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1 de set. de 2010

Pluto - A Riqueza (Parte II)

Testa Di Vecchia – Antonio Carneo

Prosseguindo na comédia de Aristófanes sobre Pluto, o deus da Riqueza, conheceremos Blepsidemo, o incrédulo amigo do camponês Crêmilo; testemunharemos a expulsão da Pobreza, indignada com a nova ordem das coisas, a aflição de uma velha patética, lamentando o abandono do amante e a ardilosidade de Hermes, buscando “emprego”, agora que o Olimpo faliu.

Ao saber que o deus da Riqueza era realmente cego, Blepsidemo interpreta: “Ora aí está, porque nunca foi a minha casa”. Constatando banimento, chega a Pobreza: “Oh, empresa temerária, sacrílega e ilegal, o que dois homens de nada, os desgraçados, tentam fazer!”

Crêmilo pergunta: “E tu quem és? Pareces-me pálida!”. Blepsidemo diz que talvez seja a Erínia, vinda da tragédia. “Tem um olhar de loucura e de tragédia”.

Com altivez, indaga a Pobreza: “sabes quem eu sou?”. E Crêmilo: “Uma taberneira ou regateira”. Ela prossegue: “Ah, sim? Não procederam vocês de forma mais ameaçadora, ao procurarem expulsar-me de toda a terra? (...) A Pobreza é que eu sou, a pobreza que vive convosco, há muitos anos”.

Em pânico, Blepsidemo avisa que irá fugir: “É a Pobreza, oh velhaco, o animal mais daninho que jamais existiu (...). Qual é a couraça, qual é o escudo que esta enorme patifa não faz pôr... no prego?” Crêmilo tenta contê-lo: “Coragem, porque o nosso deus sozinho, é bom que o saibas, é capaz de erguer um troféu de vitória contra as manhas desta fulana”.

A Pobreza protesta: “E vós ainda ousais, parelha de imbecis, grunhir, apesar de apanhados em flagrante fazendo coisas monstruosas? (...) estais convencidos de que não me prejudicais nada, ao tentar fazer com que Pluto recupere a vista?”

Mas o camponês está convencido de que fez o bem, expulsando-a da Grécia.

Pobreza argumenta que isso é o maior mal que se pode fazer aos homens e, imbuída de dar-lhes suas razões diz: “E se vos provar que só eu sou a causa de todos os bens que gozais e que é, graças a mim, que vós viveis...”.

Crêmilo alega que se Pluto não vaguear como cego “dirigir-se-á àqueles homens que são bons e não os abandonará. E fugirá dos maus e ateus. E depois fará que todos sejam bons e ricos – naturalmente – e respeitadores da divindade. E quem jamais poderá descobrir alguma coisa melhor do que isso, para os homens?”

Ela diz que isso não seria útil “Se Pluto voltasse a ver de novo e se repartisse por igual, ninguém mais dentre os homens se preocuparia com a arte ou com a sabedoria. E tendo vós feito desaparecer estas duas, quem quererá trabalhar os metais, construir navios, coser tecidos, fazer rodas, cortar o couro, moldar tijolos, lavar, fazer correias ou ‘com o arado rasgando da terra a superfície, colher o fruto de Deméter’, se vos for possível viver na ociosidade sem vos preocupardes com isso?”

Os criados que agüentem, diz Crêmilo. Pobreza quer saber onde Crêmilo os arranjará e ele diz que comprando. Ela quer saber quem é que os venderá se também tem dinheiro: “Alguém que queira ganhar, um comerciante que chegue da Tessália, onde há insaciáveis ladrões de escravos”.

Pobreza esclarece que não haverá traficantes de escravos, que sendo rico, ninguém arriscará a própria vida nisso e que, desse modo, ele mesmo será obrigado a lavrar o campo, cavar e colher: “(...) em tudo o mais e levarás uma vida muito mais dolorosa do que a atual”.

Não haverá quem faça camas, tapetes, perfumes, mantos: “de que vale ser rico, estando privado de tudo isso? Comigo, todavia, está à vossa disposição tudo aquilo de que precisais, porque eu fico aqui, como uma patroa que força o trabalhador manual, por meio da necessidade e da pobreza, a procurar meios de vida”.

