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luciene felix lamy EM ATO!

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24 de jun. de 2020

LIVE sobre Bernini e o rapto de Perséfone (Prosérpina)

Queridos amigos,


Nesta próxima sexta-feira, dia 26 de junho, às 14h, teremos uma LIVE com Ana Venticinque, do VouPraRoma sobre Bernini e o mito do rapto de Perséfone (Prosérpina) diretamente da Galleria Borghese (Roma).

Compartilhe e avise seus amigos, pois será belo, divertido e muito informativo!

Para assistir, basta entrar no meu Instagram @lufelixlamy ou no @VouPraRoma.

Um grande abraço e até lá!



PS: Ambas as LIVE's estão disponíveis no IGTV do Insta @voupraroma.

Informações sobre viagens à Itália, AQUI



17 de abr. de 2020

COVID-19: O que há de novo sob o sol?


“Eles têm medo do amor porque o amor cria um mundo que eles não podem controlar". George Orwell.


Não é de hoje que, atônita, a humanidade é surpreendida por moléstias com mortandade em escalas aterrorizantes.

Mas, desde os tempos mais remotos, o que permanece igual e o que mudou na forma com a qual lidamos com essas tragédias?

Democrática, a palavra PANDEMIA reúne todos (pan) + povos (demos).

Na antiguidade, quando algo de nefasto assolava uma comunidade, buscava-se a redenção do “castigo divino” por meio da expiação (reparação) das faltas através do clamor e dos sacrifícios aos deuses.

Um dos exemplos deste “modus vivendi/modus operandi” está na a calamitosa situação de Tebas, trazida pelo mais “raiz” dos tragediógrafos, o monumental Sófocles, em 427 a.C.

Sim, buscar inteligir e barganhar com a metafísica é coisa muito antiga. E, paradoxalmente, atualíssima, como veremos adiante.

O povo, então, se empenhava em identificar e banir o miasma (mancha, mácula), expulsando a provável causa daquilo – melhor dizendo, de quem – os arruinava.

É desse contexto que surge a figura do bode expiatório, literalmente, um clássico.

Avançando mais um pouco até a Idade Média (1347), a Peste Negra (transmitida pelas pulgas dos ratos), também nominada Peste bubônica (as feridas formavam bulbos na pele) impiedosamente dizimou um terço da população europeia.

Nesta, elegeu-se por bode expiatório, dentre outros, os judeus. Na Pandemia que enfrentamos hoje, apressa-se em apontar os chineses e seus suspeitáveis hábitos alimentares.

No entanto, uma vez que alimentação requereria um texto à parte e, talvez, somente os sábios pitagóricos (vegetarianos) estivessem em posição de objetar com propriedade, prossigamos.

Desde os primórdios, evidenciando nossa vulnerabilidade diante da inevitável (a morte), o medo fortifica a Fé.

A fragilidade humana diante da Peste medieval, por significativo período, solidificou (talvez seja apropriado dizer “glorificou”) a Igreja. Mesmo que, no 5º ano de Peste, após obstinado apelo ao povo que confiassem em Deus, grande parte do clero tenha desertado, causando imensa revolta na população.

“Gatilho” elevado à máxima potência, a aterrorizante ameaça de morte nos torna mesmo reféns do acaso, da “vontade de Deus”.

Isso é ainda mais dramático, sobretudo, quando estamos cônscios de que nem mesmo uma portentosa e sólida posição social e/ou econômica, garante que a foice nos distinga dos demais.

Evidente, este fato corrobora o desespero com o qual recorremos à metafísica (Fé) em busca do alento que apazigue nossa alma e nos acene com sobrevivência.

A igreja, atacada pela ineficácia diante da Peste, mas já solidificada, passada a tormenta, prosseguiu e, detentora do calendário das feiras (comércio), também impulsionou a economia, promoveu o bem-estar social e patrocinou o Renascimento, tanto nas artes quanto nas ciências, essa última, com tolhedoras ressalvas.

