“O verdadeiro império
do homem não está nos mares nem nos continentes, mas dentro dele, em sua
própria alma”. John
Masefield (1878-1967), poeta laureado.
Filosófica por excelência e considerada o testamento poético de
William Shakespeare (1564-1616), pois trata-se da última obra legada
pelo poeta, nessa peça não temos uma comédia nem tampouco
tragédia, mas um romance.
Século XVII, monarcas e nobres, colonizadores e colonizados, amor cortês, valores, idealismo… Convém que se tenha em mente, a época em que foi redigida, pois o autor nos relata nada menos que seu universo histórico, aliás, nesse sentido, vale a confissão do Duque de Marlborough, de que só conhecia de história o que aprendera com Shakespeare.
A peça foi representada por ocasião do casamento da Princesa Elizabeth Stuart com Frederico V (1613), o que esclarece os acréscimos adequados à celebração de Bodas, como a chegada triunfal das deusas greco-romanas abençoando a união.
Tendo como cenário uma ilha fantástica, “A Tempestade” narra – com muita fantasia e imaginação – as aventuras do já viúvo Duque de Milão, apropriadamente chamado Próspero, sua bela e delicada filha Miranda (admirável, em latim).
Após retirar-se dos negócios do Estado para dedicar-se aos livros, sua verdadeira paixão, Próspero deixa o ducado nas mãos de seu irmão, Antonio, que não hesita em traí-lo, usurpando-lhe o posto e deixando-o à deriva no mar, junto com sua filha que, à época, contava apenas três anos.
Fora o nobre conselheiro Gonzalo quem, apiedado, tratou de providenciar alimentos, água potável, vestes dignas e livros deixando pai e filha na velha embarcação que os levaria a aportar numa ilha.
Passados doze anos de exílio, Próspero e Miranda, agora contando com quinze anos, observam relâmpagos, trovões e o mar revolto em tempestade, aterrorizando navegantes.
A bordo, entre marinheiros e outros, está o Rei de Nápoles, Alonso, o irmão do monarca, Sebastião, o filho e herdeiro do trono, Ferdinando, o conselheiro, Gonzalo e o traidor irmão de Próspero, Antonio, que lhe usurpou o poder. Retornavam de Túnis, onde Alonso acabara de casar sua filha.
Miranda desconfia que fora seu pai que levantara a tempestade. Apiedada e temendo um nefasto desfecho, roga que ele acalme as águas selvagens. É quando Próspero a tranquiliza quanto ao destino dos náufragos, dizendo que já é hora de lhe revelar o passado.
Relata, então, à filha que confiou a direção do ducado de Milão ao seu irmão, Antonio, para poder viver assim, a cuidar “dos meios de aperfeiçoar o espírito com as artes que, a não serem secretas no conceito dos homens subiriam”. É provável que Shakespeare refira-se à astrologia, entre outros saberes herméticos, pois como veremos adiante, o poeta sabia decodificar trânsitos astrológicos.
No entanto, a decisão de delegar fez despertar em seu pérfido irmão, instintos perversos, tornando-o senhor de suas rendas e de seu poder “como alguém que o pecado da memória cometesse, por dar inteiro crédito às suas próprias mentiras, enunciadas como verdades puras (…) tendo sua ambição tomado vulto”.
Por conta disso, seu irmão confederou-se com o Rei de Nápoles, Alonso, tal era sua sede de domínio, deixando a pobre Milão – que nunca se dobrara! – na mais vil sujeição.
Tendo o Rei de Nápoles, aceitado a proposta de Antonio (irmão de Próspero), em troca de vassalagem e do estipulado tributo de Milão, em certa noite apropriada ao feito, reuniu um exército traiçoeiro e, às pressas: “(…) puseram-nos num barco e a algumas léguas da costa nos levaram, onde tinham prestes uma carcaça apodrecida de navio, sem mastros, sem cordoalha, sem vela, nada, enfim”.
Século XVII, monarcas e nobres, colonizadores e colonizados, amor cortês, valores, idealismo… Convém que se tenha em mente, a época em que foi redigida, pois o autor nos relata nada menos que seu universo histórico, aliás, nesse sentido, vale a confissão do Duque de Marlborough, de que só conhecia de história o que aprendera com Shakespeare.
A peça foi representada por ocasião do casamento da Princesa Elizabeth Stuart com Frederico V (1613), o que esclarece os acréscimos adequados à celebração de Bodas, como a chegada triunfal das deusas greco-romanas abençoando a união.
