SE VOCÊ PENSAR, VAI DESCOBRIR QUE TEMOS MUITO A APRENDER.

luciene felix lamy EM ATO!

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1 de dez. de 2016

O Ideal...


Origem (Gen) é fundamental, portanto, o ideal é que fossemos frutos do amor apropriado (não somente hormônios em ebulição) entre nossos genitores e que eles nos recebessem com muito carinho, empenhando-se em nos proporcionar alimento, educação, segurança e saúde, tanto física quanto psíquica.

Que jamais traíssemos quem confia em nós. E que, periodicamente, viajássemos ao estrangeiro (kxenós), admirando nossas diferenças de vestes, fenotípicas, gastronômicas, linguísticas, artísticas e religiosas. Ideal é que aprendêssemos, ao menos, um idioma além do nosso.

Seria conveniente que primássemos por uma alimentação saudável, priorizando frutas, legumes e verduras, nos abstendo (ou minimizando) da inserção de cadáveres de animais em nossa dieta. E também que tomássemos um pouco de sol e caminhássemos todos os dias.

O ideal é que, disciplinados, atentássemos aos nossos horários de sono e de vigília e que, ordeiros, mantivéssemos nossos papéis, documentos, trabalhos e todo o lar limpo e agradável.

Que, além de uma casa aconchegante, dispuséssemos de boas escolas, professores qualificados e bem remunerados, uma infância segura e a teia de familiares e amigos dispostos a nos amparar. Aliás, que em família, fôssemos como entre amigos, onde não os julgamos por suas diferenças, mas, ao contrário, admiramos (apesar ou) justamente por apresentá-las.

Também seria maravilhoso podermos desenvolver nossas aptidões peculiares e termos acesso ao aprendizado de esportes, artes e música. Que experimentássemos a “suave narcose” advinda da contemplação de obras de arte, encenações teatrais, apresentações de dança e shows musicais.

Ideal seria que todos nós estivéssemos satisfeitos com nosso sexo biológico e desfrutássemos de uma prazerosa vida sexual. E também que fôssemos moderados quanto ao uso de substâncias que alteram a percepção, não abusando do álcool e demais drogas.

Que respeitássemos nossos idosos e, responsáveis por nossa própria sobrevivência, jamais nos valêssemos da vulnerabilidade para extorqui-los ou levá-los a trabalhar à exaustão, causando-lhes preocupação até o fim de seus dias.

Seria perfeito que nossos dirigentes políticos trabalhassem com honradez, dignificando o cargo e as responsabilidades que delegamos a eles, atentando que a “res” (coisa) é pública e não privada.

O ideal mesmo seria que em nenhum lugar do mundo houvesse necessidade de leis e prisões que penalize quem recorre ao aborto, abandono de incapaz, incesto, pedofilia, estupro, assassínio, roubo, corrupção, tráfico e outras atrocidades.

Que desenvolvêssemos ciência e tecnologia a serviço do bem-estar e do progresso da humanidade e que, independente de nossa formação (técnica, graduação e/ou pós), buscássemos estudar também política, arte, filosofia, história, psicologia, antropologia, sociologia, mitologia e literatura, entre tantos outros saberes.

Seria conveniente que, altruístas, contribuíssemos de alguma forma com os desfavorecidos, nos engajando num projeto de cunho filantrópico.

Que, ao contemplarmos o mar, os pores do sol e os luares, estivéssemos cônscios de que reveses, tragédias e infortúnios fazem parte da vida, pois a natureza (physis) é o que é, e nós, de passagem, por instantes fitamos o infinito.

O ideal seria que, recusando naturalmente o grotesco, o desmedido e o desarmonioso, fizéssemos uso do “lógos” (ratio) com qual fomos dotados, priorizando a Bondade, a Beleza e a Justiça, como rogou o maior filósofo de todos os tempos.

Corajosos, que nos erguêssemos por Justiça! Que não tivéssemos medo de dizer o que pensamos, pois essa é a condição do escravo; que manifestássemos nossas opiniões – bem fundamentadas, calcadas e lúcidas –, mas que, antes de criticar aos demais, expiássemos (com “x” mesmo!) nossas próprias fraquezas.

A fim de combater nossa vã glória (vanitas), perfeito seria se recordássemos que a decrepitude e a morte são mesmo inevitáveis. E que não fôssemos tão invejosos quanto a boa Fortuna alheia, pois como diz o provérbio: “Até nas flores vê-se a diferença de sorte, umas enfeitam a vida; outras enfeitam a morte”. E, quanto à ganância, lembrássemos de que nunca teremos o suficiente daquilo que não precisamos.

Que sentíssemos entusiasmo, felicidade e gratidão pela vida –, uma dádiva! –, compreendendo que a Fé, âmbito privado de cada alma individual, é mesmo um espanto para a razão!

Independente de todo esse ideal, boa bússola é a que roga que não devemos fazer aos outros o que não queremos que façam conosco e –, o cúmulo do ideal, pois é Natal –:  que nos amemos uns aos outros, como Ele nos amou.

Os dois maiores filósofos da Antiguidade: Platão, segurando sua obra “Timeu” (sobre o Cosmos), aponta o dedo para o alto, chamando a atenção para o mundo das ideias. E, Aristóteles (manto azul), discípulo de Platão, com sua mão apontando para o chão carrega a “Ética [a Nicômaco]”, chamando a atenção para realidade. Detalhe da obra “A Escola de Atenas” (1509/11), do renascentista Rafael Sanzio. Museu do Vaticano, Roma.
.