Foi também a Peste medieva que inspirou o poeta florentino Dante Alighieri a escrever “A Divina Comédia: - "Ó, vós que entrais, abandonai toda a esperança.", imprimindo em nossa memória as terríveis e indeléveis imagens do inferno e dos demônios.

Mais adiante, ao final da primeira guerra mundial, fomos novamente assombrados pela Gripe espanhola (1918-1919), que também ceifou mais 50 milhões de vidas, dessa vez, em grande parte do mundo.

Novamente, testemunhamos um significativo avanço na higiene, medicina, enfim, nas Ciências e uma pujante revolução industrial.

O momento atual indica que a dinâmica de nossa relação com as misteriosas Pandemias não mudou muito.

Acompanhe: primeiro, tomados de assalto, incrédulos, ficamos aturdidos.

Na sequência, a obstinada busca, eleição e perseguição do(s) bode(s) expiatório(s), respaldados pela xenofobia, o fanatismo religioso e inúteis divergências políticas.

Em meio a uma Pandemia, como em nenhuma outra circunstância, exceto na guerra, o que dá no mesmo, pois Pandemia é uma guerra da humanidade contra um inimigo comum (invisível), as caóticas sementes da ignorância encontram solo fértil no ódio, o obscurantismo propaga-se com muito mais vigor em meio ao desespero.

Concomitantemente às manifestações xenófobas, ao fervor religioso e discordâncias políticas, advém o confinamento dos contaminados e o distanciamento pessoal, a fim de se resguardar do contágio.

Em seguida, pois, a Peste é apressada, o enterro dos mortos, cujos desfavorecidos, sem acesso sequer a saneamento básico, são sempre em maior número e, por fim, o imediato e vertiginoso salto – quantitativo e qualitativo – em termos de avanços das technai (Ciências), como já estamos testemunhando.

Longe de Tebas, da Peste bubônica e da Gripe espanhola, vivenciamos a Pandemia do Covid-19 do alto do globalizado e, em grande parte imbecilizado Século XXI, cuja população gira em torno de 7 bilhões de almas.

A diferença mais significativa no modo com o qual estamos lidando com a atual Pandemia de Coronavírus talvez esteja no fato de que, extensão de nossas mãos – escravizadas pelo que se passa no cérebro e o que sente no “cuore” –, celular e internet promovem uma nova e desenfreada revolução à La Gutenberg: a produção e propagação instantânea de todo tipo de informação.

Em meio a esse democrático dinamismo digital, com o caos a um clique, a ignorância se alastra com vigor.

Constatamos DESDE o patético fenômeno da “gourmetização da peste”, onde a turba chafurda com gosto na lama da vulgaridade, explicitando o que mais define a multidão, a saber, ausência de pudor, ATÉ a proliferação de uma inimaginável e portentosa rede de solidariedade, digna de nota e enaltecimento.

Obviamente, a bizarrice do "instagramworthy", o esdrúxulo das “lives” ocas permite entrever o quanto tantos estão abandonados ao próprio obscurantismo e de seus seguidores, que os aplaudem, endossando o grotesco, alçando-os ícones no qual se espelhar.

Neste sentido, exceto pela proliferação da estupidez em progressão geométrica, não há nada de novo sob o sol, pois a Peste que vivenciamos nos traz de volta à tragédia, literalmente, uma vez que a tragédia desempenha a si própria diante do público o que, como afirma Aristóteles, suscita terror e piedade.

Felizmente, para toda essa avalanche, há antídoto! Simples, eficaz, gratuito e ao alcance de todos nascidos de mulher: a liberdade e o poder de escolher!

Pois, todavia, reitero, não é somente o trágico império do mau gosto o que salta aos olhos nesta Pandemia pós-moderna; nem tudo é oportunismo e “self-marketing”.

Embora produções cinematográficas recentes, como “O poço” e “Parasitas” tenham nos permitido ponderar sobre o disparate nas condições de vida de bilhões de pessoas neste mundo, é o invisível, distópico e “disruptivo” Covid-19 que ousa rasgar de vez o véu da desumana e perversa desigualdade social, que sufoca e mata sem sujar as mãos.

