia-lhe uma angústia que, embora nem considere assim, tão grave, tem sido perturbadora, tornando-o  nem doente nem são.
Ele teme que o hábito – que fortalece todas as coisas – consolide essa sua fraqueza indizível, pois tanto no mal quanto no bem, um contato prolongado nos faz tomar gosto.
Indicará o que sente, e pede que Sêneca nomeie sua doença. Diz amar a simplicidade e contentar-se com o suficiente: nas roupas, na alimentação e na casa, pois sabe que um projeto jeitoso torna habitável o menor canto.
No entanto, vacila, se deixando fascinar secretamente pelo glamour e o luxo: "(...) me ponho a duvidar sobre se todas aquelas suntuosidades não valem que as prefiramos. ".  É sábio, diz ele, não ignorar nossas imperfeições.
Sereno confessa que futilidades e bagatelas têm lhe tomado tempo e que, embora advertido de que não se deve ter em vista senão as ideias e não se deve falar a não ser para exprimi-las, torna a encontrar sempre em si mesmo esta fraqueza.
Por fim, explicita seu anseio: "que minha alma não se ocupe de nada que a distraia, de nada que a submeta ao julgamento de outrem. " E roga à Sêneca um remédio capaz de deter essa inconstância de alma que o agita.
O filósofo estoico diz ao amigo que ele aspira à ausência de inquietação, o equilíbrio da alma ("euthymia"), a tranquilidade. ". Então se propõe a indicar como é possível à alma uma conduta tranquila e firme, sem se exaltar, nem se deprimir.
 
Ponhamos desde logo o mal em evidência, em toda a sua diversidade: "Sofrerão mais aqueles que, ornando com um nome pomposo a miséria que os consome, teimam no papel que escolheram, menos por convicção que por questão de honra".
Há quem "depois de ter modificado cem vezes o plano de sua existência, acabam por ficar na posição onde os surpreende a velhice, cuja indolência rejeita as inovações. Ajunta ainda, aqueles que por preguiça, não mudam nunca, e os que vivem – não como desejam –, mas como sempre viveram".
Tudo isso conduz ao descontentamento de si mesmo, por não se atreverem a tanto quanto desejam ou que tentam, em vão, realizar. ". E ei-los presos! Não são capazes nem de mandar nem de obedecer às suas paixões; entregam-se à aflição.
E a angustia se agrava quando nos refugiamos no ócio, pois, uma alma apaixonada pela vida é ditada de uma necessidade natural de movimento. Atraídos pelas distrações – e há vício desde que haja excesso! –, é com amargura que nos vemos abandonados a nós mesmos.
Daí este aborrecimento, este melancólico desgosto de si, este redemoinho de uma alma que não se fixa em nada, esta sombria impaciência que nos causa nossa própria inércia, encerrada numa prisão, sem saída. Daí esta disposição para amaldiçoar seu próprio repouso, para lamentar-se por não ter nada a fazer e para invejar furiosamente todos os sucessos dos outros (pois nada alimenta tanto a inveja como a desgraçada preguiça).
Depois deste despeito pelas posses dos outros e deste desespero de não ser bem-sucedido, desanimado, começa o homem a se irritar contra a sorte, a se queixar do século, a se recolher cada vez mais em seu canto.
O mal do qual sofremos vem de nós mesmos: trabalho, prazer, tudo nos parece uma carga.  Contra esta melancolia, é salutar obrigar-se à atividade.
Para nós, afirma Sêneca, que preparamos nossas almas para as lutas da vida, o mais belo emprego que podemos fazer do nosso tempo é consagrá-lo à plena ação, sermos úteis à sociedade, sobretudo pela inteligência: "(...) exortar a juventude e, num tempo tão pobre de mestres de moral, inspirar aos corações a virtude, empolgar, deter os extraviados que se lançam à ganância e ao vício, trabalhar pelo bem público. "
Estudar também é fundamental: "Se consagras ao estudo um tempo que roubas à vida social, tu não podes ser acusado nem de abandonar nem de faltar ao teu dever. (...) não mais serás uma carga para ti mesmo, nem inútil aos outros. Farás inúmeros amigos e todo homem de bem virá espontaneamente ao teu encontro, pois ninguém ignora a virtude. "
Que na convivência sejamos companheiro honesto, amigo fiel, conviva moderado. Entremos em contato com o mundo inteiro e professemos que nossa pátria é o universo, a fim de oferecer à virtude o mais amplo campo de ação, roga o sábio.
Mesmo numa República oprimida o honesto encontra ocasião para mostrar quem ele é: "Se pertencemos a um tempo no qual a vida política é difícil de ser praticada, tornemos mais ampla a parte do ócio e do estudo (...). A melhor regra é combinar o repouso com a ação. "
Devemos considerar primeiramente a nós mesmos, depois as tarefas que queremos empreender, depois os homens para os quais ou com os quais teremos de trabalhar.
Exageramos nossas capacidades, diz Sêneca: "Um cairá por ter presumido demais de sua eloquência; outro quer tirar de seu patrimônio mais do que este pode render; um terceiro esgota seu corpo débil em labores extenuantes. Alguns têm uma timidez incompatível com a vida de negócios, que exige uma fronte intrépida; outros não sabem dominar sua cólera ou deixam-se levar contra sua vontade a prazeres perigosos: para todos estes, o repouso é preferível à atividade. "
Examinemos se nossas disposições naturais nos tornam mais aptos à ação OU aos trabalhos sedentários, pois forçar a natureza é sempre inútil e um fardo desproporcional esmaga quem o carrega.
Deve-se escolher com cuidado as pessoas com as quais convivemos, ver se merecem que lhes consagremos parte de nossa existência.
Nada agrada tanto à alma como uma boa amizade. Que felicidade a de encontrar corações aos quais se possa confiar; companheiros que acalmam nossas inquietações, cujos conselhos guiam nossas decisões, cuja alegria dissipa nossa tristeza. Evitemos os que não deixam escapar nenhuma ocasião para se lamentar.
 
