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11 de jan. de 2008

Kant: É possível a metafísica como ciência?

“Duas coisas enchem meu coração de admiração e veneração sempre renovadas e crescentes: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim”. Immanuel Kant

O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), merecidamente, figura entre as estrelas de primeira grandeza no céu estrelado sobre nós, a saber: Sócrates, Platão e Aristóteles, por exemplo. Neste artigo recortaremos o percurso de Kant ao indagar sobre a possibilidade da metafísica como ciência e, oportunamente veremos como este monumental filósofo funda a ética na racionalidade. O famoso imperativo categórico nada mais é que a razão (independente da religião) fundando a “lei moral dentro de nós”.

Para compreendermos a filosofia kantiana, convém contextualizar o momento histórico no qual suas teorias foram desenvolvidas. O filósofo francês René Descartes (1596-1650), aplicando um método de raciocínio absolutamente lógico, numa dieta sem precedentes, reduzira a compreensão da existência humana em res cogito (coisa pensante) e res extensa (coisa que possui extensão): corpo e mente. Kant foi herdeiro deste dualismo cartesiano, assim como também vivera a influência do surgimento da mecânica newtoniana. Com a física de Isaac Newton, a implicação da relação fenomenológica causa-efeito fora estabelecida. A ciência físico-matemática impõe seus sistemas de leis.

A física trata da realidade, de fatos mensuráveis e matematicamente demonstráveis. Quanto à metafísica, o termo foi utilizado pela primeira vez por Aristóteles para distinguir seus escritos de física daqueles que estavam para “além” da física. A metafísica se ocupa de abstrações intangíveis e não demonstráveis empiricamente (pela experiência) tais como a existência de objetos transcendentes, como Deus ou a Alma, por exemplo.

No início da obra Crítica da Razão Pura, Kant afirma que todo conhecimento começa com a experiência, mas logo à seguir esclarece que isso não prova que todo ele derive da experiência. Nossa mente nos pré-condiciona a alguns conhecimentos sem que haja comprovação de sua veracidade pela experiência, impressões dadas pelos sentidos.

O tempo e o espaço, por exemplo, são denominados conhecimento “a priori” porque nossa faculdade de inteligir esses conceitos são dados à nossa mente sem que haja necessidade de uma comprovação empírica.

Tempo e espaço são elementos apriorísticos porque somos (res extensa), pensamos (res cogito), enfim, quando “existimos” já contamos com eles. As demais interações que tivermos com o mundo partirão do pressuposto de que ocupamos um lugar, num tempo.

Já nossos sentidos (visão, olfato, paladar, audição e tato) nos proporcionam conhecimentos – do mundo que nos cerca e de todos os objetos que nos cercam neste mundo – por meio da sensibilidade que vem da experiência de ter tido algum tipo de contato com o que se nos apresenta. A esse tipo de conhecimento Kant denominou “a posteriori”.

Dentre os problemas sobre os quais o filósofo de Königsberg se debruça está a busca em saber se seria possível estabelecer a metafísica como ciência (lembremo-nos que ciência para Kant é a mecânica newtoniana). Entendendo-se como ciência um conhecimento universal e necessário. Universalidade significa exatamente o que a palavra diz: universal porque se cumpre em todos os casos ou que se vale sem exceção.

Já necessidade quer dizer que um enunciado é logicamente necessário quando sua negação implica uma contradição, por exemplo: se definirmos um triângulo como uma figura de três lados, logo, uma figura de três lados é um triângulo. Nas palavras de Mario Porta: “a lógica explicita a legalidade da Razão, sendo essa (a razão) a fonte da necessidade presente naquela (a lógica)”. Ciência seria conhecimento que reune as qualidades de universal e necessário . A matemática, por exemplo, trata-se de um juízo (entendimento) universal e necessário. Retomando a indagação: é possível a metafísica como ciência?

Kant conclui que não pois é impossível que comprovemos, através da racionalidade, a existência ou não de algo como a metafísica que, se existe, está fora do âmbito do que se estabeleceu como ciência (Universalidade e Necessidade).

De fato, é mesmo irracional querer comprovar com a razão algo que corre por fora dos trilhos por onde serpenteiam os vagões da racionalidade. A razão não tem como dar conta do que foge à possibilidade de entendimento ou seja, da inteligibilidade do sujeito cognoscente e a inexata metafísica, como alma d' outro mundo, vagueia para além dos domínios da razão.

Saiba Mais: Crítica da Razão Pura – Immanuel Kant. Fundação Calouste Gulberkian.
A filosofia a partir de seus problemas – Mário Ariel González Porta. Ed. Loyola.

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