Crêmilo começa a descrever os infortúnios da pobreza: falta de higiene, piolhos, fome, andrajos em vez de um manto, esteira de junco, ao invés de uma cama, pedra, no lugar de travesseiros e inquire: “Não estou eu mostrando que tu és a causa de muitos bens para todos os homens?”

Injuriada, Pobreza contesta, pois isso não é sua vida, mas a dos mendigos, que nada têm. E Crêmilo: “Então não é verdade que se diz que a pobreza é irmã da mendicidade?”

Ela diz que sua vida não passa por tais carências e que nem há de passar: “Mas a vida do pobre é a de quem poupa e se aplica ao trabalho, a quem nada sobra, decerto que não, mas também nada falta”. Crêmilo provoca: “Que feliz, ó Deméter, essa vida do pobre de quem tu falas, se depois de poupar e de penar não deixará com que ser enterrado”.

Convicta de seus predicados até no aspecto físico das pessoas, assinala que os ricos são gordos: “Ao passo que os meus são magros, de cintura de vespa, e incômodos aos inimigos”. Irônico, Crêmilo retruca: “É talvez com a fome, que tu lhes arranja a cintura de vespa”.

Pobreza diz então que a moderação (sophrosyne é o que há de mais caro aos gregos) mora com ela e que Pluto é a própria insolência. Crêmilo cita os ladrões e conclui que furtar e arrombar as casas é o cúmulo da moderação.

Imbuída de provar o quanto a riqueza corrompe, Pobreza diz que basta observar os políticos, que enquanto pobres, são justos com o povo, mas que basta enriquecerem com o dinheiro público para, imediatamente, se tornarem injustos e conspirarem contra a plebe.

Crêmilo reconhece que nisso, a Pobreza tem toda razão, mas roga que não tente se enfeitar, persuadindo-os que é melhor que a riqueza. Senão, diz ele, “como é que todos fogem de ti?”.

Pobreza exclama que os faz melhores. “Pode ver-se muito bem o que acontece com as crianças. Fogem dos pais, porque estes só querem o bem delas. De tal modo, conhecer o que é justo é coisa difícil”.

Irredutível, Crêmilo expulsa Pobreza, que se vai, com a ameaça de que ele ainda haverá de chamá-la. Aliviado, Blepsidemo diz: “Sim, por Zeus, eu quero enriquecer e viver regaladamente com filhos e mulher e, depois de tomar banho, sair reluzente do balneário, a dar peidos para os artesãos e para a Pobreza”.

Eis que entra um denunciante (Sicofanta) com uma testemunha: “Infeliz de mim, como estou perdido, desgraçado que sou! (...) estou submerso num destino cheio de infelicidades”.

Confessa ter perdido tudo o que tinha por causa desse deus que há de voltar a ser cego, se a justiça não o abandonar. Crêmilo inquiri: “Por ventura, era tu dos patifes e dos arrombadores?”.

O denunciante protesta a insolência. Um Justo pergunta se é lavrador e ele diz que não é assim tão maluco. Negociante, então? “Sim, finjo sê-lo, quando convém”. O Justo prossegue: “Se não aprendeste um ofício, como ganhavas a vida ou donde, se nada fazias?”

Diz-se, então, curador dos negócios da cidade e de todos os negócios particulares. O Justo fica indignado. E o denunciante: “Não me diz respeito prestar serviços à minha cidade, pateta, na medida das minhas forças?”.

Sagaz, prossegue: “Sim senhor, é socorrer as leis existentes e não deixar passar, se alguém prevarica”. E o Justo: “Então a cidade não estabelece expressamente que os juízes superintendam nessa matéria?”.

Presunçoso o denunciante pergunta: “E quem é o acusador?”, ao que o Justo responde: “Quem quiser”. O patife afirma que esse tal é ele, por tal forma que nele vêm a dar os negócios da cidade. Carião diz que o denunciante, que agora foge, não merece o que come.

