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1 de ago. de 2018

Magnificência – a virtude de saber-se digno de honra

“(...) olhar menos à verdade do que à opinião dos outros, é próprio de um covarde. ” Aristóteles

Segundo Aristóteles, megalopsykhia (a magnanimidade, o apreço, o alto apreço) é a postura correta em relação ao maior dos bens exteriores, a saber, a honra.
Franco e verdadeiro, levando os outros em consideração, magnânimo é quem age de acordo com a areté (excelência).
Versemos sobre essa disposição de caráter que, quando em faltarevela indevida humildade, quando em excessodemonstra vaidade.
Sendo a honra, a finalidade comum de todas as virtudes, indubitavelmente honroso, o magnificente inspira o que tantos desejam, a saber, admiração.
Comumente, deter poder e riqueza confere distinção, e é na explicitação (no uso e emprego) disso que vários intentam angariar admiração. Muitos honram quem possui poder e riqueza, mas só merece ser honrado o ser humano bom, pois dispor desses atributos sem ser virtuoso não têm por que alimentar a pretensão de fazer jus ao epíteto de “magnânimo”, o que implica numa virtude perfeita.
Quanto às posses, as atitudes em relação aos gastos têm sido reveladoras dos princípios e dos valores que permeiam a vida dos indivíduos.
Extravagantes, os vaidosos se exibem, não por terem em vista a honra, mas por pensar que ao ostentar riquezas serão admirados. Ponderemos o quão longe estão da genuína magnanimidade.
Espíritos que têm a si mesmo em altíssimo apreço não ambicionam as coisas vulgarmente acatadas, pois, dotados de um caráter que basta a si mesmo, a pessoa verdadeiramente magnânima se arroga o que corresponde aos seus méritos, ao que não pode ser comprado, que sequer tem preço, mas elevado valor.
Altivo, possuidor de bom e nobre caráter, seria indecoroso para um indivíduo magnânimo fugir ao perigo, praticar atos vergonhosos, incorrer em injustiça.
É sobretudo por honras e desonras que o magnânimo se interessa, e as honras que forem grandes e conferidas por homens bons, ele as receberá com moderado prazer, mas as honras que procedem de pessoas quaisquer e por motivos insignificantes, ele as desprezará, visto não ser isso o que merece.
Quem aspira à magnanimidade irá se conduzir com moderação no que diz respeito ao poder, à riqueza e a toda boa ou má fortuna que lhe advenha, e não exultará excessivamente com a boa fortuna nem se abaterá com a má sorte.
O homem magnânimo despreza respaldado em julgamento justo, mas os ordinários o fazem sem que haja motivo sério.
É magnânimo saber que há condições em que não vale a pena viver. É também característico de quem faz jus à magnanimidade não pedir nada ou quase nada, mas prestar auxílio de muito bom grado. E adotar uma atitude digna em face das pessoas que desfrutam de alta posição e são favorecidas pela boa fortuna.
É coisa difícil e grande marca de altivez mostrar-se superior aos de classe elevada, embora seja fácil com os de classe mediana.
Sem dúvida, uma conduta altiva ao se relacionar com pessoas superiores em poder e riqueza não é sinal de má educação, mas altivez diante dos humildes é vulgar, afirma o Estagirita.
À magnanimidade convém sermos francos em nossos ódios e amores, falarmos e agirmos abertamente: “(...) ocultar os seus sentimentos, isto é, olhar menos à verdade do que à opinião dos outros, é próprio de um covarde. ”. A franqueza do magnânimo provém de certo desdém por miudezas.
Por não ser escravo de ninguém, é incapaz de fazer com que sua vida gire em torno de outro (coisa de aduladores, que sequer respeitam a si próprios) e não guarda rancor por ofensas que lhe façam, prefere relevá-las.
É avesso a maledicências e conversas fúteis, pois não fala sobre si mesmo nem sobre os outros e tampouco fica alardeando seus feitos. Também não sucumbe aos elogios que lhe fazem. A tranquilidade paira sobre as atitudes, a fala e o modo de portar-se de uma pessoa verdadeiramente magnânima, pois quem costuma levar poucas coisas a sério em nada se apressa.
Como afirmamos no início, quem está aquém da magnanimidade é indevidamente humilde, e quem o ultrapassa é vaidoso. Ponderemos sobre esses extremos.
As pessoas vaidosas aventuram-se a honrosos empreendimentos que não tardam a denunciá-las pelo que são. Adornam-se com belas roupas, ares afetados e coisas que tais, desejam que suas boas fortunas se tornem públicas, tomando-as para assunto de conversa, como se desejassem ser honrados por causa delas.
É vaidoso aquele que se julga digno de grandes coisas sem possuir qualidades para tanto. Desdenhosos e insolentes, sem virtude não é fácil carregar com elegância os bens da fortuna, pondera o filósofo.
Vaidosas, exibidas, essas pessoas costumam se julgar superiores aos demais, desprezando-os, proceder como virtuosos está fora de seu alcance, embora imitem o homem magnânimo, excedem em relação aos méritos próprios.
Em contrapartida, é indevidamente humilde, diz Aristóteles, o homem que se julga menos merecedor do que realmente é. Se comparado às pretensões do magnânimo, a pessoa indevidamente humilde revela-se deficiente em confronto com os seus méritos próprios.
O que é digno de coisas boas e ainda assim, indevidamente humilde, está roubando de si mesmo daquilo que merece, e parece ter algo de censurável porque – excessivamente modesto –  não se julga digno de boas coisas e também parece não se conhecer, do contrário desejaria as coisas que merece.
Ambas disposições de caráter são típicas de tolos, no entanto, são vícios que, ainda que equivocados e um tanto indecorosos, não desonram ninguém, até porque nem são nocivas aos demais. Contudo, a humildade indébita se opõe ainda mais à magnanimidade do que a vaidade, tanto por ser mais comum como por ser ainda pior: “Quem se considera indigno de nobreza e riqueza irá se abster de ações e empreendimentos nobres.”.
Mas a pessoa verdadeiramente magnânima, visto merecer mais do que os outros, deve ser boa no mais alto grau, pois o melhor sempre merece mais, e o melhor de todos é o que mais merece, conclui o filósofo.