Desejo que em 2017 a Ideia de perfeição (ideal) seja, na medida do possível, perseguida e alcançada, posta em prática. Boas Festas!


É o Belo, é a contemplação da beleza que nos leva a filosofar. Dedicado ao meu Amor, Marcelo Lamy, que hoje aniversaria. Parabéns! Que o Olimpo nos conceda o destino de Filemôn e Baucis.



8 de out. de 2016

Curso de Mitologia Grega na Pinacoteca

PINACOTECA BENEDICTO CALIXTO

10 | NOVEMBRO | 15 ÀS 18H

O point + cult de SANTOS! 

 Pinacoteca Benedicto Calixto pelo fotógrafo Nilo Piccoli.




Intervalo de aula, no Café Bistrô Calixto (imagens abaixo).




Confira, abaixo, alguns trechos de nosso Curso de Mitologia:


MATRÍCULAS - email: mitologia@esdc.com.br

1 de set. de 2016

Judite e Holofernes - Beleza, virtude, astúcia e Fé



É impressionante a estatura moral desta obra do Antigo Testamento – literária, se assim insistirem os ateus – em termos de arquétipos éticos e políticos alicerçados na crença em uma JUSTIÇA divina. 

No “Livro de Judite”, que narra o cerco à cidade de Betúlia a mando do rei dos assírios, Nabucodonosor, através de seu temido general Holofernes, encontramos a beleza e a astúcia feminina – guiada pela sabedoria – a serviço do Bem.
Por Michelangelo Merisi da Caravaggio (1598), na Galleria Borghese, em Roma.

O épico bíblico (século II a.C.) relata as aventuras da bela, digna e rica viúva chamada Judite (judia) que salva seu povo da ameaça de um terrível inimigo.

Após enviar seus mensageiros conclamando todos a submeterem-se ao seu poder e vê-los chegar de mãos vazias, Nabucodonosor jura vingança e, chamando o chefe de seus exércitos, Holofernes, ordena que ele marche contra os que desprezaram suas ordens.

Assim, impiedosamente, a tropa de Holofernes, por onde passava, arrasava e apoderava-se dos bens que saqueavam, passando a fio de espadas os que lhe opunham resistência, tornando-se sinônimo de terror para todos, que entregavam à ele tudo o que possuíam: “Doravante, tudo o que nos pertence está nas tuas mãos. Nós e os nossos filhos, somos teus escravos.”.

Também os magistrados recebiam-no com coroas e archotes. No entanto, nem mesmo a rendição abrandava a ferocidade de tal exército.

Segundo o relato, assombrados com a aproximação de Holofernes, os filhos de Israel cercaram suas cidades com muros, armazenaram trigo e se preparam para o combate: “Lembrai-vos de Moisés, servo do Senhor.”.

Holofernes foi avisado da intenção deles em resistir e, furioso, quis saber todos os detalhes sobre esse povo. Foi então que Aquior, chefe dos amonitas, disse a ele: “Este povo é da raça dos caldeus. (…) Oprimidos pelo rei do Egito, e forçados a trabalhar (…), clamaram ao seu Senhor, o qual feriu toda a terra do Egito com vários flagelos. Eles fugiram, e o Deus do céu abriu-lhes o mar e eles atravessaram a pé enxuto (…).”.

Indignado, Holofernes quis matá-lo: “Já que nos predisseste que o povo de Israel será defendido pelo seu Deus, vou mostrar-te que não há outro deus fora de Nabucodonosor.”.

Ordenou aos seus homens que prendessem Aquior e o levassem a Betúlia, deixando-o nas mãos dos filhos de Israel, que encontraram-no amarrado e conduziram-no para a cidade.

Betúlia era governada por Ozias, da tribo de Simeão. E estando Aquior, agora no meio dos anciãos, referiu tudo o que respondera quando fora interrogado e como Holofernes o quis matar por ele ter falado daquela maneira [a saber]: “O Deus do céu é o defensor dos filhos de Israel”.

Após essa declaração de Aquior, todos rezaram: “Senhor, Deus do céu e da terra (…). Mostrai que não abandonais aqueles que confiam em Vós.”.

Ozias hospedou Aquior e ofereceu-lhe uma grande ceia. Depois, convocou todo o povo, e oraram, durante toda a noite, pedindo socorro ao Deus de Israel.

Holofernes descobriu a fonte de água que corria por meio de um aqueduto até Betúlia e mandou cortá-lo. Depois de 20 dias, o povo perecia de fome e sede.

Todos reuniram-se e disseram a Ozias: “Deus seja juiz entre nós e ti, pois, recusando a negociar a paz com os assírios, és o causador desses males. (…). Agora, entreguemo-nos voluntariamente, é melhor viver no cativeiro e bendizer ao Senhor, do que morrer, vendo morrer sob nossos olhos as nossas mulheres e os nossos filhos.”.