Entra uma velha que, desolada, pergunta a Crêmilo se chegara à casa de Pluto: “Acabo de sofrer ofensas terríveis e contra a lei, meu querido. Desde que esse deus começou a ver, ele fez com que minha vida não se pudesse viver”.

Crêmilo fica curioso e a coroa então prossegue: “Ora ouve! Eu tinha um mocinho por amigo, pobrezinho, mas bem apessoado e belo e bom. Se eu precisava de alguma coisa, ele tudo fazia ao meu serviço com delicadeza e graça. E eu, pela minha parte, servia-o em todos os seus desejos”.

Salienta que o rapaz não pedia muito porque tinha nela um acanhamento excepcional. Crêmilo a assegura que: “É de fato um homem com um amor muito excepcional”.

Ela diz que agora rico, o desavergonhado foge de suas investidas, dizendo que “outrora eram poderosos os milésios”. Crêmilo não se contém: “(...) já não se contenta com sopa de lentilhas. Dantes, levado pela pobreza, comia de tudo”.

Inconformada, a velha diz que antes, o rapaz vinha todos os dias à sua porta: “E dizia que eu tinha as mãos lindíssimas...”. “Principalmente, quando exibiam as vinte dracmas”, satiriza Crêmilo. Ingênua, prossegue nostálgica: “E afirmava que a minha pele cheirava bem... (...) que meu olhar era terno e belo...!”.

Crêmilo conclui que não era bronco o sujeito, “sabia comer os recursos de uma velha no cio”. Ela insiste que é injusto que não receba recompensa nenhuma. Ele pergunta se por acaso o rapaz não retribuía a cada noite. Ela diz que sim, mas que havia prometido jamais abandoná-la enquanto fosse viva. Sarcástico, Crêmilo ironiza: “E agora crê que tu já não vives”.

Eis que, passa o rapazinho e a cumprimenta cerimoniosamente: “As minhas saudações! (...) vetusta amiga (...)”. Isso a mortifica: “Infeliz de mim, pela insolência com que sou tratada”. Crêmilo diz parecer que há muito tempo não a vê. “Qual muito tempo, ó infeliz! Ele esteve em minha casa, ontem!”.

O jovenzinho aproveita para troçar perguntando se a velha quer brincar um pouco. Quando ela se anima e pergunta de que brincadeira, ele diz: “Quantos dentes tens”. Crêmilo arrisca: “Mas sabê-lo-ei, também eu. Tem talvez uns três ou quatro”. E o jovem: “Paga! Só é portadora de um molar”. Empolgados, fazem pilhérias aviltantes.

Chega Hermes dizendo que Zeus está furioso porque ninguém sacrifica coisa alguma aos deuses. Carião rememora que no passado, os deuses mal se preocupavam com o povo. Aflito, Hermes confessa: “Mas com os outros deuses pouco me ralo, eu é que estou perdido e destruído (...).

Outrora mensageiro dos deuses, Hermes implora: “Não guardes ressentimento, agora que estais por cima. Mas recebei-me como companheiro de casa, pelos deuses”. Carião se espanta: “O quê? Achas correta a tua deserção?” Ao que ele responde: “Pátria é toda a terra onde alguém é feliz”.

Hermes enumera seus talentos e Carião o deixa entrar: “Como é bom ter muitas invocações! Não é sem razão que todos os juízes se apressam a fazer-se inscrever em muitas letras”.

A peça finda com a chegada do Sacerdote de Zeus, dizendo estar morto de fome, pois as pessoas só entram no templo para fazer as necessidades: “Portanto, também eu creio que vou mandar passear Zeus Salvador e ficar aqui mesmo”.

23 comentários:

Anônimo disse...

Uau! É muito mais que gozado ou artístico: é filosofia econômica pura!

Muito obrigado, Lu!

Kleber

Luciene de Morais disse...

Muito divertido. E verdadeiro!
Continue nos brindando com seu conhecimento, Lu. Parabéns!

Gean disse...

A sensação de se está rodeado de deuses é boa!(o monoteísmo é monôtono! rs)
Sabe Lu,é animadora a ideia de velha no cio! (Suzana Vieira,lá vou eu!)