Comparando-se todos os nossos outros sofrimentos e preocupações, os males que nascem do dinheiro, serão principal fonte das misérias dos homens. O dinheiro se apega tão intimamente à alma, que não se pode arrancá-lo sem dor. Se vê um ar mais alegre nas pessoas que a fortuna jamais visitou do que naquelas que ela traiu.
Se tomarmos previamente o gosto pela economia, a pobreza mesma, secundada por discernimento e gostos simples, pode-se transformar em riqueza. Habituemo-nos a fazer uso da utilidade dos objetos e não de sua sedução exterior. Aprendamos a esperar a riqueza mais de nós mesmos que da sorte.
É impossível ao homem preservar-se suficientemente contra todos os caprichos e todas as injustiças do destino. Abstenhamos de espectadores. Compremos o que temos necessidade, não para ostentação, atenta Sêneca.
Prosseguiremos com ele, amigos, pois embora esse seu Tratado date de quase dois mil anos, como todo clássico, é atualíssimo e vale a pena conferir.
 
Luciene Felix Lamy 
Profª de Filosofia e Mitologia Greco-romana
Instagram: lufelixlamy - WhatsApp: (13)98137-5711
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Eis que a Sabedoria reina, mas não governa, por isso, quem pensa (no todo) precisa voltar para a caverna, alertar aos amigos. Nós vamos achar que estais louco, mas sabes que cegos estamos nós, prisioneiros acorrentados à escuridão da caverna.

Abordo "O mito da caverna", de Platão - Livro VII da República.

Eis o télos (do grego: propósito, objetivo) da Filosofia e do filósofo. Agir na cidade. Ação política. Phrônesis na Pólis.

Curso de Mitologia Grega

Curso de Mitologia Grega
As exposições mitológicas explicitam arquétipos (do grego, arché + typein = princípio que serve de modelo) atemporais e universais.

Desse modo, ao antropomorficizarem os deuses, ou seja, dar-lhes características genuinamente humanas, os antigos revelaram os princípios (arché) de sentimentos e conflitos que são inerentes a todo e qualquer mortal.