Banhado em lágrimas, Ozias disse que, se depois de 5 dias não chegasse nenhum socorro, se renderiam. Quando soube que Ozias havida fixado prazo para rendimento da cidade, Judite, a bela viúva, muito rica (seu marido deixou-lhe numerosos criados, fartos rebanhos de bois e ovelhas), que todos estimavam por seu temor a Deus e da qual ninguém jamais falara mal, concebeu um plano.

Manifestando sua indignação aos anciãos, rogando que declinassem dessa decisão, afirmou que era necessário rogar pela misericórdia divina. Após concordarem, ela os avisou que sairia com sua criada e que em cinco dias retornaria.

Preparando-se para a empreitada que arquitetou, orou: “Fazei, Senhor, que o orgulho desse homem seja cortado com a sua própria espada. (…). Os soberbos sempre Vos desagradaram, e sempre aceitastes as preces dos mansos e humildes.”. 

Dos pés à cabeça, trajando-se e ornando-se como muito esmero, rumou ao acampamento de Holofernes. Quando a patrulha a deteve, esclareceu que, por discordar da resistência de seu povo, decidiu desertar e revelar os segredos de como subjugá-los sem uma só perda a seu exército.

Deslumbrados diante de tanta beleza e eloquência, levaram-na à tenda do general, que ficou extasiado por indescritível formosura. Diante dele, Judite fez-lhe uma profunda reverência.

O temido Holofernes a tranquilizou, encorajando-a a dizer por que razão abandonara os seus. Foi então que ela argumentou que, estando Deus ofendido por seu povo, esse está entregue à derrota certa e que por isso anseia por juntar-se a eles, jurando fidelidade a Nabucodonosor.

Essas palavras o agradaram muito. Judite pediu – e ele consentiu – que ela tivesse passe livre para sair com sua criada quando quisessem para rezar ao seu Deus. Com o coração ardendo de paixão por ela, pediu a Vagao, seu eunuco, que persuadisse a judia a consentir voluntariamente a coabitar com ele. No 4º dia ofereceu um banquete e, nessa noite, bebeu vinho como nunca.

Após todos se retirarem e Holofernes adormecer profundamente, Judite orientou sua criada a ficar de sentinela enquanto, tomando a espada, aproximou-se, cortou-lhe a cabeça e entregou-a à criada, para que a metesse num saco. Depois, ambas saíram como de costume, como se fossem fazer orações.

Por Pietro Benvenutti (1769-1844), no Museu Nacional de Capodimonte, em Nápoles.

Chegando às portas de Betúlia, a judia gritou aos sentinelas: “Abri as portas, porque Deus está conosco, e manifestou o Seu poder em Israel.”. Toda cidade correu ao encontro dela, que tirando o troféu do saco, ostentou-o, dizendo: “Eis a cabeça de Holofernes, general do exército dos assírios (…). Louvai-O todos porque Ele é bom, e eterna a Sua misericórdia.”.

Incrédulo, Ozias proferiu: “Bendito seja o Senhor, criador do céu e da terra, que guiou a tua mão Perante os sofrimentos e a angústia do teu povo, salvaste-nos da ruína na presença do nosso Deus.”.

Penduraram a cabeça de Holofernes no alto das muralhas. Ao verem que fora decapitado, o pânico apoderou-se de sua tropa: “(…) e todos eles perderam a razão e o siso”.

Fugiram, mas muitos foram perseguidos e mortos. Seus despojos foram entregues à Judite: “Tu és a glória de Jerusalém, tu és a alegria de Israel, tu és a honra de nosso povo; porque te portaste com alma viril e coração valente; amaste a castidade e não quiseste, depois da morte de teu marido, conhecer outro homem; por isso o Senhor confortou-te, e serás eternamente bendita!”.

Judite viveu 125 anos e durante toda sua vida, e muitos anos depois da sua morte, não houve ninguém que perturbasse a paz de Israel.

Dedicado à magnífica cantora Fortuna, cuja bela voz inebria e enleva a Alma.


Disponibilizo + de 100 (cem) obras de arte retratando “Judite e Holofernes” em nossa Página no Facebook, para acessá-las, basta clicar no link ao lado.


Luciene Felix Lamy

Professora de Filosofia e Mitologia Greco-romana da Galleria Borghese, Roma.

E-mail: mitologia@esdc.com.br

27 de ago. de 2016

Curso de Mitologia Greco-romana em Santos


O Instituto Histórico e Geográfico de Santos (IHGS) realiza dias 1 e 2 de setembro (5ª e 6ª feira), das 15 às 17h, o Curso de Mitologia Greco-Romana com a professora Luciene Felix Lamy.
As inscrições podem ser feitas pelo telefone (13) 3222-5484 ou pelos e-mail's: ihgs@ihgs.com.br ou mitologia@esdc.com.br. 

A taxa é de R$ 50 e inclui apostila e certificado. 

O IHGS fica na Avenida Conselheiro Nébias, 689, Boqueirão - Santos, SP
Fonte original da notícia - Jornal da Orla, AQUI.

1 de ago. de 2016

FAMA (inveja) e DIFAMAÇÃO


"A vaidade alheia só incomoda quando esbarra na nossa". Leandro Karnal 

A etimologia da palavra “fama” talvez elucide uma das razões pela qual tantos a perseguem. Em grego “phannum”, significa sagrado e podemos interpretar “phanaí” como sendo o dizer, o expor, o revelar, divulgando, portanto, trazendo a público alguma mensagem de cunho divino.