Pluto,um deus 'contagioso'...
Tbm diria que uma vez que Pluto visita uma casa ,deixa uma especie de 'contagio' que vai passando de geração a geração! rs

Ri muito, divertido pra dedel!

Um beijão bem grandão estimada Lu Felix.

Luciene Felix disse...

Kleber entende muito de economia: certamente sabe o que diz.

Luciene, o conhecimento é deles, como uma espécie de Hermes, apenas trago-os para + pertinho de nós.

Gean, fica desarmonioso, né? Mas, cada um(a) sabe de si; e os deuses, de todos, rs.
Mil beijos amigos,

Lu.
PS.: Tô na correria: setembro é mês de levar a prole aos especialistas e conferir se está tudo ok. Aparentemente sim.

Anônimo disse...

Luciene passei para conhecer seu blog ele é not°10, show, espetacular desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
Um grande abraço e tudo de bom
Ass:Rodrigo Rocha

Luciene Felix disse...

Olá Rodrigo,

Que legal receber seu comentário amigo: hiper blog foi ótimo!

Graças aos deuses, por enquanto, tudo segue iluminado; hoje constatamos uma leve miopia em nossa primogênita... herança de papai e mamãe, rs.

Um grande abraço e tudo de bom para você e os que ama também.

Beijos,

lu.
PS.: Quando puder, divulgue-o.

Daniela Scheifler disse...

Querida,

Amei teu blog. Amei as imagens, amo o Waterhouse. As esculturas: O rapto de Perséfone e Eros e Psiquê as vi ao vivo. A primeira na Galleria Borghese em Roma e a segunda no Louvre, em Paris. E são magníficas, assim com as histórias que as inspiraram e que você traz aqui.

Parabéns! Vou lincar no Baile o Seu conhecimento sem fronteiras :-)

beijos, beijos

Luciene Felix disse...

Querida Dani,

Se aprecias Waterhouse, amas também Alma Tadema. Quanto às esculturas, "o rapto de Perséfone" de Bernini, é paralizante: o que é aquele Hades? Kkkk Eventualmente, vejo os donos (Borgheses), mas infelizmente nunca vi a obra pessoalmente. Quem sabe no próximo ano. Ah, estamos linkadas!

Mil beijos e que os deuses a abençoem sempre pisciana linda!

lu.

Daniela Scheifler disse...

Menina, não conheço o ALma Tadema, vou procurar, obrigada! Eu morei 3 anos e meio na Itália e procurei ver tudo que pude por lá. Esse rapto de Perséfone é maravilhoso! E Hades é phoda né? kkkkk que pegada!!!!

beijos, lindona! E obrigada pelo carinho. Que os deuses nos abençoem sim, amém!

Luciene Felix disse...

Pois é querida,

A "pegada de Hades", paradoxalmente, nos eleva ao Olimpo! E, eventualmente, carrega às profundezas, rs.

Mil beijos,

lu

Gisela Lacerda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciene Felix disse...

teste....

Finalmente, "Mulher de César", digo, de Marcelo Lamy.

Gisela Lacerda disse...

Engraçada esse frase do Brecht sobre "ser criminoso quando não se passar o conhecimento", porque pego-me atualizando e adaptando a mesma aos nossos tristes tempos de falso feminismo. Explico: se ele soubesse quanto ganha uma mulher professora de línguas solteira, sinceramente não repetiria essa frase hoje. Dá no máximo pra pagar uns batons da Avon. Se eu me casar e o marido pagar toooooodas as contas, eu juro que eu me enfio num curso ganhando de 13 a 18 a hora para enriquecer administrador que não faça nem sua própria língua, de seu país, materna.

Voilà. A minha visão é essa. Triste fim de Isolda-Policarpo.... hehehe Beijos

Luciene Felix disse...

Querida Gisela,

Desconfio que Brecht não estava se referindo a cobrar ou não pelos préstimos, mas chamando a atenção para o quão nobilitante é transmitir saberes adquiridos. E, em contrapartida, o quanto é mesquinho não compartilhar o que se sabe.

