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1 de dez. de 2008

Homo consummus desenfreorus: est Sapiens?


Amigos, no artigo anterior, abordando a virtude da Prudência em Aristóteles, indiquei-lhes um vídeo que já foi assistido e está sendo debatido por milhões de pessoas em todo o mundo. Trata-se de "The story of stuff" (A história das coisas), de Annie Leonard, disponível nesse Blog. Em cerca de 20 minutos, somos instigados a refletir sobre nosso planeta, as pessoas no mundo e, conseqüentemente, sobre nós mesmos, pois somos seres de e em relação. Considerando que um dos principais objetivos dessa coluna é fomentar o Pensar, nada mais adequado.

Minha audaciosa intenção para o artigo desse mês era abordar a questão da "phronesis" em Platão, ou seja, como a Alma conhece e se dá a conhecer. O que é e onde se instala esse reduto, essa instância da psyché que nos possibilita "ver o todo", ponderar, deliberar e, exercendo a liberdade, enfim escolher. Esse tema é inegavelmente relevante e muitíssimo profundo, sobretudo para a base, a fundação de uma Teoria do Conhecimento (epistéme), ponto nevrálgico e bastante discutido na Filosofia.

Mas ponderei: é fim de ano, época de retrospectivas, de balanços de vida, de festas e, inevitavelmente, de consumo desenfreado.

A questão do consumismo, que vislumbra seu ápice sazonal nesse mês, se impôs como foco. Optei então por transcrever pequeno trecho, apropriadamente intitulado: "Tenha somente o necessário" da sapientíssima obra "Sócrates e a Arte de Viver - um guia para a filosofia no cotidiano", de J.C. Ismael, jornalista, escritor, um dos intelectuais mais atentos e iluminados com quem contamos.

"O homem que se conhece verdadeiramente mediante o exame e a prática da virtude está livre da tentação de possuir bens materiais além dos estritamente necessários para viver. Mas aquele que não tem força suficiente para resistir ao desejo de amealhá-los está no caminho oposto da felicidade: quanto mais tem, mais sente vontade de possuir, numa ânsia ilimitada de satisfazer-se sem o conseguir, pois sempre haverá algo novo para comprar, seja-lhe ou não necessário. Uma pessoa assim está em eterna competição com quem ostenta mais, sem pudor de demonstrar a falta de limite para exibir-se perante os outros, como se a posse desmedida de bens fosse a demonstração de superioridade perante eles. Mas essa superioridade é ilusória, constatada por quem algum dia conhecerá a inutilidade da sua ganância, afundando na tristeza que ela lhe trouxe.

Contentar-se com o que possui está entre os mandamentos de viver bem; e, diante das múltiplas ofertas ao seu dispor, alegrar-se por não precisar de nenhuma delas: as coisas indispensáveis são sempre muito poucas. A tentação de possuí-las, porém, pode ser forte, mas quem a ela resiste deve vangloriar-se de ter derrotado esse impulso - o mesmo que o leva a consumir-se em paixões sensuais - , alcançando a vitória sobre si mesmo. O desejo de possuir coisas inúteis faz parte daquilo que a natureza humana tem de misterioso, pois enquanto a razão mostra que elas são desnecessárias, um impulso nascido em tempos imemoriais impele a possuí-las cada vez mais, num processo difícil de ser interrompido.

À obsessão de possuir muitos e quase sempre inúteis bens liga-se naturalmente outra, igualmente prejudicial: a vaidade. Pouca coisa pior pode acontecer a uma pessoa do que ser dominada pela vaidade, a insidiosa inimiga de uma vida virtuosa. Além disso, o vaidoso desconhece a própria ignorância, e sequer se dá ao trabalho de disfarçá-la porque lhe faltam qualidades como a temperança e a sabedoria, sobrando-lhe os defeitos do egoísmo e da importância indevida que se dá. O vaidoso nutre-se das coisas que possui e que exibe na falta de possuir uma importância maior que ilusoriamente pretende ter. O vaidoso não tem amigos verdadeiros porque também não pode sê-lo, pois o que lhe importa é exibir seus bens materiais - que, por consistirem sua razão de viver, são irrelevantes para quem procura no outro uma comunhão espiritual, muito diferente da que o vaidoso pode oferecer".

Àqueles para os quais PIB não é tudo, havendo de se considerar também o FIB (Felicidade Interna Bruta)*, disponibilizei mais trechos dessas preciosas "lições de socratismo" e também uma lista de "luxos que não tem preço", em meu Blog.

Encerro desejando a todos vocês amigos, um luminoso rito de Pax, Felix, que o ano vindouro seja pontilhado de realizações éticas no mundo da práxis e de profícuas reflexões filosóficas aqui, na Carta Forense.

Saiba mais:

Ismael, J.C. - Sócrates e a arte de viver - São Paulo, SP. Editora Ágora, 2004.

(*) Felicidade Interna Bruta (FIB) ou Gross National Happiness (GNH) é um conceito de desenvolvimento social criado em contrapartida ao
Produto Interno Bruto (PIB). O termo foi cunhado pelo rei do Butão Jigme Singye Wangchuck em 1972 em resposta a críticas que diziam que a economia do seu país crescia miseravelmente. Essa declaração assinalou seu compromisso de construir uma economia adaptada à cultura do país, baseada nos valores espirituais budistas. Assim como diversos valores morais, o conceito de Felicidade Interna Bruta é mais facilmente entendido a partir de comparações e exemplos que definido especificamente.