Em latim, “fáma”, quando boa, juntamente com poder e prestígio, constituía um dos três elementos a ser considerado para aferir o status de um indivíduo. Obviamente, quem detém fama torna-se famoso. 

No entanto, atentemos que a fama – enquanto notoriedade pelo que se traz à público – é dissociado, ou seja, independe de julgamento moral (certo/errado), pois Hitler, por exemplo, foi e é, até hoje, muito famoso.

O eclético panteão de divindades greco-romanas elucida o porquê de perversidades e vilezas também promoverem fama (a má fama!), permitindo a profanação (fora do fannum) dos costumes (mores), pois nem todos os deuses primam pela ordem e a virtude.

Assim, por darem visibilidade a entidades como Éris (deusa da discórdia), a um Dioniso (festivas desordens, o caos e o bacanal) e até mesmo a Ares (Marte), o violento deus da guerra, nos deparamos com registros, postagens e compartilhamentos de imagens e vídeos de decapitações, estupros coletivos e de outras atrocidades deploráveis, o que comprova a heterogeneidade das deidades.

Sabemos que a internet democratizou a fama (boa e/ou má), que carrega em seu bojo a possibilidade concreta e real de propagação imediata do que quer que seja.


E, na atual frenética Idade Mídia, uma assanhada, celerada e acelerada horda de bárbaros busca e faz jus à fama, como apropriadamente nos alertou o filósofo italiano Umberto Eco (1932-2016): “As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade (…) agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel.”.

Sem dúvida, o fato da fama estar ao alcance de todos não significa que seja – necessariamente – por por uma razão nobre, salutar e, portanto, algo que se deva perseguir (ou seguir) cegamente, a todo e qualquer custo; sem falar que a fama tem seu preço: o risco de ser denegrido.

Fama torna alguém famoso e, por suscitar inveja, alvo fácil de difamação. Já discorremos sobre a terrível inveja em nosso artigo sobre “Os Sete Pecados Capitais”, publicado AQUI, e no jornal jurídico Carta Forense. Detenhamo-nos, então, à questão da difamação.


Difamar, do latim, “diffamare”, é tirar a fama, é acusar alguém (com ou sem fundamento) de forma ofensiva contra sua honra e sua reputação com a intenção proposital de desacreditá-la diante da opinião pública, mesmo que para isso valha-se da calúnia, da mentira e da fofoca (sussurratio, uma das filhas da inveja).

Para que alguém venha a ser alvo de inveja e, consequentemente de más línguas (talvez devêssemos dizer más falanges nos teclados e/ou nas telas), basta que obtenha destaque em alguma esfera ou instância da vida, pois sem proeminência em algo (inteligência, beleza, eloquência, riqueza, talentos, virtudes ou a prosaica e genuína felicidade) não há o que difamar.


Alguns acadêmicos brasileiros têm-se valido da internet e suas múltiplas plataformas para propagar e disseminar conhecimentos sobre as ideias e ideais de renomados filósofos, artistas, literatos e intelectuais de referência, conquistando uma legião de seguidores, alcançando fama, tornando-se famosos.

Dentre esses, podemos citar os professores universitários Clóvis de Barros Filho, Leandro Karnal, Luiz Felipe Pondé e Mario Sérgio Cortella, só para mencionar alguns doutores que tem encontrado na mídia uma forma de arregimentar muitos fãs atentos e gratos aos seus ensinamentos.

São vaidosos? Sim. Apreciam e capitalizam sobre a fama? Sim, e como concluiu o poeta romano Terêncio (195/185 – 159 a.C.): “Homo sum: nihil humani a me alienum puto (Sou homem: nada do que é humano me é estranho).”. 

Surpreende é que até mesmo esses indivíduos, independente do quanto tenham se dedicado aos estudos, se esforçado para a obtenção de suas titulações e se empenhado em suas carreiras acadêmicas, sejam alvos de inveja e, consequentemente, de difamação.

Eles também tem sido vítimas de descabidas e covardes maledicências e são incessante e grosseiramente difamados por anônimos (ou nem tanto) que insistem em lhes comprometer a boa reputação, acusando-os de serem rasos, superficiais, repetitivos. Como bem observou um deles, profira cinco palestras sobre ética a públicos diferentes e constatará que não há como não ser um tanto repetitivo. 

Mesmo quando lhes atacam por posturas ou convicções políticas, o fazem não argumentando quanto às ideias, tampouco de forma cortês, mas com impropérios e ofensas, desvirtuam o debate e focam no ser humano que, a despeito de tantas adversidades que todo professor carrega, se propõe a transmitir e defender de forma honesta – muitas vezes apaixonada – suas ideias.

Para seus pares, talvez não haja mesmo novidade no que trazem e, os clássicos aos quais se referem soe como “coleção primeiros passos” para os profundos estudiosos da ciência de Platão. 

No entanto, o conteúdo que –, para os demais acadêmicos pode não passar de “beabá” ou mero “verniz” –, para a grande massa de curiosos em torno de seus saberes, está sendo transmitido de forma encantatória (eis o mérito!) e isso tem seu valor.


É consenso que no mundo de hoje, talvez mais que em qualquer outra época, urge que as pessoas sejam despertadas, que se espantem e se embrenhem na busca e conquista de conhecimentos que lhes possibilite o desenvolvimento do pensamento crítico.