Do ponto de vista pecuniário, nevrálgica essa questão. Compreendo sua angústia.

Penso que lecionar é quase um sacerdócio e, como tal, até compatível com certo “voto de pobreza”, rs. Bem, não me lembro se foi Sócrates ou Platão quem afirmou que, para fazer filosofia é preciso estar comido, bebido, dormido e vestido. Urge que estejamos com as necessidades básicas supridas. Obviamente, até mesmo esse “básico” difere de pessoa para pessoa.

Pessoalmente, tive muita sorte, pois foi o êxito em minha primeira profissão que possibilitou embrenhar-me nessa salutar e inestimável atividade: contemplar. E essa, por sua vez, me fez tão desprendida que não sinto necessidade sequer de um batom, nem mesmo da Avon. Numa dessas, também descobri que hipoglós é o melhor creme para a pele.

Com o Sol na II, na Casa do touro/vênus/afrodite, sou muito feminina Gisela.

Creio que a mais nobre tarefa de uma mulher é cuidar da casa, amar o marido, parir seus filhos e honrar o lar. Tive a sorte de me casar com um homem bastante distinto, estudioso, responsável e muito trabalhador. Contribuo zelando por seu completo bem estar, ajudo-o em tudo, dentro e fora de casa, além de fornecer todas as condições para que possa suprir nossas necessidades.

Ainda solteira, conquistei minha sobrevivência. Franciscana, transmitiria meus parcos conhecimentos como geralmente o faço: gratuitamente. Embora nada falte, não sou consumista. Diferente da grande maioria das mulheres, sou fiel a um perfume (gosto de exalar o mesmíssimo aroma); detesto penduricalhos, odeio trocar de bolsa e por mais da metade do ano, meu calçado predileto é um par de botas.

Meu ponto fraco (todos temos nosso calcanhar de Aquiles) são as viagens e os livros; mas no limite, no limite, existem as bibliotecas públicas, os sebos e os xerox’s, rs. Livros são grandes viagens. Mas nisso (olhe a sorte me sorrindo outra vez), me casei com um Sagitariano que, regido pelo próprio Zeus/Júpiter, como bem o sabes, é detentor da mais diversificada e fascinante biblioteca de todo zodíaco.

Preocupante mesmo minha amiga, seria arcar sozinha com a educação da prole que, presumo ainda não tens (porque enriquecer administrador?). Daí, questão de prioridade, essa vida de contemplação e de transmissão de saberes ficaria para quando pudesse, Deus quisesse e o $ desse, rs.

Mil beijos,

Lu.

Anônimo disse...

Querida amiga,

Achei que tinha sido excluído daquele rol dos "vips" que têm o privilégio de ler seus artigos antes.

Ainda que não os recebesse por meio virtual, leio-os (e arquivo-os todos!!) em impresso.

Sei que não há necessidade dos elogios comuns, muito menos vindo de um ilustre ignorante da matéria, mas pode acreditar que seus artigos, a cada edição, ficam mais interessantes.

Eu tenho um critério absolutamente próprio para aferir/criticar um artigo jurídico ou de interesse geral: a suportabilidade dos primeiros parágrafos.

Os seus, leio-os até o final. Leio e sinto seu desenvolver, mesclando os fatos históricos com a aplicação jurídica da época, e seu transcendente transportar para a realidade.

Parabéns pela forma maravilhosa de tornar didática uma matéria complexa.

COSENZO

Gisela Lacerda disse...

Oi, Luciene. Usaste uma linguagem mais rebuscada e fiquei até sem graça de responder. ;-))

Eu sempre vivi exatamente assim por toda minha vida e viagens e livros também estão entre meus prazeres preferidos. Nunca fui consumista e tive mãe (mesmo que até meus 8 anos), pai e avó que me proporcionaram bens impossíveis de serem comprados ou adquiridos num mercado. Sou grata a eles.

De qualquer forma, como diz um outro ditado: "nice things are nice" e sinceramente eu cansei de fazer caridade e um ex-namorado mostrou-me o quanto eu me jogava fora nessa coisa de "medo do consumo" e aceitando apenas "brechó familiar". Chega uma hora que nos sentimos meio lixo. Gosto de ficar bonita com essas "nice things", mas é verdade que posso me sentir bonita sem elas. Comprar quando se tem dinheiro para tal é um bem inestimável também. É um grande prazer.