Tendo como cenário uma ilha fantástica, “A Tempestade” narra – com muita fantasia e imaginação – as aventuras do já viúvo Duque de Milão, apropriadamente chamado Próspero, sua bela e delicada filha Miranda (admirável, em latim).
Após retirar-se dos negócios do Estado para dedicar-se aos livros, sua verdadeira paixão, Próspero deixa o ducado nas mãos de seu irmão, Antonio, que não hesita em traí-lo, usurpando-lhe o posto e deixando-o à deriva no mar, junto com sua filha que, à época, contava apenas três anos.
Fora o nobre conselheiro Gonzalo quem, apiedado, tratou de providenciar alimentos, água potável, vestes dignas e livros deixando pai e filha na velha embarcação que os levaria a aportar numa ilha.
Passados doze anos de exílio, Próspero e Miranda, agora contando com quinze anos, observam relâmpagos, trovões e o mar revolto em tempestade, aterrorizando navegantes.
A bordo, entre marinheiros e outros, está o Rei de Nápoles, Alonso, o irmão do monarca, Sebastião, o filho e herdeiro do trono, Ferdinando, o conselheiro, Gonzalo e o traidor irmão de Próspero, Antonio, que lhe usurpou o poder. Retornavam de Túnis, onde Alonso acabara de casar sua filha.
Miranda desconfia que fora seu pai que levantara a tempestade. Apiedada e temendo um nefasto desfecho, roga que ele acalme as águas selvagens. É quando Próspero a tranquiliza quanto ao destino dos náufragos, dizendo que já é hora de lhe revelar o passado.
Relata, então, à filha que confiou a direção do ducado de Milão ao seu irmão, Antonio, para poder viver assim, a cuidar “dos meios de aperfeiçoar o espírito com as artes que, a não serem secretas no conceito dos homens subiriam”. É provável que Shakespeare refira-se à astrologia, entre outros saberes herméticos, pois como veremos adiante, o poeta sabia decodificar trânsitos astrológicos.
No entanto, a decisão de delegar fez despertar em seu pérfido irmão, instintos perversos, tornando-o senhor de suas rendas e de seu poder “como alguém que o pecado da memória cometesse, por dar inteiro crédito às suas próprias mentiras, enunciadas como verdades puras (…) tendo sua ambição tomado vulto”.
Por conta disso, seu irmão confederou-se com o Rei de Nápoles, Alonso, tal era sua sede de domínio, deixando a pobre Milão – que nunca se dobrara! – na mais vil sujeição.
Tendo o Rei de Nápoles, aceitado a proposta de Antonio (irmão de Próspero), em troca de vassalagem e do estipulado tributo de Milão, em certa noite apropriada ao feito, reuniu um exército traiçoeiro e, às pressas: “(…) puseram-nos num barco e a algumas léguas da costa nos levaram, onde tinham prestes uma carcaça apodrecida de navio, sem mastros, sem cordoalha, sem vela, nada, enfim”.
Voltando ao presente, a Fortuna generosa trouxe os inimigos de
Próspero à praia, oportunidade que não pretende perder: “A
ciência do futuro [astrologia] me revela que o meu zênite [meio do
céu] se acha dominado por um astro auspicioso [planeta Júpiter],
cuja influência me cumpre aproveitar, caso não queira que se apague
de vez a minha sorte”.
(Envie e-mail para "mitologia@esdc.com.br" para que eu oriente sobre como saber quando ocorre o trânsito do planeta Júpiter sobre o
zênite de seu próprio mapa astrológico).
E assim, contando com a ajuda de Ariel, espírito do ar, Próspero
envia a aterradora tempestade: “Não houve alma que a febre da
loucura não revelasse e não mostrasse certos sinais de desespero.
Com exceção dos marinheiros, todos mergulharam na espumosa voragem,
desertando o navio, que em chamas eu deixara. O herdeiro da coroa,
Ferdinando, com os cabelos em pé, deu o exemplo e, ao saltar,
exclamou: “Ficou vazio todo o inferno; os demônios estão
soltos!”.
Ariel já habitava a ilha, fora criado da finada bruxa nascida e
banida da Argélia, chamada Sicorax, “que a idade e a inveja em
arco recurvaram” e, por não se submeter às ordens por demais
terrenas e repugnantes da feiticeira, foi confinado na fenda de um
pinheiro, tendo permanecido assim por doze anos, até que a
amaldiçoada morreu e Próspero o libertou.