Contarmos com mestres que ousam fazer essa ponte – entre a cultura erudita e o público leigo – é uma dádiva que jamais deveria ser desprestigiada.

À todos, sobretudo aos que os invejam (“humano, demasiado humano”, como diria o filósofo alemão Friedrich Nietzsche), a mídia tradicional dispõe de diversos veículos (TV, rádio, jornais e revistas, etc.) e a internet, de infinitas plataformas e janelas. 

A perda de tempo e o desgaste ao qual os detratores se expõem, difamando-os inútil e indignamente, poderia ser usado em algo mais eficaz: desenvolvendo e apresentando um trabalho melhor, por exemplo, ou, ao menos, tão razoável quanto o que esses professores famosos têm realizado. A coletividade, todos nós, só temos a ganhar, afinal, fama volat (do latim, a fama voa). 

Detalhe sobre a "inveja" (invidia), por Giotto di Bondone:


Confira publicações recentes sobre "Astrologia & Arte" - AQUI.

luciene felix lamy
mitologia@esdc.com.br

18 de jul. de 2016

Como saber o que lhe reserva o destino?


“Astrologia é uma linguagem. Se você entender essa linguagem, 
o céu fala com você”. Dane Rudhyar

Amigos, acaba de ser publicada a entrevista que concedi sobre ASTROLOGIA, valiosa e antiquíssima ferramenta de autoconhecimento que, junto com a Filosofia e a Mitologia Greco-romana, é outra de minhas paixões!

"CONHECE-TE A TI MESMO"

O que é um mapa astral?
É o “PrintScrenn” do céu, o retrato com todas as constelações, planetas e luminares (Sol e Lua) partindo do local e no momento em que você respirou – ou melhor – inspirou, pela primeira vez que veio ao mundo. Podemos dizer, então, que seu mapa é seu RG cósmico.

O que um mapa astral revela?
Revela nossas potencialidades, as tendências (pathós), as inclinações psíquicas, expõe nossos desafios, as áreas e experiências da vida (Casas astrológicas) com as quais nos depararemos ao longo da vida e que mais chamarão a atenção para nossa evolução enquanto seres humanos.

E no que pode ser útil?
Para que, nos autoconhecendo melhor, possamos evitar forçar portas que, de antemão, já sabemos emperradas ou trancadas, enquanto conheceremos quais são as portas que sempre abertas, encontram-se à nossa inteira disposição. Sem falar dos trânsitos astrológicos, que sempre nos orientam sobre o momento que estamos vivenciando.

Como fazer meu mapa?
Pode-se encontrar excelentes astrólogos na web e, como trata-se de uma tradução (decodificação) de arquétipos, todos lhe transmitirão as mesmíssimas informações, mesmo que de forma diferente. Convém que peça indicação a quem já fez. 

Neste site AQUI, basta inserir seus dados para obter seu mapa e, caso opte por decifrar por si mesmo(a), disponibilizei os Post’s onde ensino a tradução dos posicionamentos dos astros, acesse-os clicando AQUI.
 
Divirtam-se! E, se preciso, estou à disposição!

E-mail: mitologia@esdc.com.br

Publicado originalmente AQUI.

1 de jul. de 2016

A Tempestade - W. Shakespeare - Parte II



Nesta última peça teatral legada por William Shakespeare, antes de morrer aos 52 anos, encontramos o magistral dramaturgo em paz, arrematando sua vida com a compreensão da importância do perdão, de relevar as intrigas, a ambição e a ganância.

Ponderando sobre o homem e a vida sob uma perspectiva mais ampla, o inglês também deixa claro sua paixão por livros, pela dedicação ao estudo das ciências ditas “herméticas”, o quanto preza uma vida de introspecção e, a conclusão a que chega torna-se uma de suas célebres frases.

Retomemos, então, às aventuras do duque de Milão chamado Próspero e sua filha Miranda, exilados numa ilha após traição de Antonio, irmão do nobre, que lhe usurpou o posto e depois os expulsou numa precária embarcação.

No artigo anterior AQUI, vimos que a tentativa perversa do ambicioso Antonio, em atrair Sebastião a também tomar o trono de seu irmão, Alonso, rei de Nápoles, foi frustrada pela providencial intervenção de Ariel, que o denuncia a Gonzalo, conselheiro do rei.

Alheio à razão da tempestade e do naufrágio que reuniu a todos naquela ilha, Ferdinando, filho e príncipe herdeiro de Alonso, apaixona-se perdidamente pela bela e delicada filha de Próspero, Miranda.

Mesmo em festa pelo amor suscitado no coração dos jovens, o duque de Milão pensa que é preciso deixar um pouco mais difícil a conquista: “(…) para que a vitória fácil demais não desmereça o preço”, conclui.

Entretanto, assim como o apego à vingança, o amor também move a vontade, fonte inesgotável de forças e quando Próspero impõe tarefas a Ferdinando, o jovem pondera que muitos trabalhos considerados aviltantes são levados a cabo com nobreza: “Esta tarefa humilde poderia ser-me tão repugnante quanto odiosa; mas a dama a quem sirvo (...) em prazer me transforma estas canseiras. (…) quanto menos penso na situação, mais produtiva se me torna a tarefa”.