Mudanças. Decerto, haverá mudanças, como as que já ocorreram nas Pandemias de outrora: na economia, em nossa relação com o consumo, na educação, na relação entre patrões e empregados, nos próprios empregos, no surgimento de novas profissões, nas Ciências, nas medicinas alternativas, e sobretudo na inimaginável celeridade dos avanços tecnológicos, por exemplo.

Mudanças! Até porque, urge minimizar a portentosa demanda por dignidade material e saúde psíquica de tantos seres humanos desafortunadamente desamparados.

Mudanças inacreditáveis, extraordinárias, como as que já estão, de fato, ocorrendo, vide a espetacular rede de solidariedade que têm viralizado e contagiado a tantas boas almas neste mundo.

Não porque ser solidário “pega bem”, fazer doações seja “modinha”, mas porque nossas semelhanças são mais significativas que nossas diferenças, sobretudo na morte, que é o que nos define (mortais, lembra-se?).

Rasa ou profunda, morosa ou veloz, tímida ou mais audaciosa, o fato é que a mudança oriunda da Pandemia do Covid-19 já começou: o “aplicativo” compaixão foi instalado com sucesso.

É por essa APOTEOSE (rumo ao “theós”) que ansiamos desde a aurora dos tempos. Não há mesmo nada de novo sob o céu.

Exceto, essa vontade contagiante de nos tornarmos mais humanos. E então, não seremos só tragédia, mas um verdadeiro ÉPICO!  \o/


Luciene Felix Lamy 
Profa. de Filosofia e Mitologia Greco-romana
WhatsApp (13) 98137-5711

3 de dez. de 2019

Leonardo Da Vinci - Pinacoteca Benedicto Calixto

Clicando sobre a imagem, amplia.


Evento pede doação de uma lata de leite em pó.
Aguardo vocês, amigos!
Um grande abraço e até lá,

luciene felix lamy
Whats (13) 98137-5711



APRENDENDO COM LEONARDO – 2º Walter Isaacson


O fato de Leonardo não ser apenas um gênio, mas também extremamente humano – um indivíduo peculiar, obsessivo e divertido, que se distraía com facilidade – faz com que ele nos pareça mais acessível.

Ele não foi brindado com o tipo de brilhantismo que é completamente incomensurável para nós. Pelo contrário: Leonardo foi um autodidata, alguém que trabalhou para pavimentar o caminho rumo à genialidade.

Então, mesmo que jamais sejamos capazes de equiparar seus talentos, podemos aprender com ele e tentar ser um pouco mais como ele era. Sua vida nos oferece lições riquíssimas.

Seja curioso, incansavelmente curioso. Einstein escreveu certa vez a um amigo: “Não tenho nenhum talento especial. Sou apaixonadamente curioso.”.  Leonardo, na verdade, tinha talentos especiais, assim como Einstein, porém sua característica mais distinta e inspiradora era a intensa curiosidade. Ele queria saber por que razão as pessoas bocejam, como elas andavam no gelo nos Flandres, métodos para realizar a quadratura do círculo, o que faz a válvula aórtica se fechar, como a luz é processada pelo olho e como isso influencia a perspectiva em uma pintura. Ele se instruiu a aprender sobre a placenta do bezerro, a mandíbula do crocodilo, a língua do pica-pau, os músculos do rosto humano, a luz da Lua e os contornos das sombras. Ser incansável e aleatoriamente curioso sobre tudo que nos cerca é algo que todos podemos nos esforçar para fazer a cada segundo da vida, exatamente como ele fez.

Busque o conhecimento pelo simples prazer da busca. Nem todo conhecimento precisa ser útil; às vezes ele pode ser perseguido por puro prazer. Leonardo não precisava saber como as válvulas cardíacas funcionavam para pintar a Mona Lisa, da mesma forma que não precisava descobrir como os fósseis foram parar no topo das montanhas para criar a Virgem dos rochedos. Ao se permitir ter levado apenas pela curiosidade, ele pôde explorar mais horizontes e identificar mais conexões do que qualquer um em sua época.

