Origem (Gen) é fundamental, portanto, o ideal é que fossemos frutos do amor
apropriado (não somente hormônios em ebulição) entre nossos genitores e que
eles nos recebessem com muito carinho, empenhando-se em nos proporcionar
alimento, educação, segurança e saúde, tanto física quanto psíquica.
Que jamais traíssemos quem confia em
nós. E que, periodicamente, viajássemos ao estrangeiro (kxenós), admirando nossas diferenças de vestes, fenotípicas,
gastronômicas, linguísticas, artísticas e religiosas. Ideal é que
aprendêssemos, ao menos, um idioma além do nosso.
Seria conveniente que primássemos por uma
alimentação saudável, priorizando frutas, legumes e verduras, nos abstendo (ou
minimizando) da inserção de cadáveres de animais em nossa dieta. E também que tomássemos
um pouco de sol e caminhássemos todos os dias.
O ideal é que, disciplinados, atentássemos
aos nossos horários de sono e de vigília e que, ordeiros, mantivéssemos nossos
papéis, documentos, trabalhos e todo o lar limpo e agradável.
Que, além de uma casa aconchegante, dispuséssemos
de boas escolas, professores qualificados e bem remunerados, uma infância
segura e a teia de familiares e amigos dispostos a nos amparar. Aliás, que em
família, fôssemos como entre amigos, onde não os julgamos por suas diferenças,
mas, ao contrário, admiramos (apesar ou) justamente por apresentá-las.
Também seria maravilhoso podermos
desenvolver nossas aptidões peculiares e termos acesso ao aprendizado de
esportes, artes e música. Que experimentássemos a “suave narcose” advinda da
contemplação de obras de arte, encenações teatrais, apresentações de dança e
shows musicais.
Ideal seria que todos nós estivéssemos
satisfeitos com nosso sexo biológico e desfrutássemos de uma prazerosa vida sexual.
E também que fôssemos moderados quanto ao uso de substâncias que alteram a
percepção, não abusando do álcool e demais drogas.
Que respeitássemos nossos idosos e,
responsáveis por nossa própria sobrevivência, jamais nos valêssemos da
vulnerabilidade para extorqui-los ou levá-los a trabalhar à exaustão,
causando-lhes preocupação até o fim de seus dias.
Seria perfeito que nossos dirigentes
políticos trabalhassem com honradez, dignificando o cargo e as responsabilidades
que delegamos a eles, atentando que a “res” (coisa) é pública e não privada.
O ideal mesmo seria que em nenhum
lugar do mundo houvesse necessidade de leis e prisões que penalize quem recorre
ao aborto, abandono de incapaz, incesto, pedofilia, estupro, assassínio, roubo,
corrupção, tráfico e outras atrocidades.
Que desenvolvêssemos ciência e
tecnologia a serviço do bem-estar e do progresso da humanidade e que,
independente de nossa formação (técnica, graduação e/ou pós), buscássemos
estudar também política, arte, filosofia, história, psicologia, antropologia,
sociologia, mitologia e literatura, entre tantos outros saberes.
Seria conveniente que, altruístas,
contribuíssemos de alguma forma com os desfavorecidos, nos engajando num
projeto de cunho filantrópico.
Que, ao contemplarmos o mar, os pores
do sol e os luares, estivéssemos cônscios de que reveses, tragédias e
infortúnios fazem parte da vida, pois a natureza (physis) é o que é, e nós, de passagem, por instantes fitamos o
infinito.
O ideal seria que, recusando
naturalmente o grotesco, o desmedido e o desarmonioso, fizéssemos uso do “lógos” (ratio) com qual fomos dotados, priorizando a Bondade, a Beleza e a
Justiça, como rogou o maior filósofo de todos os tempos.
Corajosos, que nos erguêssemos por Justiça!
Que não tivéssemos medo de dizer o que pensamos, pois essa é a condição do
escravo; que manifestássemos nossas opiniões – bem fundamentadas, calcadas e
lúcidas –, mas que, antes de criticar aos demais, expiássemos (com “x” mesmo!) nossas
próprias fraquezas.
A fim de combater nossa vã glória (vanitas), perfeito seria se recordássemos
que a decrepitude e a morte são mesmo inevitáveis. E que não fôssemos tão
invejosos quanto a boa Fortuna alheia, pois como diz o provérbio: “Até nas
flores vê-se a diferença de sorte, umas enfeitam a vida; outras enfeitam a
morte”. E, quanto à ganância, lembrássemos de que nunca teremos o suficiente
daquilo que não precisamos.
Que sentíssemos entusiasmo, felicidade
e gratidão pela vida –, uma dádiva! –, compreendendo que a Fé, âmbito privado de
cada alma individual, é mesmo um espanto para a razão!
Independente de todo esse ideal, boa
bússola é a que roga que não devemos fazer aos outros o que não queremos que
façam conosco e –, o cúmulo do ideal, pois é Natal –: que nos amemos uns aos outros, como Ele nos
amou.
Os dois maiores filósofos da Antiguidade: Platão,
segurando sua obra “Timeu” (sobre o Cosmos), aponta o dedo para o alto,
chamando a atenção para o mundo das ideias. E, Aristóteles (manto azul),
discípulo de Platão, com sua mão apontando para o chão carrega a “Ética [a
Nicômaco]”, chamando a atenção para realidade. Detalhe da obra “A Escola de Atenas” (1509/11), do
renascentista Rafael Sanzio. Museu do Vaticano, Roma.
.
Desejo que em 2017 a Ideia de
perfeição (ideal) seja, na medida do possível, perseguida e alcançada, posta em
prática. Boas Festas!
É o Belo, é a contemplação da beleza que nos leva a filosofar. Dedicado ao meu Amor, Marcelo Lamy, que hoje aniversaria. Parabéns! Que o Olimpo nos conceda o destino de Filemôn e Baucis.
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