Além de Próspero, Miranda e Ariel, também habitava a ilha o filho que Sicorax gerou, Calibã (anacronismo para canibal) que fora escravizado porque tentou violar a donzela. Após enumerar os benefícios que fez a Calibã, Próspero conclui ter sido em vão: “Embora tivesses aprendido muitas coisas, tua vil raça era dotada de algo que as naturezas nobres não comportam”.
Calibã, além de lamentar ter sido impedido de estuprar a jovem, pois a ilha estaria povoada de “calibãs”, se auto denuncia: “A falar me ensinaste, minha vantagem nisso, é ter ficado sabendo como amaldiçoar”. Próspero diz basta e o manda aos afazeres.
Graças à tocante música de Ariel que o faz lembrar do pai Alonso (Rei de Nápoles), Ferdinando o segue e conhece Miranda. Apaixonam-se à primeira vista: “Se fordes virgem e se não tiverdes comprometido o coração, de Nápoles rainha vos farei”. E a donzela, ao contemplar todo esplendor e beleza no rosto do amado, profere: “Nada de mau pode abrigar tal templo”.
Noutra parte da ilha, enquanto os náufragos dormem, Antonio, o irmão e usurpador de Milão, confabula outra traição entre fraternos, dessa vez entre com Sebastião, irmão do Rei Alonso, tramando um modo de matá-lo e tomar-lhe o trono de Nápoles: “(…) leio-te no rosto tudo o que podias ser. É a ocasião que te chama.”
Mas Sebastião se esquiva, argumentando que sua preguiça é hereditária e que não entende como fica a consciência de Antonio, tendo feito o que fez ao próprio irmão, ao que ele pergunta onde é que há isso [consciência]: “Se fosse uma frieira, obrigar-me-ia a calçar as chinelas; mas no peito não sinto essa deidade”.
Ariel que a tudo escutava, canta ao ouvido de Gonzalo (conselheiro do Rei de Nápoles), que enquanto ele dorme tranquilo, a traição, como de estilo, está desperta.
Além de Próspero, Miranda e Ariel, também habitava a ilha o filho que Sicorax gerou, Calibã (anacronismo para canibal) que fora escravizado porque tentou violar a donzela. Após enumerar os benefícios que fez a Calibã, Próspero conclui ter sido em vão: “Embora tivesses aprendido muitas coisas, tua vil raça era dotada de algo que as naturezas nobres não comportam”.
Calibã, além de lamentar ter sido impedido de estuprar a jovem, pois a ilha estaria povoada de “calibãs”, se auto denuncia: “A falar me ensinaste, minha vantagem nisso, é ter ficado sabendo como amaldiçoar”. Próspero diz basta e o manda aos afazeres.
Graças à tocante música de Ariel que o faz lembrar do pai Alonso (Rei de Nápoles), Ferdinando o segue e conhece Miranda. Apaixonam-se à primeira vista: “Se fordes virgem e se não tiverdes comprometido o coração, de Nápoles rainha vos farei”. E a donzela, ao contemplar todo esplendor e beleza no rosto do amado, profere: “Nada de mau pode abrigar tal templo”.
Noutra parte da ilha, enquanto os náufragos dormem, Antonio, o irmão e usurpador de Milão, confabula outra traição entre fraternos, dessa vez entre com Sebastião, irmão do Rei Alonso, tramando um modo de matá-lo e tomar-lhe o trono de Nápoles: “(…) leio-te no rosto tudo o que podias ser. É a ocasião que te chama.”
Mas Sebastião se esquiva, argumentando que sua preguiça é hereditária e que não entende como fica a consciência de Antonio, tendo feito o que fez ao próprio irmão, ao que ele pergunta onde é que há isso [consciência]: “Se fosse uma frieira, obrigar-me-ia a calçar as chinelas; mas no peito não sinto essa deidade”.
Ariel que a tudo escutava, canta ao ouvido de Gonzalo (conselheiro do Rei de Nápoles), que enquanto ele dorme tranquilo, a traição, como de estilo, está desperta.
Através da figura de um nobre enfurnado em sua biblioteca, detentor de poderes sobrenaturais, com os quais dominava os Elementos e a cujo poder a natureza se dobrava, Shakespeare, nessa primeira parte, nos apresenta sua visão profunda da vida, com toda sua transitoriedade, vã glória, a inescapável contingência e reviravolta de todas as coisas.
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