"A vaidade alheia só
incomoda quando esbarra na nossa". Leandro Karnal
A etimologia da palavra “fama” talvez elucide uma das razões pela qual tantos a perseguem. Em grego “phannum”, significa sagrado e podemos interpretar “phanaí” como sendo o dizer, o expor, o revelar, divulgando, portanto, trazendo a público alguma mensagem de cunho divino.
Em latim, “fáma”, quando
boa, juntamente com poder e prestígio, constituía um dos três
elementos a ser considerado para aferir o
status de um
indivíduo. Obviamente, quem detém fama torna-se famoso.
No entanto, atentemos que a fama – enquanto notoriedade pelo que se traz à público – é dissociado, ou seja, independe de julgamento moral (certo/errado), pois Hitler, por exemplo, foi e é, até hoje, muito famoso.
O eclético panteão de divindades greco-romanas elucida o porquê de perversidades e vilezas também promoverem fama (a má fama!), permitindo a profanação (fora do fannum) dos costumes (mores), pois nem todos os deuses primam pela ordem e a virtude.
Assim, por darem visibilidade a entidades como Éris (deusa da discórdia), a um Dioniso (festivas desordens, o caos e o bacanal) e até mesmo a Ares (Marte), o violento deus da guerra, nos deparamos com registros, postagens e compartilhamentos de imagens e vídeos de decapitações, estupros coletivos e de outras atrocidades deploráveis, o que comprova a heterogeneidade das deidades.
Sabemos que a internet democratizou a fama (boa e/ou má), que carrega em seu bojo a possibilidade concreta e real de propagação imediata do que quer que seja.
No entanto, atentemos que a fama – enquanto notoriedade pelo que se traz à público – é dissociado, ou seja, independe de julgamento moral (certo/errado), pois Hitler, por exemplo, foi e é, até hoje, muito famoso.
O eclético panteão de divindades greco-romanas elucida o porquê de perversidades e vilezas também promoverem fama (a má fama!), permitindo a profanação (fora do fannum) dos costumes (mores), pois nem todos os deuses primam pela ordem e a virtude.
Assim, por darem visibilidade a entidades como Éris (deusa da discórdia), a um Dioniso (festivas desordens, o caos e o bacanal) e até mesmo a Ares (Marte), o violento deus da guerra, nos deparamos com registros, postagens e compartilhamentos de imagens e vídeos de decapitações, estupros coletivos e de outras atrocidades deploráveis, o que comprova a heterogeneidade das deidades.
Sabemos que a internet democratizou a fama (boa e/ou má), que carrega em seu bojo a possibilidade concreta e real de propagação imediata do que quer que seja.
E, na atual frenética Idade
Mídia, uma assanhada, celerada e acelerada horda de bárbaros busca e faz jus
à fama, como apropriadamente nos alertou o filósofo italiano
Umberto Eco (1932-2016): “As mídias sociais deram o direito à
fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar,
depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade (…)
agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio
Nobel.”.
Sem dúvida, o fato da fama estar ao alcance de todos não significa que seja – necessariamente – por por uma razão nobre, salutar e, portanto, algo que se deva perseguir (ou seguir) cegamente, a todo e qualquer custo; sem falar que a fama tem seu preço: o risco de ser denegrido.
Fama torna alguém famoso e, por suscitar inveja, alvo fácil de difamação. Já discorremos sobre a terrível inveja em nosso artigo sobre “Os Sete Pecados Capitais”, publicado AQUI, e no jornal jurídico Carta Forense. Detenhamo-nos, então, à questão da difamação.
Sem dúvida, o fato da fama estar ao alcance de todos não significa que seja – necessariamente – por por uma razão nobre, salutar e, portanto, algo que se deva perseguir (ou seguir) cegamente, a todo e qualquer custo; sem falar que a fama tem seu preço: o risco de ser denegrido.