Conserve a capacidade das crianças de se maravilhar. Em um determinado ponto da vida, a maioria de nós para de se importar com os fenômenos cotidianos. Podemos até apreciar a beleza de um céu azul, mas não nos damos mais o trabalho de descobrir por que ele é justamente dessa cor. Leonardo, sim. Como Einstein, que escreveu para um amigo: “Você e eu jamais deixaremos de agir como crianças curiosas perante o grande mistério no qual nascemos.”. Precisamos tomar o cuidado de nunca deixar nossa criança interior crescer ou permitir que isso aconteça com nossos filhos.

Observe. O maior talento de Leonardo era a habilidade aguçada para observar o mundo. Era esse dom que alimentava sua curiosidade – e vice-versa. Não era uma espécie de dom sobrenatural, mas um produto de seus esforços. Quando foi inspecionar os fossos que cercavam o Castelo Sforzesco, ele viu as libélulas e percebeu que elas tinham quatro asas e que os pares se alternavam durante o movimento. Quando andava pela cidade, ele notava como as expressões faciais das pessoas se relacionavam com suas emoções e descobriu como a luz é refletida em diferentes tipos de superfície. Leonardo observou quais pássaros moviam as asas mais depressa para cima do que para baixo e quais faziam o contrário. Isso nós também podemos fazer. E quanto à água caindo em um recipiente? Fique observando, exatamente como ele, os redemoinhos se formando. Depois se pergunte: por quê?

Comece pelos detalhes. Em um caderno, Leonardo compartilhou um de seus truques para realizar uma observação cuidadosa: faça por etapas, começando pelos detalhes. Ele comparou à página de um livro, que não pode ser absorvida em apenas um olhar; é preciso ler palavra por palavra. “Se você quiser ter um conhecimento sólido sobre as formas de um objeto, comece pelos detalhes e não avance para o próximo se não tiver gravado bem o primeiro na memória. ”

Veja o que está invisível. A principal atividade de Leonardo durante grande parte dos anos de formação foi a produção de espetáculos, performances e peças teatrais. Neles, ele misturava sua engenhosidade teatral com fantasia, o que lhe deu uma criatividade combinatória: ele era capaz de ver pássaros voando, mas também enxergava anjos; ou leões rugindo, mas também dragões.

Mergulhe no desconhecido. Leonardo preencheu as páginas de abertura de um caderno com 169 tentativas de realizar a quadratura do círculo. Em oito páginas do Códex Leicester, registrou 730 descobertas sobre o fluxo da água; em outro caderno, há 67 palavras descrevendo vários tipos de movimentos da água. Ele mediu cada segmento do corpo humano, calculou as relações de proporcionalidade e fez o mesmo com um cavalo. Ele estudou todas essas coisas pelo simples prazer de aprender.

Distraia-se. A maior crítica que se faz a Leonardo é o fato de esses interesses que ele perseguia de forma apaixonada terem feito com que saísse pela tangente – literalmente, no caso dos estudos de matemática. Kenneth Clark lamentou que eles “empobreceram seu legado”. Contudo, a disposição de Leonardo em se interessar por qualquer tópico que cruzava seu caminho deixou sua mente muito mais rica e com muito mais conexões.

Respeite os fatos. Leonardo foi um percursor da era dos experimentos observacionais e do pensamento crítico. Quando tinha uma ideia, ele criava uma maneira de testá-la. E, quando a experiência mostrava que a teoria estava errada – como a crença de que fontes de água no interior da Terra eram alimentadas da mesma forma que os vasos sanguíneos nos seres humanos –, ele abandonava a teoria e elaborava outra.  Essa prática se tornaria comum um século depois, durante a era de Galileu e de Bacon. Entretanto, ela era um pouco menos prevalente naquela época. Se quisermos ser mais parecidos com Leonardo, não podemos ter medo de mudar de ideia conforme novas informações vão surgindo.