Testemunhando o árduo empenho do amado, Miranda lamenta que ele tenha que carregar lenha e se dispõe a ajudar, mas o príncipe intervém: “Não, preciosa criatura; preferiria quebrar o dorso, arrebentar os nervos, a vos ver degradada num serviço tão humilhante, enquanto eu fico ocioso”.

E, encantado, corteja a moça: “Tão perfeita e incomparável, fosses feita de tudo o que de mais custoso pode haver na criação”. Correspondendo a esse amor, ruborizada, ela confessa: “(…) quanto mais tenta esconder-se minha afeição, maior se patenteia. Santa inocência, ensina-me a expressar-me”.

É com o coração exultante que Próspero entrega a mão de sua filha a Ferdinando, mas roga que aguardem ser celebradas as santas cerimônias e seus ritos sagrados, ao que o noivo promete: “Os mais poderosos argumentos dos gênios da maldade que em nós próprios habitam, nunca me há de mudar a honra em luxúria”.

Cônscio do poder das ebulições hormonais, Próspero alerta que “os mais fortes juramentos são fogo de palha para os sentidos”. Esse confronto é eterno: os valores morais versus os apelos da carne.

O fiel ajudante de Próspero, Ariel, seguira à risca sua orientação de deixar a todos os náufragos do grupo fora do juízo. Mas agora, o nobre pondera.

Declinando de suas intenções, Próspero ordena a Ariel que os liberte, pois irá romper os encantamentos para que seus inimigos possam restituir o juízo e voltar a ser o que eram.

E, diante de Antonio, afirmando que não pode dar a ele o nome de irmão sem que se suje, decide: “E vós aí, meu sangue e minha carne, meu irmão, que à ambição deste acolhida, expulsando o remorso e a natureza (…) planejastes assassinar aqui vosso monarca. Embora sejas um desnaturado, recebe o meu perdão”.

Quando Alonso, o rei de Nápoles, se depara com o filho que acreditava ter morrido no naufrágio causado pela tempestade, ouve dele o alento: “Muito embora ameacem sempre, os mares são piedosos. Amaldiçoei-os sem razão para isso”. A alegria toma conta de todos.

Alonso, o rei de Nápoles apressa-se a dizer a Próspero: “(…) Resigno o teu ducado e te conjuro a me perdoar as faltas.”

Ao constatar que o príncipe Ferdinando, seu futuro genro, está espantado com tudo o que acabara de testemunhar, Próspero elucida: “Como vos preveni, eram espíritos todos esses atores; dissiparam-se no ar, sim, no ar impalpável. E tal como o grosseiro substrato desta vista, as torres que se elevam para as nuvens, os palácios altivos, as igrejas majestosas, o próprio globo imenso, com tudo o que contém, hão de sumir-se, como se deu com essa visão tênue, sem deixarem vestígios. Somos feitos da matéria dos sonhos; nossa vida pequenina é cercada pelo sono.”.

E-mail: mitologia@esdc.com.br

Conheça também meu Blog sobre ASTROLOGIA & ARTE - AQUI.


1 de jun. de 2016

A Tempestade - William Shakespeare Parte I


O verdadeiro império do homem não está nos mares nem nos continentes, mas dentro dele, em sua própria alma”.  John Masefield (1878-1967), poeta laureado.


Filosófica por excelência e considerada o testamento poético de William Shakespeare (1564-1616), pois trata-se da última obra legada pelo poeta, nessa peça não temos uma comédia nem tampouco tragédia, mas um romance.

Século XVII, monarcas e nobres, colonizadores e colonizados, amor cortês, valores, idealismo… Convém que se tenha em mente, a época em que foi redigida, pois o autor nos relata nada menos que seu universo histórico, aliás, nesse sentido, vale a confissão do Duque de Marlborough, de que só conhecia de história o que aprendera com Shakespeare.

A peça foi representada por ocasião do casamento da Princesa Elizabeth Stuart com Frederico V (1613), o que esclarece os acréscimos adequados à celebração de Bodas, como a chegada triunfal das deusas greco-romanas abençoando a união.

Tendo como cenário uma ilha fantástica, “A Tempestade” narra – com muita fantasia e imaginação – as aventuras do já viúvo Duque de Milão, apropriadamente chamado Próspero, sua bela e delicada filha Miranda (admirável, em latim). 

Após retirar-se dos negócios do Estado para dedicar-se aos livros, sua verdadeira paixão, Próspero deixa o ducado nas mãos de seu irmão, Antonio, que não hesita em traí-lo, usurpando-lhe o posto e deixando-o à deriva no mar, junto com sua filha que, à época, contava apenas três anos.

Fora o nobre conselheiro Gonzalo quem, apiedado, tratou de providenciar alimentos, água potável, vestes dignas e livros deixando pai e filha na velha embarcação que os levaria a aportar numa ilha.

Passados doze anos de exílio, Próspero e Miranda, agora contando com quinze anos, observam relâmpagos, trovões e o mar revolto em tempestade, aterrorizando navegantes.

A bordo, entre marinheiros e outros, está o Rei de Nápoles, Alonso, o irmão do monarca, Sebastião, o filho e herdeiro do trono, Ferdinando, o conselheiro, Gonzalo e o traidor irmão de Próspero, Antonio, que lhe usurpou o poder. Retornavam de Túnis, onde Alonso acabara de casar sua filha.