Fama torna alguém famoso e, por suscitar inveja, alvo fácil de difamação. Já discorremos sobre a terrível inveja em nosso artigo sobre “Os Sete Pecados Capitais”, publicado AQUI, e no jornal jurídico Carta Forense. Detenhamo-nos, então, à questão da difamação.
Difamar, do latim,
“diffamare”,
é tirar a fama, é acusar alguém (com ou sem fundamento) de forma
ofensiva contra sua honra e sua reputação com a intenção
proposital de desacreditá-la diante da opinião pública, mesmo que
para isso valha-se da calúnia, da mentira e da fofoca (sussurratio,
uma das filhas da inveja).
Para que alguém venha a ser alvo de inveja e, consequentemente de más línguas (talvez devêssemos dizer más falanges nos teclados e/ou nas telas), basta que obtenha destaque em alguma esfera ou instância da vida, pois sem proeminência em algo (inteligência, beleza, eloquência, riqueza, talentos, virtudes ou a prosaica e genuína felicidade) não há o que difamar.
Para que alguém venha a ser alvo de inveja e, consequentemente de más línguas (talvez devêssemos dizer más falanges nos teclados e/ou nas telas), basta que obtenha destaque em alguma esfera ou instância da vida, pois sem proeminência em algo (inteligência, beleza, eloquência, riqueza, talentos, virtudes ou a prosaica e genuína felicidade) não há o que difamar.
Alguns acadêmicos brasileiros
têm-se valido da internet e suas múltiplas plataformas para
propagar e disseminar conhecimentos sobre as ideias e ideais de
renomados filósofos, artistas, literatos e intelectuais de
referência, conquistando uma legião de seguidores, alcançando
fama, tornando-se famosos.
Dentre esses, podemos citar os professores universitários Clóvis de Barros Filho, Leandro Karnal, Luiz Felipe Pondé e Mario Sérgio Cortella, só para mencionar alguns doutores que tem encontrado na mídia uma forma de arregimentar muitos fãs atentos e gratos aos seus ensinamentos.
São vaidosos? Sim. Apreciam e capitalizam sobre a fama? Sim, e como concluiu o poeta romano Terêncio (195/185 – 159 a.C.): “Homo sum: nihil humani a me alienum puto (Sou homem: nada do que é humano me é estranho).”.
Surpreende é que até mesmo esses indivíduos, independente do quanto tenham se dedicado aos estudos, se esforçado para a obtenção de suas titulações e se empenhado em suas carreiras acadêmicas, sejam alvos de inveja e, consequentemente, de difamação.
Eles também tem sido vítimas de descabidas e covardes maledicências e são incessante e grosseiramente difamados por anônimos (ou nem tanto) que insistem em lhes comprometer a boa reputação, acusando-os de serem rasos, superficiais, repetitivos. Como bem observou um deles, profira cinco palestras sobre ética a públicos diferentes e constatará que não há como não ser um tanto repetitivo.
Mesmo quando lhes atacam por posturas ou convicções políticas, o fazem não argumentando quanto às ideias, tampouco de forma cortês, mas com impropérios e ofensas, desvirtuam o debate e focam no ser humano que, a despeito de tantas adversidades que todo professor carrega, se propõe a transmitir e defender de forma honesta – muitas vezes apaixonada – suas ideias.
Para seus pares, talvez não haja mesmo novidade no que trazem e, os clássicos aos quais se referem soe como “coleção primeiros passos” para os profundos estudiosos da ciência de Platão.
No entanto, o conteúdo que –, para os demais acadêmicos pode não passar de “beabá” ou mero “verniz” –, para a grande massa de curiosos em torno de seus saberes, está sendo transmitido de forma encantatória (eis o mérito!) e isso tem seu valor.
Dentre esses, podemos citar os professores universitários Clóvis de Barros Filho, Leandro Karnal, Luiz Felipe Pondé e Mario Sérgio Cortella, só para mencionar alguns doutores que tem encontrado na mídia uma forma de arregimentar muitos fãs atentos e gratos aos seus ensinamentos.