Procrastine. Quando trabalhava em A Última Ceia, Leonardo às vezes ficava olhando a pintura por uma hora, dava uma mísera pincelada e em seguida ia embora. Ele disse ao duque Ludovico que a criatividade demandava tempo para que as ideias se apurassem e as intuições se formassem. Explicou: “Homens de intelecto elevado às vezes obtêm seus maiores avanços quando trabalham menos, uma vez que suas mentes, então, ocupam-se com as ideias e com o aperfeiçoamento dos conceitos aos quais posteriormente darão forma. ” A maioria de nós não precisa de nenhum incentivo para procrastinar; fazemos isso naturalmente. Mas procrastinar como Leonardo dá muito trabalho: o processo envolve reunir todas as informações e ideias sobre um assunto e só então deixar que essa grande coleção fermente.

Faça com que o perfeito seja inimigo do bom. Quando não conseguiu fazer a perspectiva em A batalha de Anghiari ou a interação em A adoração dos magos funcionarem perfeitamente, Leonardo abandonou essas obras em vez de produzir um trabalho que era apenas bom. Ele manteve consigo obras-primas como A virgem e o Menino com santa Ana e a Mona Lisa até o fim, sabendo que sempre poderia acrescentar uma nova pincelada. Steve Jobs também era tão perfeccionista que postergou a liberação do Macintosh originou até que sua equipe conseguisse fazer com que as placas de circuito internas ficassem bonitas, muito embora ninguém fosse vê-las. Tanto ele quanto Leonardo sabiam que artistas de verdade se preocupam com a beleza até das partes ocultas. Contudo, Jobs acabou adotando uma máxima que contradizia essa ideia: “Artistas de verdade entregam”, significando que às vezes é preciso entregar um produto mesmo quando ainda há ajustes e melhorias a serem feitos. Essa é uma boa regra para a vida cotidiana, porém há momentos em que é melhor ser como Leonardo e não desistir de algo até que esteja perfeito.

Pense visualmente. Leonardo não fora abençoado com a habilidade de formular equações matemáticas ou abstrações complexas. Por isso precisava visualizá-las, o que fez nos estudos de proporções, nas regras de perspectiva, no método para calcular reflexos em espelhos côncavos e nas maneiras de alterar formas mantendo a área original. Com frequência, quando aprendemos uma fórmula ou uma regra – mesmo uma simples, como a multiplicação dos números ou a mistura de uma cor de tinta –, paramos de visualizar como ela funciona. Como resultado, perdemos a capacidade de apreciar a beleza fundamental por trás das leis da natureza.

Evite fechar horizontes. No final de muitas de suas apresentações, Jobs mostrava um slide com uma placa do cruzamento entre as ruas “Artes Liberais” e “Tecnologia”. Ele sabia que é nesse cruzamento que fica a criatividade. Leonardo tinha uma mente aberta, que perambulava alegremente por todas as disciplinas da arte, da ciência, da engenharia e das humanidades. Seu conhecimento sobre como a luz atinge a retina o ajudou a criar a perspectiva de A Última Ceia, e na página de desenhos anatômicos que mostra a dissecação dos lábios ele desenhou o sorriso que reapareceria na Mona Lisa. Ele sabia que a arte era uma ciência e que a ciência era uma arte. Não importava se estava desenhando um feto no útero ou os turbilhões de um dilúvio: Leonardo sempre borrava os limites entre as duas coisas.

Faça com que seu alcance seja maior do que sua compreensão. Imagine, da mesma forma que ele imaginou, como você construiria uma máquina voadora ou desviaria o curso de um rio. Aventure-se a projetar uma máquina de moto-contínuo ou a resolver a quadratura de um círculo usando apenas régua e compasso. Existem certos problemas que jamais resolveremos. Aprenda por quê.

Alimente sua fantasia. A besta gigante? Os tanques que pareciam tartarugas? As plantas para uma cidade ideal? Os mecanismos para bater as asas de uma máquina voadora controlados por um homem? Assim como borrava os limites entre a ciência e a arte, Leonardo fazia o mesmo com o que separa a realidade da fantasia. Ele pode não ter produzido máquinas voadoras, mas sua imaginação voou muito alto.

Crie para você, não só para os patronos. Não importa o quanto a rica e poderosa marquesa Isabella d’Este implorara, Leonardo não pintou seu retrato. Mas ele começou a trabalhar em outro, o da mulher de um comerciante de seda chamada Lisa. Fez isso porque queria e seguiu aperfeiçoando essa obra pelo resto da vida, sem entregá-la ao cliente.