Miranda desconfia que fora seu pai que levantara a tempestade. Apiedada e temendo um nefasto desfecho, roga que ele acalme as águas selvagens. É quando Próspero a tranquiliza quanto ao destino dos náufragos, dizendo que já é hora de lhe revelar o passado.

Relata, então, à filha que confiou a direção do ducado de Milão ao seu irmão, Antonio, para poder viver assim, a cuidar “dos meios de aperfeiçoar o espírito com as artes que, a não serem secretas no conceito dos homens subiriam”. É provável que Shakespeare refira-se à astrologia, entre outros saberes herméticos, pois como veremos adiante, o poeta sabia decodificar trânsitos astrológicos.

No entanto, a decisão de delegar fez despertar em seu pérfido irmão, instintos perversos, tornando-o senhor de suas rendas e de seu poder “como alguém que o pecado da memória cometesse, por dar inteiro crédito às suas próprias mentiras, enunciadas como verdades puras (…) tendo sua ambição tomado vulto”.

Por conta disso, seu irmão confederou-se com o Rei de Nápoles, Alonso, tal era sua sede de domínio, deixando a pobre Milão – que nunca se dobrara! – na mais vil sujeição.

Tendo o Rei de Nápoles, aceitado a proposta de Antonio (irmão de Próspero), em troca de vassalagem e do estipulado tributo de Milão, em certa noite apropriada ao feito, reuniu um exército traiçoeiro e, às pressas: “(…) puseram-nos num barco e a algumas léguas da costa nos levaram, onde tinham prestes uma carcaça apodrecida de navio, sem mastros, sem cordoalha, sem vela, nada, enfim”.

Voltando ao presente, a Fortuna generosa trouxe os inimigos de Próspero à praia, oportunidade que não pretende perder: “A ciência do futuro [astrologia] me revela que o meu zênite [meio do céu] se acha dominado por um astro auspicioso [planeta Júpiter], cuja influência me cumpre aproveitar, caso não queira que se apague de vez a minha sorte”.

(Envie e-mail para "mitologia@esdc.com.br" para que eu oriente sobre como saber quando ocorre o trânsito do planeta Júpiter sobre o zênite de seu próprio mapa astrológico).


E assim, contando com a ajuda de Ariel, espírito do ar, Próspero envia a aterradora tempestade: “Não houve alma que a febre da loucura não revelasse e não mostrasse certos sinais de desespero. Com exceção dos marinheiros, todos mergulharam na espumosa voragem, desertando o navio, que em chamas eu deixara. O herdeiro da coroa, Ferdinando, com os cabelos em pé, deu o exemplo e, ao saltar, exclamou: “Ficou vazio todo o inferno; os demônios estão soltos!”.


Ariel já habitava a ilha, fora criado da finada bruxa nascida e banida da Argélia, chamada Sicorax, “que a idade e a inveja em arco recurvaram” e, por não se submeter às ordens por demais terrenas e repugnantes da feiticeira, foi confinado na fenda de um pinheiro, tendo permanecido assim por doze anos, até que a amaldiçoada morreu e Próspero o libertou.

Além de Próspero, Miranda e Ariel, também habitava a ilha o filho que Sicorax gerou, Calibã (anacronismo para canibal) que fora escravizado porque tentou violar a donzela. Após enumerar os benefícios que fez a Calibã, Próspero conclui ter sido em vão: “Embora tivesses aprendido muitas coisas, tua vil raça era dotada de algo que as naturezas nobres não comportam”.

Calibã, além de lamentar ter sido impedido de estuprar a jovem, pois a ilha estaria povoada de “calibãs”, se auto denuncia: “A falar me ensinaste, minha vantagem nisso, é ter ficado sabendo como amaldiçoar”. Próspero diz basta e o manda aos afazeres.

Graças à tocante música de Ariel que o faz lembrar do pai Alonso (Rei de Nápoles), Ferdinando o segue e conhece Miranda. Apaixonam-se à primeira vista: “Se fordes virgem e se não tiverdes comprometido o coração, de Nápoles rainha vos farei”. E a donzela, ao contemplar todo esplendor e beleza no rosto do amado, profere: “Nada de mau pode abrigar tal templo”.

Noutra parte da ilha, enquanto os náufragos dormem, Antonio, o irmão e usurpador de Milão, confabula outra traição entre fraternos, dessa vez entre com Sebastião, irmão do Rei Alonso, tramando um modo de matá-lo e tomar-lhe o trono de Nápoles: “(…) leio-te no rosto tudo o que podias ser. É a ocasião que te chama.” 

Mas Sebastião se esquiva, argumentando que sua preguiça é hereditária e que não entende como fica a consciência de Antonio, tendo feito o que fez ao próprio irmão, ao que ele pergunta onde é que há isso [consciência]: “Se fosse uma frieira, obrigar-me-ia a calçar as chinelas; mas no peito não sinto essa deidade”.

Ariel que a tudo escutava, canta ao ouvido de Gonzalo (conselheiro do Rei de Nápoles), que enquanto ele dorme tranquilo, a traição, como de estilo, está desperta.