Referência Bibliográfica: A Ética a Nicômaco - Aristóteles
Luciene Felix Lamy
Profª de Filosofia e Mitologia Greco-romana
Instagram: lufelixlamy
WhatsApp: (13)98137-5711

5 comentários:

Gloria Jane Melo disse...

Leitura inspiradora. Para ler e reler.

Marcella Lanner disse...

Que beleza de texto ! Como sempre me fez pensar .

NinaAlvarenga disse...

Muito gratificante a leitura.

http://drsaudemasculina.com/ disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
https://www.saudemasculina.eu.org/ disse...

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Eis que a Sabedoria reina, mas não governa, por isso, quem pensa (no todo) precisa voltar para a caverna, alertar aos amigos. Nós vamos achar que estais louco, mas sabes que cegos estamos nós, prisioneiros acorrentados à escuridão da caverna.

Abordo "O mito da caverna", de Platão - Livro VII da República.

Eis o télos (do grego: propósito, objetivo) da Filosofia e do filósofo. Agir na cidade. Ação política. Phrônesis na Pólis.

Curso de Mitologia Grega

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As exposições mitológicas explicitam arquétipos (do grego, arché + typein = princípio que serve de modelo) atemporais e universais.

Desse modo, ao antropomorficizarem os deuses, ou seja, dar-lhes características genuinamente humanas, os antigos revelaram os princípios (arché) de sentimentos e conflitos que são inerentes a todo e qualquer mortal.

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Com os exponenciais poetas (aedos) Homero (Ilíada e Odisséia), Hesíodo (A Teogonia e O trabalho e os dias), além dos pioneiros tragediógrafos Sófocles e Ésquilo, dispomos de relatos que versam sobre a justiça, o amor, o trabalho, a vaidade, o ódio e a vingança, por exemplo.

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Bem-vindos ao Olimpo amigos!

Escolha: Senhor ou Escravo das Vontades.

A Justiça na Grécia Antiga

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Versa sobre as origens de Thêmis (A Justiça Divina), Diké (A Justiça dos Homens), Zeus (Ordenador do Cosmos), Métis (Deusa da presciência), Palas Athena (Deusa da Sabedoria e Justiça), Niké (Vitória), Erínias (Vingança), Éris (Discórdia) e outras divindades ligadas a JUSTIÇA.

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