Trabalhe em conjunto. A genialidade costuma ser vista como algo que pertence à esfera dos solitários, que se encerram em sótãos e são atingidos por lampejos de criatividade. Como a maioria dos mitos, o do gênio recluso contém certa verdade. Contudo, em geral há mais detalhes por trás da história. As Madonas e os estudos de panejamento produzidos no ateliê de Verrochio, assim como as versões de Virgem dos rochedos e da Madona do fuso e outras pinturas que saíram do ateliê de Leonardo foram criadas em processo tão colaborativos que é difícil determinar quem os criou. O Homem vitruviano foi produzido após uma troca de ideias e esboços entre amigos. Os melhores estudos de anatomia de Leonardo surgiram quando ele estava trabalhando em parceria com Marcantonio dela Torre. E seu trabalho mais divertido foi feito a partir das colaborações nas produções teatrais e entretenimentos noturnos produzidos na corte dos Sforza. A genialidade se origina de um brilhantismo individual, ela necessita de uma visão singular. No entanto, para executá-la, em geral é necessário trabalhar com outras pessoas: a inovação é um esporte coletivo; a criatividade, um esforço colaborativo.

Faça listas. E coloque itens estanhos nelas. As listas de coisas a fazer de Leonardo são provavelmente os maiores tributos à pura curiosidade que o mundo já viu.

Faça anotações – no papel. Quinhentos anos depois, os cadernos de Leonardo ainda estão por aí para nos surpreender e nos inspirar. Daqui a cinquenta anos, nossos próprios cadernos, se levarmos a sério a iniciativa de começar a preenchê-los, estarão por aí para surpreender e inspirar nossos netos, ao contrário de nossos tuítes e posts no Facebook.

Esteja aberto ao mistério. Nem tudo precisa de linhas definidas.



1 de ago. de 2019

Guia para Viajantes Apaixonados por Museus

Caríssimos amigos,

Como podem ver, nosso Blog alcançou a marca de + de 500 MIL acessos



Realmente, considerando os temas abordados, é um feito e tanto. 



Em virtude disso, estamos disponibilizando gratuitamente nosso E-book "Introdução ao Renascimento" - Um guia para que você possa apreciar e desfrutar de muitos museus mundo afora, sobretudo no Continente da Ninfa raptada por Zeus, Europa. 

Para recebê-lo de presente, basta solicitar por E-mail  mitologia@esdc.com.br 
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Um grande abraço,

ZILHÕES!!!

luciene felix lamy
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ESCOLHA & CLIQUE (leia no topo). Cultura faz bem ao Espírito!


Eis que a Sabedoria reina, mas não governa, por isso, quem pensa (no todo) precisa voltar para a caverna, alertar aos amigos. Nós vamos achar que estais louco, mas sabes que cegos estamos nós, prisioneiros acorrentados à escuridão da caverna.

Abordo "O mito da caverna", de Platão - Livro VII da República.

Eis o télos (do grego: propósito, objetivo) da Filosofia e do filósofo. Agir na cidade. Ação política. Phrônesis na Pólis.

Curso de Mitologia Grega

Curso de Mitologia Grega
As exposições mitológicas explicitam arquétipos (do grego, arché + typein = princípio que serve de modelo) atemporais e universais.

Desse modo, ao antropomorficizarem os deuses, ou seja, dar-lhes características genuinamente humanas, os antigos revelaram os princípios (arché) de sentimentos e conflitos que são inerentes a todo e qualquer mortal.

A necessidade da ordem (kósmos), da harmonia, da temperança (sophrosyne) em contraponto ao caos, à desmedida (hýbris) ou, numa linguagem nietzschiana, o apolíneo versus o dionisíaco, constitui a base de toda antiga pedagogia (Paidéia) tão cara à aristocracia grega (arístois, os melhores, os bem-nascidos posto que "educados").