Através da figura de um nobre enfurnado em sua biblioteca, detentor de poderes sobrenaturais, com os quais dominava os Elementos e a cujo poder a natureza se dobrava, Shakespeare, nessa primeira parte, nos apresenta sua visão profunda da vida, com toda sua transitoriedade, vã glória, a inescapável contingência e reviravolta de todas as coisas.


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Eis que a Sabedoria reina, mas não governa, por isso, quem pensa (no todo) precisa voltar para a caverna, alertar aos amigos. Nós vamos achar que estais louco, mas sabes que cegos estamos nós, prisioneiros acorrentados à escuridão da caverna.

Abordo "O mito da caverna", de Platão - Livro VII da República.

Eis o télos (do grego: propósito, objetivo) da Filosofia e do filósofo. Agir na cidade. Ação política. Phrônesis na Pólis.

Curso de Mitologia Grega

Curso de Mitologia Grega
As exposições mitológicas explicitam arquétipos (do grego, arché + typein = princípio que serve de modelo) atemporais e universais.

Desse modo, ao antropomorficizarem os deuses, ou seja, dar-lhes características genuinamente humanas, os antigos revelaram os princípios (arché) de sentimentos e conflitos que são inerentes a todo e qualquer mortal.

A necessidade da ordem (kósmos), da harmonia, da temperança (sophrosyne) em contraponto ao caos, à desmedida (hýbris) ou, numa linguagem nietzschiana, o apolíneo versus o dionisíaco, constitui a base de toda antiga pedagogia (Paidéia) tão cara à aristocracia grega (arístois, os melhores, os bem-nascidos posto que "educados").

Com os exponenciais poetas (aedos) Homero (Ilíada e Odisséia), Hesíodo (A Teogonia e O trabalho e os dias), além dos pioneiros tragediógrafos Sófocles e Ésquilo, dispomos de relatos que versam sobre a justiça, o amor, o trabalho, a vaidade, o ódio e a vingança, por exemplo.

O simples fato de conhecermos e atentarmos para as potências (dýnamis) envolvidas na fomentação desses sentimentos, torna-nos mais aptos a deliberar e poder tomar a decisão mais sensata (virtude da prudencia aristotélica) a fim de conduzir nossas vidas, tanto em nossos relacionamentos pessoais como indivíduos, quanto profissionais e sociais, coletivos.

AGIMOS COM MUITO MAIS PRUDÊNCIA E SABEDORIA.

E era justamente isso que os sábios buscavam ensinar, a harmonia para que os seres humanos pudessem se orientar em suas escolhas no mundo, visando atingir a ordem presente nos ideais platônicos de Beleza, Bondade e Justiça.

Estou certa de que a disseminação de conhecimentos tão construtivos contribuirá para a felicidade (eudaimonia) dos amigos, leitores e ouvintes.

Não há dúvida quanto a responsabilidade do Estado, das empresas, de seus dirigentes, bem como da mídia e de cada um de nós, no papel educativo de nosso semelhante.

Ao investir em educação, aprimoramos nossa cultura, contribuimos significativamente para que nossa sociedade se torne mais justa, bondosa e bela. Numa palavra: MAIS HUMANA.

Bem-vindos ao Olimpo amigos!

Escolha: Senhor ou Escravo das Vontades.

A Justiça na Grécia Antiga

A Justiça na Grécia Antiga

Transição do matriarcado para o patriarcado

A Justiça nos primórdios do pensamento ocidental - Grécia Antiga (Arcaica, Clássica e Helenística).

Nessa imagem de Bouguereau, Orestes (Membro da amaldiçoada Família dos Atridas: Tântalo, Pélops, Agamêmnon, Menelau, Clitemnestra, Ifigênia, Helena etc) é perseguido pelas Erínias: Vingança que nasce do sangue dos órgãos genitais de Ouranós (Céu) ceifado por Chronos (o Tempo) a pedido de Gaia (a Terra).

O crime de matricídio será julgado no Areópago de Ares, presidido pela deusa da Sabedoria e Justiça, Palas Athena. Saiba mais sobre o famoso "voto de Minerva": Transição do Matriarcado para o Patriarcado. Acesse clicando AQUI.

Versa sobre as origens de Thêmis (A Justiça Divina), Diké (A Justiça dos Homens), Zeus (Ordenador do Cosmos), Métis (Deusa da presciência), Palas Athena (Deusa da Sabedoria e Justiça), Niké (Vitória), Erínias (Vingança), Éris (Discórdia) e outras divindades ligadas a JUSTIÇA.

A ARETÉ (excelência) do Homem

se completa como Zoologikon e Zoopolitikon: desenvolver pensamento e capacidade de viver em conjunto. (Aristóteles)

Busque sempre a excelência!

Busque sempre a excelência!

TER, vale + que o SER, humano?

As coisas não possuem valor em si; somos nós que, através do nôus, valoramos.

Nôus: poder de intelecção que está na Alma, segundo Platão, após a diânóia, é a instância que se instaura da deliberação e, conforme valores, escolhe. É o reduto da liberdade humana onde um outro "logistikón" se manifesta. O Amor, Eros, esse "daimon mediatore", entre o Divino (Imortal) e o Humano (Mortal) pode e faz a diferença.

Ser "sem nôus", ser "sem amor" (bom daimon) é ser "sem noção".

A Sábia Mestre: Rachel Gazolla

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O Sábio Mestre: Antonio Medina Rodrigues (1940-2013)

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