Enquanto os modelos tradicionais de desenvolvimento primam pelo crescimento econômico como objetivo primordial, o conceito de FIB se baseia no princípio de que o verdadeiro desenvolvimento de uma sociedade humana se dá quando o desenvolvimento espiritual e o material acontecem lado a lado, complementando e reforçando um ao outro. Os quatro pilares da FIB são a promoção de desenvolvimento sócio-econômico sustentável e igualitário, a preservação e a promoção de valores culturais, a conservação do meio-ambiente natural e o estabelecimento de boa governança (Fonte Wikipédia).
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Eis que a Sabedoria reina, mas não governa, por isso, quem pensa (no todo) precisa voltar para a caverna, alertar aos amigos. Nós vamos achar que estais louco, mas sabes que cegos estamos nós, prisioneiros acorrentados à escuridão da caverna.

Abordo "O mito da caverna", de Platão - Livro VII da República.

Eis o télos (do grego: propósito, objetivo) da Filosofia e do filósofo. Agir na cidade. Ação política. Phrônesis na Pólis.

Curso de Mitologia Grega

Curso de Mitologia Grega
As exposições mitológicas explicitam arquétipos (do grego, arché + typein = princípio que serve de modelo) atemporais e universais.

Desse modo, ao antropomorficizarem os deuses, ou seja, dar-lhes características genuinamente humanas, os antigos revelaram os princípios (arché) de sentimentos e conflitos que são inerentes a todo e qualquer mortal.

A necessidade da ordem (kósmos), da harmonia, da temperança (sophrosyne) em contraponto ao caos, à desmedida (hýbris) ou, numa linguagem nietzschiana, o apolíneo versus o dionisíaco, constitui a base de toda antiga pedagogia (Paidéia) tão cara à aristocracia grega (arístois, os melhores, os bem-nascidos posto que "educados").

Com os exponenciais poetas (aedos) Homero (Ilíada e Odisséia), Hesíodo (A Teogonia e O trabalho e os dias), além dos pioneiros tragediógrafos Sófocles e Ésquilo, dispomos de relatos que versam sobre a justiça, o amor, o trabalho, a vaidade, o ódio e a vingança, por exemplo.

O simples fato de conhecermos e atentarmos para as potências (dýnamis) envolvidas na fomentação desses sentimentos, torna-nos mais aptos a deliberar e poder tomar a decisão mais sensata (virtude da prudencia aristotélica) a fim de conduzir nossas vidas, tanto em nossos relacionamentos pessoais como indivíduos, quanto profissionais e sociais, coletivos.

AGIMOS COM MUITO MAIS PRUDÊNCIA E SABEDORIA.

E era justamente isso que os sábios buscavam ensinar, a harmonia para que os seres humanos pudessem se orientar em suas escolhas no mundo, visando atingir a ordem presente nos ideais platônicos de Beleza, Bondade e Justiça.

Estou certa de que a disseminação de conhecimentos tão construtivos contribuirá para a felicidade (eudaimonia) dos amigos, leitores e ouvintes.

Não há dúvida quanto a responsabilidade do Estado, das empresas, de seus dirigentes, bem como da mídia e de cada um de nós, no papel educativo de nosso semelhante.

Ao investir em educação, aprimoramos nossa cultura, contribuimos significativamente para que nossa sociedade se torne mais justa, bondosa e bela. Numa palavra: MAIS HUMANA.

Bem-vindos ao Olimpo amigos!

Escolha: Senhor ou Escravo das Vontades.

A Justiça na Grécia Antiga

A Justiça na Grécia Antiga

Transição do matriarcado para o patriarcado

A Justiça nos primórdios do pensamento ocidental - Grécia Antiga (Arcaica, Clássica e Helenística).

Nessa imagem de Bouguereau, Orestes (Membro da amaldiçoada Família dos Atridas: Tântalo, Pélops, Agamêmnon, Menelau, Clitemnestra, Ifigênia, Helena etc) é perseguido pelas Erínias: Vingança que nasce do sangue dos órgãos genitais de Ouranós (Céu) ceifado por Chronos (o Tempo) a pedido de Gaia (a Terra).

O crime de matricídio será julgado no Areópago de Ares, presidido pela deusa da Sabedoria e Justiça, Palas Athena. Saiba mais sobre o famoso "voto de Minerva": Transição do Matriarcado para o Patriarcado. Acesse clicando AQUI.

Versa sobre as origens de Thêmis (A Justiça Divina), Diké (A Justiça dos Homens), Zeus (Ordenador do Cosmos), Métis (Deusa da presciência), Palas Athena (Deusa da Sabedoria e Justiça), Niké (Vitória), Erínias (Vingança), Éris (Discórdia) e outras divindades ligadas a JUSTIÇA.

A ARETÉ (excelência) do Homem

se completa como Zoologikon e Zoopolitikon: desenvolver pensamento e capacidade de viver em conjunto. (Aristóteles)

Busque sempre a excelência!

Busque sempre a excelência!

TER, vale + que o SER, humano?

As coisas não possuem valor em si; somos nós que, através do nôus, valoramos.

Nôus: poder de intelecção que está na Alma, segundo Platão, após a diânóia, é a instância que se instaura da deliberação e, conforme valores, escolhe. É o reduto da liberdade humana onde um outro "logistikón" se manifesta. O Amor, Eros, esse "daimon mediatore", entre o Divino (Imortal) e o Humano (Mortal) pode e faz a diferença.

Ser "sem nôus", ser "sem amor" (bom daimon) é ser "sem noção".

A Sábia Mestre: Rachel Gazolla

A Sábia Mestre: Rachel Gazolla

O Sábio Mestre: Antonio Medina Rodrigues (1940-2013)

O Sábio Mestre: Antonio Medina Rodrigues (1940-2013)

Você se sentiu ofendido...

irritado (em seu "phrenas", como diria Homero) ou chocado com alguma imagem desse Blog? Me escreva para que eu possa substituí-la. e-mail: mitologia@esdc.com.br