Não sei em qual contexto Brecht disse essa frase e fui clara no meu comentário quando a essa parte. Talvez ele venha nos meus sonhos explicar. Espero. ;-))

E é verdade que podemos transfir os saberes todos os dias.

Beijos, minha bela!

ps: meus bens duram horrores e um batom da Avon custa 14 reais. ;-))Não sei onde você mora, mas no Rio ganhamos mal e é tudo muito caro.

Gisela Lacerda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciene Felix disse...

Que é isso menina?
A linguagem que conta é a da Alma.
(É que aparecem pessoas importantes da área jurídica por aqui, até ilustres Presidentes ultra/super/mega do Bem, rs).

Lamento muito por saber de sua mãezinha... saiba que ela "olha" por você minha querida. Sabe Gisela, muito do que somos, deve-se ao que passamos... em 14 de março de 1997, numa tentativa de assalto, tomei um tiro nas costas.

Como disse, minha primeira carreira me proporcionou muito do que anseias. Eu dispunha de uma renda bem razoável pra torrar em Maresias (a Búzios do rio) sem precisar trabalhar (intermediei um vultoso contrato de seguro).
Sobrevivendo, fui procurar atuar como voluntária e me disseram que não havia vagas. Eu tinha recursos, mas não encontrava trabalho.

Persisti em meu sonho. Numa das primeiras turmas que lecionei (ONG de inclusão sócio-educacional) fui aplaudida de pé, me emocionei demais e compreendi que finalmente tinha encontrado minha vocação. Como disse, exceto pela cria, não abandonaria o que faço por nada, absolutamente nada nesse mundo.

Há uma frase de Stewart Emery que diz: "Você nunca vai ter o suficiente daquilo de que não precisa".

Tenho tudo o que preciso: propósito.
Inestimável, para mim esse é o maior prazer do mundo.

Mil beijos, durma com os anjos e que os deuses a abençoem sempre bela Gisela.

lu.
PS.: A 8ª é ganho dos outros. Você tem um stellium, com Júpiter e tudo! Tenha fé.

Gisela Lacerda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gisela Lacerda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gisela Lacerda disse...

Esqueci: vem muita gente da área jurídica? Meu vô e meu bisavô maternos eram grandes juristas. O segundo importantíssimo. Só que eu não ponho meu nome todo no Blogger, nem gosto de falar. Mas orgulho-me de ser sua bisneta.
;-) E só quando crescemos passamos a ver melhor essas coisas, dar valor, pesquisar.

SARASWATTI disse...

Luciene,

Estou impressionada com o seu blog de gosto irreprovável!

Parabéns!
Beijos da Ben.

Luciene Felix disse...

Uau!

Que show Ben.
Ficou melhor agora, com seu Epicuro (Ser Felix), rs.
Mil beijos e apareça sempre,

lu.
PS.: Dani, busque também Godward.

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Eis que a Sabedoria reina, mas não governa, por isso, quem pensa (no todo) precisa voltar para a caverna, alertar aos amigos. Nós vamos achar que estais louco, mas sabes que cegos estamos nós, prisioneiros acorrentados à escuridão da caverna.

Abordo "O mito da caverna", de Platão - Livro VII da República.

Eis o télos (do grego: propósito, objetivo) da Filosofia e do filósofo. Agir na cidade. Ação política. Phrônesis na Pólis.

Curso de Mitologia Grega

Curso de Mitologia Grega
As exposições mitológicas explicitam arquétipos (do grego, arché + typein = princípio que serve de modelo) atemporais e universais.

Desse modo, ao antropomorficizarem os deuses, ou seja, dar-lhes características genuinamente humanas, os antigos revelaram os princípios (arché) de sentimentos e conflitos que são inerentes a todo e qualquer mortal.

