"O indivíduo não realiza o sentido da sua vida se não conseguir colocar o seu "eu" a serviço de uma ordem espiritual e sobre-humana." Carl Gustav Jung
Sócrates dizia que uma vida não examinada não merecia ser vivida. Por mais que protelemos, ao ultrapassarmos mais da metade do tempo de existência, convém fazermos um balanço da vida que optamos por levar. Sim, a vida que optamos, pois, coautores, não devemos chamar de “destino” as consequências de nossas próprias escolhas.
Dito isso, de
que valeria embrenhar-se pela sabedoria dos antigos se esse empenho não
resplandecesse na vida?
De que adiantaria vencer a inércia, a apatia, às vezes
até a covardia, lutar contra os vícios, perseguindo, dia após dia, as vantagens
de se cultivar as virtudes se, ao avaliar nossos passos, não nos sentíssemos satisfeitos
com o resultado de nossas ações?
Neste mês de
março, além de comemorar 21 anos de sobrevida (em 14/03/1997, numa tentativa de
assalto, fui baleada nas costas), festejo também duas décadas de um afortunado
matrimônio que rendeu dois preciosos frutos, hoje adolescentes. Estou, enfim,
satisfeita com o que tenho me tornado.
Num exercício de
imaginação, findada essa breve passagem, de volta ao pó, se me fosse dada a
oportunidade de alertar sobre algo realmente significativo eu diria: temos prazo de validade!
A advertência acima
faz jus ao negrito, pois – mortais – não dispomos de todo o tempo do mundo para
realizar nossos sonhos, a saber, ser e fazer feliz.
Embora a
felicidade seja em si objeto da filosofia, não há necessidade de insistirmos o
quanto responder ao que é felicidade é pessoal e intransferível. No entanto, além
das necessidades básicas que precisam estar asseguradas para uma existência digna,
há angústias inerentes – “humano, demasiado humano”, às quais urge transcender.
A vida é árdua,
difícil e sujeita às vicissitudes, tem seus imprevistos e, por mais coerentes e
dotados de bom senso que possamos ser, é a heraclitiana impermanência, a
instabilidade que dá o tom.
Sem dúvida, prover
nosso sustento e os daqueles que gerarmos e estão sob nossa responsabilidade já
nos ocupa e responde por grande parte de nossas preocupações. Mas, eis que não
é somente a esse tipo de incumbência que nos atemos e, um dia, nos flagramos
pensando no que mais daria sentido à nossa vida: “A única forma de medir o
significado da nossa vida é valorizando a vida dos outros”, afirmou o
psicanalista francês Jacques Lacan.
E, em sua obra
“A Teoria dos Sentimentos Morais”, Adam Smith afirma que: "Independente de
quão egoísta possa ser o homem, há evidentemente um princípio natural que o faz
interessar-se pela sorte dos outros e considerar sua felicidade necessária para
si, mesmo que nada obtenha dela além do prazer de vê-la".
Se, quando
jovens, nossos objetivos estão prévia e relativamente delineados, à medida em
que o tempo passa e vamos envelhecendo, nossos anseios já não são assim, tão
óbvios, tão claros.
Tendo cumprido,
realizado satisfatoriamente boa parte dos nossos propósitos, insinua-se um
sorrateiro gotejar de angústia que, à revelia, instala um aplicativo que
suscita uma inefável falta de entusiasmo, um discreto sentimento de vazio e,
junto ao marasmo, vem certa apatia e carência de sentido.
Contando com
cinquenta e dois anos, vinte de casamento, doze de Carta Forense, há seis meses
vivencio uma experiência filantrópica nobilitante que alçou minha existência a um
patamar mais elevado de satisfação e de felicidade.
Para além do
núcleo familiar e de amigos próximos, há toda uma sociedade da qual participamos.
Findada nossa principal missão, a saber, a de nos formarmos, aprimorarmos nossa
técnica, cultivarmos boas relações afetivas, gerarmos e criarmos filhos, o
mundo clama por uma ação efetiva de nossa parte.
A solidariedade,
a filantropia oferece uma saída a todos aqueles que sentem que já terminaram
uma etapa, mas que isso não preenche tudo, não é tudo. Ralph Waldo Emerson está
correto quando diz que: "Uma das mais belas compensações da vida é que
nenhum ser humano pode ajudar o outro sem que esteja ajudando a si
mesmo.".
Asilos, creches,
prisões e hospitais são exemplos de lugares que descortinam realidades onde a carência
que as permeiam, preenchem os anseios de nosso espírito.
Encontramos
ainda mais sentido para nossa vida à medida em que contribuímos para a melhoria
do bem-estar dos desfavorecidos, dos desassistidos.
De "ta onta" a "ta pragmata", tive a sorte de
conhecer, através do Facebook (viva a Era de Aquário!), uma família carente de
Guaianases que conferiu ainda mais sentido à minha existência e tem sido razão
de grande felicidade.
Trata-se de um rapazinho portador de necessidades
especiais, Jamesson, cujo trabalho encontra-se disponível aqui mesmo, em nosso blog, sob o
título “Como ajudar a nós mesmos” (confira AQUI).
Penso que a
afirmação, do senso comum, de que "a caridade deve ser anônima, do
contrário é vaidade" encerra um perverso estigma que eclipsa a propagação
da bondade, do Bem, da LUZ. Portanto, ajude, ampare, propague, compartilhe,
contagie. Até porque a “compaixão é [mesmo] a parte mais bela da sabedoria”.
Obs.: Eis os
dados bancários da mãe do Jamesson, d. IVANILDA MEDEIROS - Banco Itaú -
Ag.
7471 - c/c. 06.353-2 CPF 298.272.644/00
E, se você realizar ou tiver realizado alguma ação de cunho filantrópico que queira relatar, sinta-se à vontade para compartilhar conosco na área de comentários abaixo. Muitíssimo grata!
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