A necessidade da ordem (kósmos), da harmonia, da temperança (sophrosyne) em contraponto ao caos, à desmedida (hýbris) ou, numa linguagem nietzschiana, o apolíneo versus o dionisíaco, constitui a base de toda antiga pedagogia (Paidéia) tão cara à aristocracia grega (arístois, os melhores, os bem-nascidos posto que "educados").

Com os exponenciais poetas (aedos) Homero (Ilíada e Odisséia), Hesíodo (A Teogonia e O trabalho e os dias), além dos pioneiros tragediógrafos Sófocles e Ésquilo, dispomos de relatos que versam sobre a justiça, o amor, o trabalho, a vaidade, o ódio e a vingança, por exemplo.

O simples fato de conhecermos e atentarmos para as potências (dýnamis) envolvidas na fomentação desses sentimentos, torna-nos mais aptos a deliberar e poder tomar a decisão mais sensata (virtude da prudencia aristotélica) a fim de conduzir nossas vidas, tanto em nossos relacionamentos pessoais como indivíduos, quanto profissionais e sociais, coletivos.

AGIMOS COM MUITO MAIS PRUDÊNCIA E SABEDORIA.

E era justamente isso que os sábios buscavam ensinar, a harmonia para que os seres humanos pudessem se orientar em suas escolhas no mundo, visando atingir a ordem presente nos ideais platônicos de Beleza, Bondade e Justiça.

Estou certa de que a disseminação de conhecimentos tão construtivos contribuirá para a felicidade (eudaimonia) dos amigos, leitores e ouvintes.

Não há dúvida quanto a responsabilidade do Estado, das empresas, de seus dirigentes, bem como da mídia e de cada um de nós, no papel educativo de nosso semelhante.

Ao investir em educação, aprimoramos nossa cultura, contribuimos significativamente para que nossa sociedade se torne mais justa, bondosa e bela. Numa palavra: MAIS HUMANA.

Bem-vindos ao Olimpo amigos!

Escolha: Senhor ou Escravo das Vontades.

A Justiça na Grécia Antiga

A Justiça na Grécia Antiga

Transição do matriarcado para o patriarcado

A Justiça nos primórdios do pensamento ocidental - Grécia Antiga (Arcaica, Clássica e Helenística).

Nessa imagem de Bouguereau, Orestes (Membro da amaldiçoada Família dos Atridas: Tântalo, Pélops, Agamêmnon, Menelau, Clitemnestra, Ifigênia, Helena etc) é perseguido pelas Erínias: Vingança que nasce do sangue dos órgãos genitais de Ouranós (Céu) ceifado por Chronos (o Tempo) a pedido de Gaia (a Terra).

O crime de matricídio será julgado no Areópago de Ares, presidido pela deusa da Sabedoria e Justiça, Palas Athena. Saiba mais sobre o famoso "voto de Minerva": Transição do Matriarcado para o Patriarcado. Acesse clicando AQUI.

Versa sobre as origens de Thêmis (A Justiça Divina), Diké (A Justiça dos Homens), Zeus (Ordenador do Cosmos), Métis (Deusa da presciência), Palas Athena (Deusa da Sabedoria e Justiça), Niké (Vitória), Erínias (Vingança), Éris (Discórdia) e outras divindades ligadas a JUSTIÇA.

A ARETÉ (excelência) do Homem

se completa como Zoologikon e Zoopolitikon: desenvolver pensamento e capacidade de viver em conjunto. (Aristóteles)

Busque sempre a excelência!

Busque sempre a excelência!

TER, vale + que o SER, humano?

As coisas não possuem valor em si; somos nós que, através do nôus, valoramos.

Nôus: poder de intelecção que está na Alma, segundo Platão, após a diânóia, é a instância que se instaura da deliberação e, conforme valores, escolhe. É o reduto da liberdade humana onde um outro "logistikón" se manifesta. O Amor, Eros, esse "daimon mediatore", entre o Divino (Imortal) e o Humano (Mortal) pode e faz a diferença.

Ser "sem nôus", ser "sem amor" (bom daimon) é ser "sem noção".

A Sábia Mestre: Rachel Gazolla

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O Sábio Mestre: Antonio Medina Rodrigues (1940-2013)

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