São vaidosos? Sim. Apreciam e capitalizam sobre a fama? Sim, e como concluiu o poeta romano Terêncio (195/185 – 159 a.C.): “Homo sum: nihil humani a me alienum puto (Sou homem: nada do que é humano me é estranho).”.
Surpreende é que até mesmo esses indivíduos, independente do quanto tenham se dedicado aos estudos, se esforçado para a obtenção de suas titulações e se empenhado em suas carreiras acadêmicas, sejam alvos de inveja e, consequentemente, de difamação.
Eles também tem sido vítimas de descabidas e covardes maledicências e são incessante e grosseiramente difamados por anônimos (ou nem tanto) que insistem em lhes comprometer a boa reputação, acusando-os de serem rasos, superficiais, repetitivos. Como bem observou um deles, profira cinco palestras sobre ética a públicos diferentes e constatará que não há como não ser um tanto repetitivo.
Mesmo quando lhes atacam por posturas ou convicções políticas, o fazem não argumentando quanto às ideias, tampouco de forma cortês, mas com impropérios e ofensas, desvirtuam o debate e focam no ser humano que, a despeito de tantas adversidades que todo professor carrega, se propõe a transmitir e defender de forma honesta – muitas vezes apaixonada – suas ideias.
Para seus pares, talvez não haja mesmo novidade no que trazem e, os clássicos aos quais se referem soe como “coleção primeiros passos” para os profundos estudiosos da ciência de Platão.
No entanto, o conteúdo que –, para os demais acadêmicos pode não passar de “beabá” ou mero “verniz” –, para a grande massa de curiosos em torno de seus saberes, está sendo transmitido de forma encantatória (eis o mérito!) e isso tem seu valor.
É consenso que no mundo de
hoje, talvez mais que em qualquer outra época, urge que as pessoas
sejam despertadas, que se espantem e se embrenhem na busca e
conquista de conhecimentos que lhes possibilite o desenvolvimento do
pensamento crítico.
Contarmos com mestres que ousam fazer essa ponte – entre a cultura erudita e o público leigo – é uma dádiva que jamais deveria ser desprestigiada.
À todos, sobretudo aos que os invejam (“humano, demasiado humano”, como diria o filósofo alemão Friedrich Nietzsche), a mídia tradicional dispõe de diversos veículos (TV, rádio, jornais e revistas, etc.) e a internet, de infinitas plataformas e janelas.
A perda de tempo e o desgaste ao qual os detratores se expõem, difamando-os inútil e indignamente, poderia ser usado em algo mais eficaz: desenvolvendo e apresentando um trabalho melhor, por exemplo, ou, ao menos, tão razoável quanto o que esses professores famosos têm realizado. A coletividade, todos nós, só temos a ganhar, afinal, fama volat (do latim, a fama voa).
Detalhe sobre a "inveja" (invidia), por Giotto di Bondone:
Contarmos com mestres que ousam fazer essa ponte – entre a cultura erudita e o público leigo – é uma dádiva que jamais deveria ser desprestigiada.
À todos, sobretudo aos que os invejam (“humano, demasiado humano”, como diria o filósofo alemão Friedrich Nietzsche), a mídia tradicional dispõe de diversos veículos (TV, rádio, jornais e revistas, etc.) e a internet, de infinitas plataformas e janelas.
A perda de tempo e o desgaste ao qual os detratores se expõem, difamando-os inútil e indignamente, poderia ser usado em algo mais eficaz: desenvolvendo e apresentando um trabalho melhor, por exemplo, ou, ao menos, tão razoável quanto o que esses professores famosos têm realizado. A coletividade, todos nós, só temos a ganhar, afinal, fama volat (do latim, a fama voa).
Detalhe sobre a "inveja" (invidia), por Giotto di Bondone:
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luciene felix lamy
mitologia@esdc.com.br
3 comentários:
Idade Mídia, adorei!
Que bom, Cynthia!
Acho que usei esse termo pela 1ª vez num texto sobre Foucault...
Zilhões!!!
lu.
Excelente! (bela abordagem e super atual)
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