Com os exponenciais poetas (aedos) Homero (Ilíada e Odisséia), Hesíodo (A Teogonia e O trabalho e os dias), além dos pioneiros tragediógrafos Sófocles e Ésquilo, dispomos de relatos que versam sobre a justiça, o amor, o trabalho, a vaidade, o ódio e a vingança, por exemplo.

O simples fato de conhecermos e atentarmos para as potências (dýnamis) envolvidas na fomentação desses sentimentos, torna-nos mais aptos a deliberar e poder tomar a decisão mais sensata (virtude da prudencia aristotélica) a fim de conduzir nossas vidas, tanto em nossos relacionamentos pessoais como indivíduos, quanto profissionais e sociais, coletivos.

AGIMOS COM MUITO MAIS PRUDÊNCIA E SABEDORIA.

E era justamente isso que os sábios buscavam ensinar, a harmonia para que os seres humanos pudessem se orientar em suas escolhas no mundo, visando atingir a ordem presente nos ideais platônicos de Beleza, Bondade e Justiça.

Estou certa de que a disseminação de conhecimentos tão construtivos contribuirá para a felicidade (eudaimonia) dos amigos, leitores e ouvintes.

Não há dúvida quanto a responsabilidade do Estado, das empresas, de seus dirigentes, bem como da mídia e de cada um de nós, no papel educativo de nosso semelhante.

Ao investir em educação, aprimoramos nossa cultura, contribuimos significativamente para que nossa sociedade se torne mais justa, bondosa e bela. Numa palavra: MAIS HUMANA.

Bem-vindos ao Olimpo amigos!

Escolha: Senhor ou Escravo das Vontades.

A Justiça na Grécia Antiga

A Justiça na Grécia Antiga

Transição do matriarcado para o patriarcado

A Justiça nos primórdios do pensamento ocidental - Grécia Antiga (Arcaica, Clássica e Helenística).

Nessa imagem de Bouguereau, Orestes (Membro da amaldiçoada Família dos Atridas: Tântalo, Pélops, Agamêmnon, Menelau, Clitemnestra, Ifigênia, Helena etc) é perseguido pelas Erínias: Vingança que nasce do sangue dos órgãos genitais de Ouranós (Céu) ceifado por Chronos (o Tempo) a pedido de Gaia (a Terra).

O crime de matricídio será julgado no Areópago de Ares, presidido pela deusa da Sabedoria e Justiça, Palas Athena. Saiba mais sobre o famoso "voto de Minerva": Transição do Matriarcado para o Patriarcado. Acesse clicando AQUI.

Versa sobre as origens de Thêmis (A Justiça Divina), Diké (A Justiça dos Homens), Zeus (Ordenador do Cosmos), Métis (Deusa da presciência), Palas Athena (Deusa da Sabedoria e Justiça), Niké (Vitória), Erínias (Vingança), Éris (Discórdia) e outras divindades ligadas a JUSTIÇA.

A ARETÉ (excelência) do Homem

se completa como Zoologikon e Zoopolitikon: desenvolver pensamento e capacidade de viver em conjunto. (Aristóteles)

Busque sempre a excelência!

Busque sempre a excelência!

TER, vale + que o SER, humano?

As coisas não possuem valor em si; somos nós que, através do nôus, valoramos.

Nôus: poder de intelecção que está na Alma, segundo Platão, após a diânóia, é a instância que se instaura da deliberação e, conforme valores, escolhe. É o reduto da liberdade humana onde um outro "logistikón" se manifesta. O Amor, Eros, esse "daimon mediatore", entre o Divino (Imortal) e o Humano (Mortal) pode e faz a diferença.

Ser "sem nôus", ser "sem amor" (bom daimon) é ser "sem noção".

A Sábia Mestre: Rachel Gazolla

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O Sábio Mestre: Antonio Medina Rodrigues (1940-2013)

O Sábio Mestre: Antonio Medina Rodrigues (1940-2013)

Você se sentiu ofendido...

irritado (em seu "phrenas", como diria Homero) ou chocado com alguma imagem desse Blog? Me escreva para que eu possa substituí-la. e-mail: mitologia@esdc.com.br