A necessidade da ordem (kósmos), da harmonia, da temperança (sophrosyne) em contraponto ao caos, à desmedida (hýbris) ou, numa linguagem nietzschiana, o apolíneo versus o dionisíaco, constitui a base de toda antiga pedagogia (Paidéia) tão cara à aristocracia grega (arístois, os melhores, os bem-nascidos posto que "educados").

Com os exponenciais poetas (aedos) Homero (Ilíada e Odisséia), Hesíodo (A Teogonia e O trabalho e os dias), além dos pioneiros tragediógrafos Sófocles e Ésquilo, dispomos de relatos que versam sobre a justiça, o amor, o trabalho, a vaidade, o ódio e a vingança, por exemplo.

O simples fato de conhecermos e atentarmos para as potências (dýnamis) envolvidas na fomentação desses sentimentos, torna-nos mais aptos a deliberar e poder tomar a decisão mais sensata (virtude da prudencia aristotélica) a fim de conduzir nossas vidas, tanto em nossos relacionamentos pessoais como indivíduos, quanto profissionais e sociais, coletivos.

AGIMOS COM MUITO MAIS PRUDÊNCIA E SABEDORIA.

E era justamente isso que os sábios buscavam ensinar, a harmonia para que os seres humanos pudessem se orientar em suas escolhas no mundo, visando atingir a ordem presente nos ideais platônicos de Beleza, Bondade e Justiça.

Estou certa de que a disseminação de conhecimentos tão construtivos contribuirá para a felicidade (eudaimonia) dos amigos, leitores e ouvintes.

Não há dúvida quanto a responsabilidade do Estado, das empresas, de seus dirigentes, bem como da mídia e de cada um de nós, no papel educativo de nosso semelhante.

Ao investir em educação, aprimoramos nossa cultura, contribuimos significativamente para que nossa sociedade se torne mais justa, bondosa e bela. Numa palavra: MAIS HUMANA.

Bem-vindos ao Olimpo amigos!

Escolha: Senhor ou Escravo das Vontades.

A Justiça na Grécia Antiga

A Justiça na Grécia Antiga

Transição do matriarcado para o patriarcado

A Justiça nos primórdios do pensamento ocidental - Grécia Antiga (Arcaica, Clássica e Helenística).

Nessa imagem de Bouguereau, Orestes (Membro da amaldiçoada Família dos Atridas: Tântalo, Pélops, Agamêmnon, Menelau, Clitemnestra, Ifigênia, Helena etc) é perseguido pelas Erínias: Vingança que nasce do sangue dos órgãos genitais de Ouranós (Céu) ceifado por Chronos (o Tempo) a pedido de Gaia (a Terra).

O crime de matricídio será julgado no Areópago de Ares, presidido pela deusa da Sabedoria e Justiça, Palas Athena. Saiba mais sobre o famoso "voto de Minerva": Transição do Matriarcado para o Patriarcado. Acesse clicando AQUI.

Versa sobre as origens de Thêmis (A Justiça Divina), Diké (A Justiça dos Homens), Zeus (Ordenador do Cosmos), Métis (Deusa da presciência), Palas Athena (Deusa da Sabedoria e Justiça), Niké (Vitória), Erínias (Vingança), Éris (Discórdia) e outras divindades ligadas a JUSTIÇA.

A ARETÉ (excelência) do Homem

se completa como Zoologikon e Zoopolitikon: desenvolver pensamento e capacidade de viver em conjunto. (Aristóteles)

Busque sempre a excelência!

Busque sempre a excelência!

TER, vale + que o SER, humano?

As coisas não possuem valor em si; somos nós que, através do nôus, valoramos.

Nôus: poder de intelecção que está na Alma, segundo Platão, após a diânóia, é a instância que se instaura da deliberação e, conforme valores, escolhe. É o reduto da liberdade humana onde um outro "logistikón" se manifesta. O Amor, Eros, esse "daimon mediatore", entre o Divino (Imortal) e o Humano (Mortal) pode e faz a diferença.

Ser "sem nôus", ser "sem amor" (bom daimon) é ser "sem noção".

A Sábia Mestre: Rachel Gazolla

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O Sábio Mestre: Antonio Medina Rodrigues (1940-2013)

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