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21 de fev. de 2008

Etiqueta: entre a virtude e a hipocrisia



"Minha cara, intimidades geram duas coisas: filhos e mal-entendidos. E não pretendo ter nenhum dos dois com a senhora".

Jânio Quadros (a uma jornalista que o tratou por "você")


Existir é existir com. Para que possamos desfrutar de uma, senão de todo harmoniosa, ao menos perfeitamente suportável, convivência com nossos semelhantes, algumas regras de conduta social são fundamentais. Assim, evita-se a barbárie e o inferno que podem surgir da proximidade. E quanto mais próximos, maior a possibilidade de conflitos pois como dizem, é fácil amar a humanidade, difícil é amar o próximo.


Dentre os modos pelos quais se regulam as relações humanas em sociedade, contamos com o Direito e seus contratos. Zoopolitikon, será nas relações cotidianas que as regras de etiqueta, a cortesia e a polidez terão a função social do respeito pelo outro, por sua diferença, promovendo a concórdia (cordis, coração) entre os indivíduos chamados a viver juntos.


Certos de que as boas maneiras antecedem as boas ações e conduzem a elas, pelo exemplo, pela tradição oral, preocupamo-nos em ensinar aos pequenos algumas regrinhas básicas de boa educação: “por favor”, “obrigada”, “desculpe” etc., além de orientá-los quanto à linguagem, comedimento nos gestos, respeitar os mais velhos, não roubar e não mentir, por exemplo. É assim que, desde cedo, aprendemos a respeitar e a nos fazer respeitar.


A palavra etiqueta, é oriunda de duas fontes, grega e francesa e terão ainda dois significados distintos. O éthos grego refere-se a conduta, comportamento. Também do grego, a palavra stikos significa lugar. Já a “pequena ética”, que reduz a ética (éthos) a uma apresentação aprazível, portanto, estética do bom e do belo, a étiquette francesa é, segundo Renato Janine Ribeiro “originalmente um escrito num saco de processo, que servia nos tribunais para se identificar os documentos, portanto, os nomes das duas partes e do procurador [...]. Em 1580, etiqueta é qualquer pedaço de papel afixado a um objeto para informar sua natureza, conteúdo, características, preço etc. Mas ao migrar da corte jurídica às formas político-sociais, a etiqueta retorna à sua etimologia de rótulo e, com todo seu ritual, mesclando fascínio e intimidação, passa a explicitar a indicação do lugar do indivíduo na hierarquia social”.


A etiqueta almeja civilizar os costumes e esses se alteram ao longo da história. Houve época em que não existiam sequer talheres; independente da classe econômico-social comia-se com as mãos. No século XIII Tannhäuser orienta que “não se deve palitar os dentes com a faca, afrouxar o cinto sentando-se à mesa, assoar-se com a mão durante as refeições, devolver à travessa os restos do que comeu”. Em 1558 o arcebispo Giovanni della Casa, além de propor que o homem reduza o número de cusparadas, orienta: “Tu não deves, depois de te assoares, abrir o lenço e olhar o que este contém, como se pérolas ou rubis te houvessem descido do cérebro pelo nariz”. Em 1672 não é mais admissível que se boceje diante dos outros nem que se cuspa no chão.


As regras de etiqueta, convenções sociais reconhecidamente aceitáveis, além de exprimir um rito prazeroso de reiteração da ordem social permitirão ainda exercer a cortesia que tanto dignifica e honra quem a pratica. E a cortesia está intimamente ligada à honra pois: “Se a etiqueta prevê, com exatidão, até mesmo quem deve tomar a iniciativa de estender a mão ou cumprimentar, ela também abre iniciativa à cortesia: a honra não está apenas em ser o primeiro, está muitas vezes em saber ceder este lugar. É honroso honrar, ou (em outras palavras) só quem tem honra pode oferecê-la.”


Vaidosos, desde os primórdios de nossa sociedade guerreira, a questão da honra refere-se à avaliação pública sobre o respeito que os indivíduos julgam merecer. A honra está portanto, intimamente ligada ao orgulho, ao amor-próprio, ao anseio de imortalidade e a distinção que se deseja obter entre os semelhantes. Nada mais nobre.


Leia esse artigo na íntegra no site da ESDC: http://www.esdc.com.br/


2 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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Eis que a Sabedoria reina, mas não governa, por isso, quem pensa (no todo) precisa voltar para a caverna, alertar aos amigos. Nós vamos achar que estais louco, mas sabes que cegos estamos nós, prisioneiros acorrentados à escuridão da caverna.

Abordo "O mito da caverna", de Platão - Livro VII da República.

Eis o télos (do grego: propósito, objetivo) da Filosofia e do filósofo. Agir na cidade. Ação política. Phrônesis na Pólis.

Curso de Mitologia Grega

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As exposições mitológicas explicitam arquétipos (do grego, arché + typein = princípio que serve de modelo) atemporais e universais.

Desse modo, ao antropomorficizarem os deuses, ou seja, dar-lhes características genuinamente humanas, os antigos revelaram os princípios (arché) de sentimentos e conflitos que são inerentes a todo e qualquer mortal.

A necessidade da ordem (kósmos), da harmonia, da temperança (sophrosyne) em contraponto ao caos, à desmedida (hýbris) ou, numa linguagem nietzschiana, o apolíneo versus o dionisíaco, constitui a base de toda antiga pedagogia (Paidéia) tão cara à aristocracia grega (arístois, os melhores, os bem-nascidos posto que "educados").

Com os exponenciais poetas (aedos) Homero (Ilíada e Odisséia), Hesíodo (A Teogonia e O trabalho e os dias), além dos pioneiros tragediógrafos Sófocles e Ésquilo, dispomos de relatos que versam sobre a justiça, o amor, o trabalho, a vaidade, o ódio e a vingança, por exemplo.

O simples fato de conhecermos e atentarmos para as potências (dýnamis) envolvidas na fomentação desses sentimentos, torna-nos mais aptos a deliberar e poder tomar a decisão mais sensata (virtude da prudencia aristotélica) a fim de conduzir nossas vidas, tanto em nossos relacionamentos pessoais como indivíduos, quanto profissionais e sociais, coletivos.

AGIMOS COM MUITO MAIS PRUDÊNCIA E SABEDORIA.

E era justamente isso que os sábios buscavam ensinar, a harmonia para que os seres humanos pudessem se orientar em suas escolhas no mundo, visando atingir a ordem presente nos ideais platônicos de Beleza, Bondade e Justiça.

Estou certa de que a disseminação de conhecimentos tão construtivos contribuirá para a felicidade (eudaimonia) dos amigos, leitores e ouvintes.

Não há dúvida quanto a responsabilidade do Estado, das empresas, de seus dirigentes, bem como da mídia e de cada um de nós, no papel educativo de nosso semelhante.

Ao investir em educação, aprimoramos nossa cultura, contribuimos significativamente para que nossa sociedade se torne mais justa, bondosa e bela. Numa palavra: MAIS HUMANA.

Bem-vindos ao Olimpo amigos!

Escolha: Senhor ou Escravo das Vontades.

A Justiça na Grécia Antiga

A Justiça na Grécia Antiga

Transição do matriarcado para o patriarcado

A Justiça nos primórdios do pensamento ocidental - Grécia Antiga (Arcaica, Clássica e Helenística).

Nessa imagem de Bouguereau, Orestes (Membro da amaldiçoada Família dos Atridas: Tântalo, Pélops, Agamêmnon, Menelau, Clitemnestra, Ifigênia, Helena etc) é perseguido pelas Erínias: Vingança que nasce do sangue dos órgãos genitais de Ouranós (Céu) ceifado por Chronos (o Tempo) a pedido de Gaia (a Terra).

O crime de matricídio será julgado no Areópago de Ares, presidido pela deusa da Sabedoria e Justiça, Palas Athena. Saiba mais sobre o famoso "voto de Minerva": Transição do Matriarcado para o Patriarcado. Acesse clicando AQUI.

Versa sobre as origens de Thêmis (A Justiça Divina), Diké (A Justiça dos Homens), Zeus (Ordenador do Cosmos), Métis (Deusa da presciência), Palas Athena (Deusa da Sabedoria e Justiça), Niké (Vitória), Erínias (Vingança), Éris (Discórdia) e outras divindades ligadas a JUSTIÇA.

A ARETÉ (excelência) do Homem

se completa como Zoologikon e Zoopolitikon: desenvolver pensamento e capacidade de viver em conjunto. (Aristóteles)

Busque sempre a excelência!

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TER, vale + que o SER, humano?

As coisas não possuem valor em si; somos nós que, através do nôus, valoramos.

Nôus: poder de intelecção que está na Alma, segundo Platão, após a diânóia, é a instância que se instaura da deliberação e, conforme valores, escolhe. É o reduto da liberdade humana onde um outro "logistikón" se manifesta. O Amor, Eros, esse "daimon mediatore", entre o Divino (Imortal) e o Humano (Mortal) pode e faz a diferença.

Ser "sem nôus", ser "sem amor" (bom daimon) é ser "sem noção".

A Sábia Mestre: Rachel Gazolla

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O Sábio Mestre: Antonio Medina Rodrigues (1940-2013)

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